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Estado de Minas PADECENDO

Religião

A crença de cada um não diz respeito a terceiros. Respeito as escolhas das pessoas, mesmo não sendo escolhas iguais às minhas


12/12/2021 04:00 - atualizado 13/12/2021 07:40


religião
religião (foto: Depositphotos)


Gosto de conversar sobre religião com quem quer debater, ouvir, ser ouvida. O problema é que a maioria das pessoas quer impor suas crenças e, pior, tem pessoas que insistem em juntar religião com política. Se tem uma mistura que sempre dá errado é essa mistura. Duas coisas que a gente deveria discutir, mas sem misturar para não virar imposição.

Fui batizada, fiz a primeira comunhão, estudei em colégio católico, fui do grupo de jovens da igreja. Li vários livros espíritas, tomei passe, frequentei centros. Apesar de ter estudado por anos em um colégio jesuíta, escolhi o caminho que quis seguir. Aprendi a pensar e a tirar minhas próprias conclusões. Entendi que mudar de ideia é coisa de gente inteligente. E que ter certeza demais é idiotice.
 
Não gosto da forma como crenças religiosas são usadas para aceitarmos injustiças, ou para tirar a nossa responsabilidade e passá-la para Deus. A gente pode ter fé, mas não pode esquecer da autorresponsabilidade.

Eu tive câncer, um tumor surgiu no meu corpo. Isso não foi castigo de Deus, algo em mim levou aquelas células a sofrerem mutações. Eu fiz o tratamento acreditando na medicina e tive fé na cura.

Minha amiga teve um filho com deficiência, ele não é um anjo, ela não é uma guerreira que foi escolhida por Deus para cuidar daquela criança “especial”. Ela é uma mãe que precisa de mais apoio que a maioria das mães, não é um ser abençoado que consegue lidar com tudo sozinha.

Um parente morre, uma pessoa te diz:

“Que Deus conforte seu coração.”

Como quem diz, eu não posso fazer nada por você, mas você pode contar com Deus. Que tal dizer: “Eu estou aqui para te apoiar! Conte comigo!”.

Sem passar a bola, que é sua, para Deus. E se a pessoa tiver outra religião? Ou se for ateu? E se ela quiser apenas que você se importe?

Leitores já questionaram sobre minha religião. Fui madrinha de batismo e de casamento católicos, durante o tratamento contra o câncer entrei para o coral da escola do meu filho, cantei numa missa e cantei na apresentação de Natal. Estive em eventos da comunidade judaica. Acho interessantíssimas as religiões afro-brasileiras, sempre gostei de celebrar o dia de São Cosme e Damião. Respeito o islamismo, o hinduísmo, curto o budismo. Sigo o pastor Henrique Vieira, da Igreja Batista do Caminho, nas mídias sociais, gosto do papa Francisco.

Qual a minha crença? Eu tenho fé?

A crença de cada um não diz respeito a terceiros. Respeito as escolhas das pessoas, mesmo não sendo escolhas iguais às minhas. Só não respeito a intolerância, o fanatismo, o extremismo, a imposição. O cristianismo pode ser a doutrina com mais adeptos no mundo, mas não é a única.

Impróprio é hipocrisia, censura, mentira, discurso de ódio e tudo aquilo que reprime a liberdade de pensamento. Doutrinação é não deixar que as pessoas conheçam ideias diferentes da sua. Impróprio é usar a religião para invalidar a ciência.

Impróprio é usar Deus para reprimir, excluir, julgar, discriminar. Impróprio é misturar religião e política num Estado laico, onde todas as crenças devem ser respeitadas.


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