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Estado de Minas

Novas técnicas para tratar hemorroidas

Especialista detalha tratamentos para curar a doença, além de enumerar fatores de risco que podem desencadear a enfermidade rodeada de tabu


postado em 09/08/2019 04:00 / atualizado em 08/08/2019 18:11






Tenho um sobrinho – mais um, vejam só – que é um proctologista de mão cheia, David Lanna. Ele é um craque porque sabe também avaliar se vale a pena ou não operar hemorroidas. Amiga minha, que morria de medo e estava mais do que aconselhada a se operar, foi se consultar com ele e voltou aliviada com suas recomendações – e com a falta de necessidade dela de operar. A doença não é brincadeira e sei histórias curiosas sobre o tratamento. Antigamente, uma boa recomendação era assentar-se numa fenda feita em um tronco de bananeira, a seiva fazia a hemorroida recolher-se prontamente. Outra recomendação era usar o vapor da água fervente, colocada junto com uma colher de creolina. Não era para se assentar, mas apenas para aproveitar o calor do vapor com o produto de limpeza. Quem assentava, pagava um mico e tanto.

O problema não é raro. Estima-se que até 7% das pessoas vão ter sintomas de hemorroidas pelo menos uma vez ao longo de sua vida. Isso pode ocorrer em ambos os sexos e é mais comum em indivíduos mais velhos, podendo atingir 50% dos adultos com mais de 50 anos. Por se tratar de uma doença do ânus, gera-se muito tabu em torno do tema, o que impede as pessoas de procurar ajuda, por medo ou vergonha.
Plexo hemorroidário é o nome dado às veias da parte superior do canal anal, portanto, são estruturas normais da anatomia humana, presentes em todas as pessoas. Em alguns casos, os tecidos que seguram esses vasos podem se deteriorar, causando os sintomas – dor, sangramento, coceira e caroços no ânus. “Além da drenagem venosa, as hemorroidas auxiliam também no amortecimento durante a passagem das fezes e no controle da continência, o que permite ao ser humano conseguir segurar as fezes quando está em um momento inadequado para evacuar”, explica a proctologista Raíssa Reis de Carvalho, da equipe multidisciplinar da Clínica Blues.

Especialista em distúrbios de motilidade intestinal e do assoalho pélvico, coloproctologia adulta e pediátrica, cirurgia geral e endoscopia, a médica elenca modernas técnicas desenvolvidas com o objetivo de curar a doença hemorroidária, garantindo menos dor no pós-operatório e retorno mais rápido às atividades habituais. “Um dos avanços da medicina nesta área é a cirurgia por radiofrequência, que não envolve cortes e sim uma ablação dos vasos por um aparelho específico. Já o PPH é um tratamento por meio de grampeamento das hemorroidas com o uso de um grampeador circular. E tem ainda o THD – desarterialização hemorroidária transanal –,- técnica em que o médico usa um aparelho de ultrassom para identificar os vasos sanguíneos e realizar uma sutura dos mesmos para interromper a chegada de sangue às hemorroidas, causando necrose.
Para a proctologista, uma questão que dificulta a identificação da doença é que existem muitas fantasias sobre a consulta proctológica, que é feita por um médico como em qualquer outra especialidade da medicina. “O profissional fará perguntas a respeito dos sintomas, o padrão de evacuação da pessoa, doenças existentes, histórico familiar de câncer e cirurgias realizadas. Depois, fará um exame físico, que consiste na avaliação abdominal, na inspeção do ânus e no toque retal, que dura menos de 10 segundos e é muito bem tolerado. Caso seja necessária avaliação mais detalhada, solicitamos exames de imagem, que consistem em verificar a parte interna do ânus, usando aparelhos que não machucam e podem causar desconforto leve, como numa consulta com o ginecologista”, explica a especialista.

Alguns fatores de risco podem desencadear a doença, entre eles história familiar de hemorroidas, obesidade, ressecamento intestinal, alimentação errada, fumo, gravidez, longo período sentado ou em pé e envelhecimento. A doença hemorroidária é uma patologia benigna e não causa câncer. Por isso, o paciente deve ser examinado por um médico especialista, pois só ele é capaz de avaliar se os sintomas citados são, de fato, causados por hemorroidas, uma vez que outras doenças – inclusive o próprio câncer – também podem causar dor, sangramento e nodulações anais.

O tratamento deve ser iniciado com orientações comportamentais e dieta. O paciente deve evitar permanecer longos períodos de tempo sentado no vaso sanitário, adotar a correta postura para evacuar (com os pés acima de um banquinho de 10cm e o tronco inclinado para frente) e evitar o uso de papel higiênico (o ideal é fazer a lavagem do ânus após cada evacuação). “Existem várias técnicas de cirurgia possíveis – como a hemorroidectomia, que somente 10% dos pacientes necessitarão; todas com bom resultado e baixo índice de recidiva e de complicações, em torno de 2,7%. A cicatrização completa ocorre em torno de quatro a oito semanas, mas bem antes disso o paciente consegue retomar suas atividades habituais. Lembrando que somente o especialista pode indicar o melhor tratamento e solução da hemorroida”, completa Raíssa Reis.

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