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Estado de Minas CARLOS STARLING

Vacina para crianças: a controvérsia e a arrogância

A 'controvérsia e a arrogância' estão sendo criadas e amplificadas pela desinformação


26/12/2021 21:57 - atualizado 26/12/2021 21:59

Pessoa com vacina nas mãos
Os critérios para introdução de uma vacina num programa público não se resumem ao número de mortes relacionadas à doença contra a qual se deseja uma intervenção (foto: Niklas HALLE'N / AFP )
Não há controvérsia nem arrogância sobre a informação científica acurada que já temos em mãos sobre a vacinação pediátrica pra previnir COVID-19: esta vacina foi testada rigorosamente em ensaios clínicos randomizados, controlados com placebo, duplo-cegos, fases 1, 2, 3, e demonstrou alta segurança e eficácia de 91%. 

Depois dos estudos terem sido completados, os dados foram revisados, reanalisadas, e verificados independentemente pelos técnicos do FDA, e posteriormente revisados de novo pelo comitê de especialistas externo ao FDA. Ambos votaram para a aprovação.
 
Depois disso foi para o CDC, que através de outro comitê de especialistas diferentes do CDC, o ACIP, revisou e aprovou. 

O governo americano aceitou a decisão científica do FDA, CDC, e dos outros dois comitês externos, e prontamente começou uma campanha enorme de vacinação pediátrica com o objetivo de oferecer e facilitar o acesso a todas as crianças vulneráveis ao Covid-19. 

Neste momento, mais de 7 milhões de crianças já foram vacinadas nos EUA, e o CDC continua seguindo e confirmando a segurança e efetividade desta vacina. Nenhuma criança foi a óbito pela vacina, a maioria dos efeitos colaterais foram leves e transitórios, e nenhum efeito colateral foi mais frequente ou mais severo que os efeitos da infeção com Covid-19.

Além disso, todas as sociedades médicas pediátricas e de infectologia americanas, sem exceção, também reavaliaram os dados dos estudos, cada uma com seus comitês de especialistas, e concordaram unanimemente com a recomendação da vacina pediátrica. 

Importante lembrar que todos estes comitês que citei acima foram compostos de equipes multidisciplinares (infectologistas, epidemiologistas, virologistas, imunologistas, farmacêuticos, enfermeiras e especialistas de várias outras áreas), o que é muito relevante para se fazerem recomendações mais precisas e de maior benefício a população numa situação complexa como a pandemia.

A controvérsia (falta de dados/rapidez demais=fake news), e a arrogância (negar/dificultar a vacina a crianças vulneráveis quando a evidência científica já demonstrou segurança e efetividade em milhões de crianças) são produtos da desinformacao.

Não há controvérsia nem arrogância sobre a informação científica acurada de que a vacina pediátrica é segura e efetiva, previne hospitalizações e mortes por COVID-19, alem de evitar o COVID longo que tem afetado milhares de crianças e comprometido a educação e participação escolar. 

Essa é a informação científica verídica que precisa ser comunicada com transparência aos pais para que eles façam uma decisão informada para o maior benefício das suas crianças.
 
Os critérios para introdução de uma vacina num programa público não se resumem ao número de mortes relacionadas à doença contra a qual se deseja uma intervenção. Por exemplo, gripe, diarreia por rotavírus, varicela, hepatite A, entre outras doenças, faziam menos vítimas do que a  COVID-19  em pediatria e não hesitamos em recomendar a vacinacao contra todas essas doenças.
 
Vacina-se para prevenir hospitalizações, sequelas, uso de antibióticos, visitas aos serviços de saúde, ocupação de leitos em UTI, entre outros. Lembrar que a perda de uma vida de uma criança tem um significado muito maior que a de adulto, em cálculos de fármaco economia, conceitua-se como anos de vida perdidos.
 
Além de tudo isso, o aspecto da proteção indireta, reduzindo casos secundários é sempre considerado. Acho que temos justificativas éticas, epidemiológicas, sanitárias e de saúde pública que justificam a vacinação da população pediátrica, desde que, claro, com vacinas que demonstrem segurança e eficácia comprovada por nossa agência regulatória.

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