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Estado de Minas ANNA MARINA

Cannabis sativa ganha espaço na economia mundial

Segmento que utiliza a planta da maconha deve atingir ganho global de US$ 55,3 bilhões em 2024, aponta estudo


13/03/2023 04:00 - atualizado 13/03/2023 01:28

Enfermeira segura dois frascos de medicamentos tailandeses à base de canabidiol
Enfermeira segura frascos de medicamentos tailandeses à base de canabidiol (foto: Mladen Antonov/AFP)

Já contei aqui, mas gosto sempre de repetir a história da plantação de maconha que nasceu no quintal de nossa casa, no Bairro Santo Antônio. Minha irmã mais nova viu uns moleques colocando uns pacotes nos buracos do muro da escola em frente. Colocaram os pacotes e se mandaram. Ela foi lá, pegou um pacote e levou para casa.

 

Minha mãe quis saber o que era, mas como ninguém sabia, ela jogou o negócio no cercado onde ficavam as galinhas. Passados uns dias, as galinhas começaram a ficar doidonas, avançando umas nas outras, totalmente malucas. A vizinha foi assuntar e fez logo o diagnóstico: as galinhas estavam doidonas porque comiam a maconha que cresceu no galinheiro.

 

Eu tinha ido almoçar com dois amigos – era domingo –, e um deles fez logo o comentário: “Vocês estão plantando maconha aqui?”. A casa toda estava com cheiro de maconha.

 

Nos Estados Unidos, o cultivo de Cannabis sativa é permitido em alguns lugares para produção medicinal e até em algumas casas. Por aqui, a confusão é total, apesar de se saber que a planta é matéria-prima para cerca de 5 mil tipos de produtos com potencial para alimentar 21 setores diferentes da economia

 

Trata-se de um vegetal muito mais rico do que se imagina, indo além do canabidiol (CBD) e do tetrahidrocanabinol (THC). Estima-se que existam cerca de 50 mil tipos de usos oriundos da planta. Não é à toa que cerca de 90 países estão lidando com mudanças de legislação para acomodar seu uso.

 

“A legalização da Cannabis vai além da medicina. A indústria farmacêutica, por exemplo, já vem explorando as propriedades antioxidantes da erva em diversos segmentos”, aponta Kathleen Fornari, CEO e sócia-fundadora da Anna Medicina Endocanabinoide, startup brasileira criada para desburocratizar o acesso à Cannabis medicinal no país.

 

Com a abertura em relação a remédios à base de canabidiol, vários gigantes da indústria passaram a produzir cosméticos com CBD, principalmente nos Estados Unidos, entre eles L’Oreal, Tresemmé e Avon, da brasileira Natura, com o óleo facial Green Goddess.

 

Na moda, já é possível encontrar roupas fabricadas com o caule e as fibras do cânhamo, que tem origem na Cannabis sativa.

 

“O cânhamo oferece material resistente e respirável, ideal para a fabricação de roupas. Além disso, por necessitar de menos água e pesticidas para ser cultivado, gera um apelo sustentável”, diz Kathleen Fornari.

 

Desde 2013, a Levi’s usa essa matéria-prima para itens selecionados.

 

O cânhamo também está presente em outros mercados. A multinacional Colgate produz creme dental feito com o óleo da semente da planta. Na indústria automobilística, a Ford conta com carros com estrutura à base de cânhamo, considerada superior à fibra de vidro. Em 2021, a Federação Internacional de Automobilismo autorizou carros construídos com fibras da planta na Fórmula 1.

 

O relatório “Cannabis – Pesquisa, inovação e tendências de mercado”, divulgado em 2021, desenha o panorama e avalia tendências do setor nos âmbitos científico e de negócios. De acordo com o estudo, o segmento deve atingir ganho global de US$ 55,3 bilhões em 2024. Só a América Latina deve responder por US$ 824 milhões.

 

“O CBD é um óleo com propriedades terapêuticas reconhecidas. Contudo, produtos à base de Cannabis ainda são encarados como tabu (no Brasil), o que se reflete em uma legislação bastante conservadora quando comparada à de países da Europa, Estados Unidos e Canadá”, ressalta Kathleen Fornari.

 

Atualmente, apenas 23 produtos com CBD são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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