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É preciso cultivar a paciência nestes tempos de isolamento social

Tenho procurado me dividir entre ocupações domésticas %u2013 aquela história chatíssima de arrumar armários %u2013, procurar relíquias sumidas, leituras e TV


postado em 11/04/2020 04:00 / atualizado em 10/04/2020 22:58

(foto: Maurenilson Freire/D.A Press)
(foto: Maurenilson Freire/D.A Press)

 
Realmente, a crise do coronavírus tem um predicado extra: consegue motivar categorias diferentes da comunidade não só a combater o mal, como a estimular a população a se resguardar. É o que vem acontecendo com todos os canais de TV, pagos ou abertos, que registram em suas telas a mensagem de que é bom ficar em casa, distraindo-se com os programas oferecidos. Quem segue novelas está sofrendo, porque capítulos novos não vêm sendo apresentados. Mas e quem vê filmes? Credo em cruz pela programação.
 
Como não tenho conhecimento da estrutura interna das emissoras, parece que existe uma combinação prévia para mostrar filmes que vêm sendo repetidos e repetidos ao longo dos anos. Não são aqueles antigos, muito bons, principalmente em preto e branco. São drogas mesmo, que não valiam a pena serem vistos nem quando foram lançados. Dentro dessa porcaria toda, um só canal se salva: a HBO Mundi, que exibe, principalmente, trabalhos de outros tempos, quando ir ao cinema para se distrair e se educar valia a pena.
 
O canal Universal, que passa principalmente seriados, a maioria localizados em Chicago, coloca capítulos dos anos 2000, os novos parece que ficaram guardados para quando a pandemia passar e ninguém tiver mais tempo de ficar horas em frente à TV.
 
Tenho procurado dividir meu tempo entre ocupações domésticas – aquela história chatíssima de arrumar armários –, procurar relíquias sumidas, leituras e TV. Não é preciso dizer que as leituras ganham sempre. Reler Hemingway e Faulkner é sempre uma novidade, a cada vez descubro propostas novas.
 
A minha última leitura de Hemingway foi Na outra margem, entre as árvores, um verdadeiro romance e uma de suas melhores obras de ficção. O autor recria episódios da Segunda Guerra Mundial, contados por um coronel que vai passar suas últimas vinte e quatro horas de vida em Veneza. Na companhia de uma jovem, sua antiga paixão. Colabora com a atração do livro acompanhar o autor em lugares conhecidos, como o Harry’s Bar, que existe até hoje e era ponto de encontro dos intelectuais da época. Li esse romance há mais de 20 anos e foi como a primeira vez, o texto continua apaixonantemente raro.
 
E, entre as más notícias que chegam pela imprensa, está a morte de Ângelo Machado. Conheci o escritor, pesquisador e cabeça privilegiada desde os tempos de sua tia, Lúcia Machado de Almeida. Pouca gente sabe, mas era Angelo quem fornecia a ela conhecimentos científicos para alguns de seus livros. Como O caso da borboleta Atíria. Tudo o que Lúcia discorre sobre a personagem veio de Angelo, parceria que quase ninguém conhece, porque ele não gostava de divulgar.
 
Convivi com ele algumas boas tardes. Consultores da prefeitura para novos expositores da Feira de Artesanato, participávamos de reuniões semanais. Era muito engraçado, ficávamos um ao lado do outro para combinar julgamentos. Ângelo não entendia bulhufas do que estava sendo proposto e julgado. Participamos de algumas reuniões, que foram ficando tão chatas e tão previsíveis que resolvemos parar. Depois disso, encontrei-me com o meu amigo umas duas ou três vezes, em reuniões da Associação Mineira de Medicina.

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