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Golpe do cartão de crédito clonado continua a topo vapor

Bandidos, que são craques em enganar, ligam para a casa de clientes e mandam até motoboy pegar envelope com com documentos


postado em 18/03/2020 04:00


 
Burrice é bom e eu gosto. Ainda mais quando se mergulha totalmente num conto de vigário, como mergulhei no último fim de semana. Caí com a cara e a coragem na trama da clonagem de cartão de crédito, em todos os lances do programa que os bandidos fazem. São realmente uns craques, é fácil para eles enganar, como fizeram comigo, em plena sexta-feira, numa hora morta para sair de casa, telefonar para banco, tomar qualquer providência lúcida.
 
A voz masculina que me ligou identificou-se como sendo funcionário do protocolo de atendimento do Banco Bradesco. Perguntou-me se eu havia feito uma compra de R$ 1.395 em uma loja do Minas Shopping, porque o pagamento estava bloqueado, havia uma dúvida a respeito do cartão de crédito. Neguei logo e ele então me informou que devia telefonar para o banco, pedindo o cancelamento do cartão. Quis saber como é que telefonava naquela hora, não tinha o número, fazer como? Ele me informou que eu devia discar para o número que vem nas costas do cartão de crédito.
 
Essa informação foi que me levou a praticar todas as burrices posteriores. Fiquei sabendo depois que eles são tão craques que clonam até seu telefone. E quando disquei o número encontrado no cartão, estava mesmo ligando era para o bando de ladrões. Atenciosos, me levaram das 16h até perto das 17h, ensinando todos os caminhos que devia seguir para cancelar meus cartões de crédito e de débito. Pediram para que eu digitasse minhas senhas. Como meu telefone não é de teclas, tive que informar os números verbalmente. Eles confirmaram, declararam que estavam jogando com meu CPF, endereço e tudo mais. Depois, uma voz feminina que se identificou como Vitória me informou que eu devia fazer um BO na polícia, autorizando o Bradesco, a Polícia Civil e a Febraban a investigar o caso no meu nome. Como não podia sair de casa naquela hora da tarde para ir à polícia, a moça pediu um instante para poder conferir se eu teria serviço de recolhimento de queixa. Imaginem que eu tinha!
Então, ela me ditou a carta que eu devia escrever do próprio punho, colocar em um envelope lacrado junto com os cartões de crédito ou os microchips para entregar a um motoqueiro que iria à minha casa buscar os documentos. Era preciso acrescentar ao envelope o meu token, que é a pecinha de segurança que libera a movimentação dos cartões nas máquinas do banco. O motoqueiro chegou; ela, que durante o tempo todo estava no telefone, me deu dois números muito importantes: dos protocolos do cancelamento e do procedimento do bloqueio dos cartões. Tomei nota de tudo como uma panaca total.
 
A estratégia da clonagem, mais do que benfeita, me passou a perna totalmente. Na segunda-feira cedo, liguei para a minha agência e ninguém sabia de nada, não existia cancelamento nenhum, bloqueio nenhum. Foi então que o cancelamento dos cartões foi realizado, e com essa trombada passei toda a segunda-feira tentando resolver meu ataque de burrice total. Nunca prestei atenção ao fato de o banco não telefonar para ninguém, mandar buscar nada em sua casa, telefonar informando nada a respeito da clonagem de seu cartão de crédito, um truque que é conhecido como “chupa-cabra”. Estou esperando para que o banco receba o rombo feito pelos bandidos com meus cartões, leva alguns dias para cair na conta do cliente.
 
É impressionante como o golpe é aplicado com todos os lances muito bem estudados, todas as respostas prontas, todas as informações muito bem passadas. Quando fui entregar o envelope ao motoqueiro – identificado como Leandro de Moura, número 6.591 – perguntei se ele trabalhava na polícia. Ele disse que “não, basta olhar para a minha moto para saber que sou prestador de serviço”.
Paguei um fim de semana de pura tensão só por causa da minha burrice, confiança e falta de conhecimento de planos tão bem bolados do crime organizado. A moça que falava tudo comigo comentou o rombo que esses golpes estão provocando – santa confissão. Dinheiro que vai para o bolso dos bandidos por causa das compras que fazem com os cartões clonados.

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