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Estado de Minas ANNA MARINA

11 de Setembro: um dia para jamais esquecer

Eu estava em Paris quando o atentado ocorreu. Do quarto do hotel, acompanhei durante uma semana o noticiário sobre a devastação


07/09/2021 04:00 - atualizado 07/09/2021 07:18

Ataques, incluindo o das Torres Gêmeas em Nova York, deixaram quase 3 mil mortos
Ataques, incluindo o das Torres Gêmeas em Nova York, deixaram quase 3 mil mortos (foto: History/divulgação)
Uma bela manhã de setembro, aproveitamos o céu azul de Paris e fomos dar um bordejo pelas livrarias à margem do Sena, seguindo a pé a partir de nosso hotel no Boulevard Saint Germain. Seguimos o programa com calma, até que batemos bem perto de um restaurante que tínhamos muita vontade de conhecer por causa dos vidros das janelas desenhados com belos motivos. Chegamos ao restaurante ainda cedo, mas ainda deu para aproveitar a história da casa, colocada em pequenos textos nas mesas.

O restaurante era famoso, porque ficava em frente a uma casa de tolerância e os maridos, fugidos, fingiam que iam almoçar, mas iam mesmo é dar uma volta com as “madames” que estavam à disposição. Voltamos a pé para o hotel e, na portaria, o pessoal nos deu uma notícia aterradora: as famosas Torres Gêmeas de Nova York tinham sido destruídas por aviões.

Corremos para o quarto e, durante o resto da semana desse 11 de setembro de 2001, assistimos a uma Paris livre de americanos, que voltaram para casa ou se resguardaram nos hotéis. Esse foi o dia considerado o mais obscuro da maior cidade dos Estados Unidos, após os atentados que deixaram quase 3 mil mortos.

Um dos participantes da tragédia, especialista em seguros, estava em uma reunião no 105º andar da torre da frente, o edifício sul do World Trade Center  (WTC), e disse à AFP que ninguém "viu nada, nem sentiu nada, só a luz falhou". Pouco antes das 8h, 19 jihadistas, a maioria da Arábia Saudita, embarcaram em quatro aviões nos aeroportos de Boston, Washington e Newark. Levavam facas, então permitidas se a lâmina fosse menor que 10cm.

No Sul de Manhattan, centenas de trabalhadores já estavam em seus escritórios em Wall Street, onde ficavam as Torres Gêmeas de 115 metros de altura, quando, às 8h, o voo 11 da American Airlines, que tinha decolado de Boston com destino a Los Angeles, sequestrado por cinco jihadistas, se chocou entre os andares 93 e 96 da Torre Norte. Os 87 passageiros e tripulantes morreram na hora, assim como centenas das 50 mil pessoas que trabalhavam no WTC, símbolo do poderio econômico americano.

Na entrevista que deu à AFP, o americano que se salvou conta que, ao chegar ao 31º andar, viu um punhado de companheiros de infortúnio e bombeiros e socorristas que corriam escadas acima. "Seus olhares demonstravam; sabiam que não voltariam", disse. Ele demorou cerca de 50 minutos até chegar ao térreo e depois caminhou na direção norte com um colega em meio aos escombros, quando de repente ouviu o barulho ensurdecedor do desmoronamento da Torre Sul, às 9h59. Quase instantaneamente, ouviu-se "o grito de dezenas de milhares de pessoas" em pânico, testemunhas da tragédia, transmitida ao vivo pela TV para todo o mundo. Estima-se que entre 50 e 200 pessoas tenham pulado ou caído das duas torres.

Um dos entrevistados pela agência de notícias francesa foi Al Kim, um paramédico de 37 anos que se preparava para receber os feridos no Hotel Marriott, em frente ao WTC, quando ouviu um ruído estrondoso e se atirou debaixo de uma caminhonete estacionada sob uma ponte para se proteger. A Torre Sul estava desabando, em 10 segundos, matando mais de 800 civis e socorristas que estavam na área. A nuvem de poeira era tão grande que Kim ficou na escuridão total. "Não posso acreditar que vou morrer assim", pensou. Quando conseguiu sair dali, "tão longe quanto a vista alcançava, a devastação era total", lembrou.

"Não conseguia respirar de tão ácido que o ar era. Lembro-me de usar minha camiseta para tapar a boca. Não conseguia ver minhas mãos junto ao meu rosto", contou quase 20 anos depois daquele dia, ao percorrer, emocionado, pela primeira vez, a esplanada do Museu e Memorial do 9/11, perto da ponte que podia ter desmoronado, mas se manteve firme e salvou sua vida.Com os olhos feridos, sobrancelhas e vias respiratórias queimadas e o corpo encoberto por uma grossa camada de cinzas, ele ouviu a voz de dois colegas, os localizou e os três se deram as mãos "como meninos de escola". Assim avançaram na escuridão total, entre escombros e chamas. Eles escutavam alarmes que soavam sem parar. Não sabiam ainda, mas eram os sensores de dezenas de bombeiros soterrados sob os escombros, que se ativam quando não há movimento durante um certo tempo.

O paramédico Al Kim permaneceu entre os escombros das torres até a noite, quando uma ambulância o levou até seu trabalho, no Brooklyn. Ele dirigiu para casa ainda coberto de poeira dos pés à cabeça por ruas completamente desertas, com as luzes de emergência no teto do carro para que não fosse parado pela polícia. Ao chegar, se emocionou. "Era muito tarde, no meio da noite. Tomei um banho. E, no dia seguinte, cedo, estava de volta. Tinha muito o que fazer e muitos funerais para ir."

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