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Estado de Minas RASGANDO O VERBO

Em defesa dos palavrões

Os palavrões estão à nossa disposição, para que façamos um bom uso deles. Um 'PQP' bem falado pode aliviar mais do que uma sessão de terapia


postado em 15/06/2020 04:00

Você há de concordar comigo: os palavrões ocupam, sim, um lugar sagrado no nosso dia a dia

Circula, na internet, um vídeo em que Chico Anysio cria teorias e faz piadas sobre o poder dos palavrões. Em um stand-up comedy, ele pontua a sonoridade do “Vai se foder!”, comemora a efetividade do “Nem fodendo!” e enaltece a força do advérbio de intensidade “pra caralho”. Realmente, há momentos em que só o palavrão resolve, brilhante Chico. 

Acalme-se, puritano leitor. Nunca fui a favor da utilização de palavrões em brigas e em atritos. Pelo contrário: acho chiquíssimo (chiquérrimo não existe, já lhe falei?) quando tenho a oportunidade de abusar não somente do meu requintado vocabulário, mas também das minhas barrocas construções sintáticas para, indiretamente, mandar a pessoa àquele lugar.

Entretanto, você há de concordar comigo: os palavrões ocupam, sim, um lugar sagrado no nosso dia a dia. Ou vai me dizer que, ao esfolar o dedão do pé no chão, você prefere gritar “carambola!” a gritar “c@r+%#o!”? Fora os momentos de felicidade. Imagine-se recebendo a notícia de que acabou de ganhar na loteria. Você vai berrar um sonoro e estrondoso “PQP!!!!!” ou um insosso e insípido “Que legal!!!!”? Talvez você prefira as interjeições religiosas, como “Meu Deus!” e “Jesus!”, o.k. Mas isso é assunto para outro artigo.

“Ah, acho palavrão uma coisa muito feia. Evito ao máximo.” Justamente. Se você evita, meu pseudopudico leitor, é sinal de que proferir palavrões lhe confere uma espécie de alívio, de refresco, de consolo. “Aqui em casa não deixo ninguém falar”, vocifera a mãe de família. Ora, enquanto os seus herdeiros forem crianças, não lhe faltará o controle do vernáculo filial, mas adianto-lhe: o seu tempo de censura está contado. Quanto ao seu marido, se você detém o controle do linguajar do pobre coitado, eu apenas posso lamentar. Por você e por ele.

Bem, o que eu quis dizer, leitor, é que os palavrões estão à nossa disposição, para que façamos um bom uso deles. E, muitas vezes, despender forças hercúleas com autocensuras torna-se tarefa inglória, enfadonha e contraproducente. Afinal de contas, um “PQP” bem falado pode aliviar mais do que uma sessão de terapia. Então, sim, este texto tem o objetivo defender os palavrões. Alguém, além do fodástico Chico Anysio, precisava fazer isso.

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