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Estado de Minas entrevista/Lorena Mattos - 56 anos, gestora de iluminação do Grupo Loja Elétrica

Referência em tecnologia

Templuz chega aos 15 anos querendo ser mais que uma loja de produtos para iluminação


22/08/2021 04:00

(foto: Vanessa Gori/Divulgação)
(foto: Vanessa Gori/Divulgação)


Quando olha para o passado, Lorena Mattos se sente muito orgulhosa do que construiu. A designer de interiores começou do zero a desenvolver um mix de produtos de iluminação para uma loja que só vendia material elétrico, e deu início a uma marca que se tornou referência em inovação. A marca que ela ajudou a fundar e administra até hoje é a Templuz, braço do Grupo Loja Elétrica que completa 15 anos em outubro. Nesse tempo, ela ficou conhecida por investir na curadoria de produtos pautada pela qualidade, sempre valorizando o design nacional (a mais recente parceria é com a artista mineira Simone Oliveira), desenvolver projetos luminotécnicos e oferecer atendimento direcionado a arquitetos e outros profissionais. Olhando para o futuro, Lorena não quer que a Templuz seja reconhecida apenas como uma loja de iluminação, mas como uma empresa de soluções em tecnologia. Isso porque a marca também trabalha com automação, projetos de energia solar e sistema de aspiração centralizada.
 
Como você se envolveu com iluminação?
Estudei administração de empresas, fui trabalhar em indústrias, mas meu sonho era fazer arquitetura. Quando as minhas duas filhas ainda estavam pequenas, resolvi me matricular no curso de design de interiores, assim teria mais tranquilidade para conciliar as rotinas de casa, estudo e trabalho. Tive escritório com uma sócia arquiteta durante 10 anos e atuei em diversos projetos comerciais e residenciais. Quando a Loja Elétrica da Avenida Nossa Senhora do Carmo abriu, em janeiro de 2000, um dos sócios me chamou para desenvolver uma linha de produtos de iluminação. Antes eles só vendiam material elétrico. Eu, como já vinha desse mercado, conhecia produtos e fornecedores, comecei a desenvolver um trabalho praticamente do zero de construir um mix de iluminação. Escolhia os produtos para comprar, atendia os clientes na loja e fazia projetos.

O que foi mais desafiador para você?
O grande desafio era desenvolver um mix de iluminação e oferecer um atendimento de qualidade aos clientes. Com o desenvolvimento do trabalho, o contato no dia a dia com fornecedores, fazendo treinamentos, fui aprendendo muito e comecei a entender da parte técnica. Como já tinha experiência de 10 anos em escritório de design de interiores e arquitetura, entendia o conceito de luz que o cliente queria para aquele projeto, então essa parte para mim foi mais fácil. Fora isso, como não trabalhava diretamente com comércio e, sim, com prestação de serviço, achava que nunca saberia vender nem uma bala. Mas, com o desenrolar do trabalho, comecei a entender que é um erro achar que vender é forçar o cliente a adquirir alguma coisa. Da mesma forma como atuava no escritório, sempre fiz para o cliente o que faria para mim. Entendo o que ele quer, quanto quer pagar e tento oferecer o melhor para ele. Trato o cliente como melhor amigo, e isso cria uma relação diferente. Brinco que, quando comecei, no ano 2000, era a equipe do eu sozinha. Hoje temos uma equipe muito grande, são 45 projetistas (entre Loja Elétrica e Templuz) que trabalham diretamente comigo, mas até hoje gosto muito de atender os clientes. Estou sempre envolvida nos projetos e em toda a gestão.

Como surgiu a ideia de criar a marca Templuz? 
Chegou num ponto em que o cliente que ia à loja queria algo a mais, tanto em relação a produto quanto a atendimento. Em loja de autosserviço, a poluição visual é muito grande, muitos produtos juntos e, por mais que a gente colocasse algum em destaque, o cliente não conseguia visualizar bem. Aí percebemos a necessidade de dar um passo a mais e abrir outra loja para dar um atendimento mais especializado, com mais atenção e mais tempo, porque no autosserviço é tudo muito rápido. Precisamos entender o projeto e descobrir o que o cliente quer. Na Templuz, conseguimos atender os profissionais, arquitetos e designers, e temos um cuidado maior com o showroom.

Como você escolhem o mix de produtos?
O nosso mix de produtos é extremamente diversificado, atende aos projetos comerciais e residenciais. Temos a preocupação de estar sempre alinhados com o que o mercado está pedindo e com as tendências de design. Estudamos muito e procuramos estar sempre à frente lançando alguma tendência para atender aos projetos. Fazemos uma curadoria pautada principalmente na qualidade.

O que é tendência atualmente?
Peças extremamente minimalistas. Antigamente, com luz incandescente, o tamanho da própria lâmpada dificultava isso. Mas hoje, com a tecnologia do LED, a indústria consegue produzir luminárias extremamente finas, que iluminam muito bem, e esse recurso ajuda a chegar a um design bem limpo. Sem dúvida nenhuma, por este momento de pandemia, outra tendência é a valorização da nossa arte e da nossa cultura. Todo mundo se voltou mais para dentro de casa, mas também voltou a olhar para o nosso país. O Brasil é uma terra tão maravilhosa, tem tantos artistas interessantes, arte de qualidade, diversidade incrível de materiais. Não podemos só valorizar o que vem de fora, vamos valorizar o que é nosso. Que bom que este período difícil possibilitou este novo despertar até para a classe de arquitetos para valorização do design nacional. Há muito tempo se fala em valorizar, mas isso não era muito forte. Quando aparecia um designer de fora, ele era muito mais reverenciado do que o designer da casa. Agora estou vendo que tem mudado, e isso é muito bom. Precisamos fazer com que a economia gire e criar oportunidades para quem está perto da gente.

Foi a partir disso que surgiu a ideia da  parceria com a artista mineira Simone Oliveira?
Acompanho o trabalho da Simone há bastante tempo. Ela faz um trabalho muito interessante com filtro de café, fibras naturais e outros materiais reciclados. Está muito ligada à reciclagem, sustentabilidade e tem uma grande preocupação com o meio ambiente. Acho importante pensar nesses temas, em soluções para o consumismo exagerado e em como reaproveitar esta quantidade enorme de resíduo que é gerada. A Simone já se apresentou em Milão, tem o trabalho reconhecido lá fora, mas por que não trazer para cá? 

Como a automação tem sido explorada pelo setor de iluminação?
Desde a inauguração da Tempuz, trabalhamos com automação. Os sistemas vão desde os mais simples, como lâmpadas wi-fi que são controladas por comando de voz, até os mais sofisticados, em que você consegue controlar todos os sistemas de uma casa. A automação está ficando cada vez mais acessível em termos de custo e de uso. Não são mais produtos que só poucos consumidores podem ter e as tecnologias são mais amigáveis, fáceis de usar e estão na palma da mão dos clientes.

A maioria dos clientes se interessam por automação?
Não considero a maioria. Vejo que esse desejo está muito ligado à faixa etária. Os mais novos, que são bem familiarizados com tecnologia, procuram mais. Hoje os casais jovens já chegam com essa demanda.

Por que é importante ter um projeto de iluminação?
Isso faz toda a diferença. A primeira questão é entender o objetivo do cliente, que tipo de luz será necessária. Uma luz difusa ou uma luz focada, qual a temperatura de cor. Se é um local de descanso e relaxamento, vou trabalhar com cor quente, para levar aconchego, mas, se for um local de trabalho, preciso de luz branca para me despertar. Falo que o projeto tem que ser totalmente ligado ao conceito e à usabilidade do espaço. Quando trabalhamos em parceira com arquitetos, precisamos entender o que ele pensou, que tipo de luz enxergou naquela lugar para conseguir ajudá-lo. O nosso trabalho é especificar os produtos que vão conseguir materializar o desejo dele. Luz correta é sinônimo de conforto. É muito desagradável quando um ponto de luz fica incomodando. As pessoas que estão naquele ambiente precisam se sentir bem.
 
Em que consiste a profissão de lighting designer?
É uma especialização, normalmente de arquitetos e designers de interiores. Trouxe o primeiro curso de lighting design de BH, há uns 10 anos, em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), em São Paulo. Sempre me preocupei muito com o desenvolvimento do mercado e tinha vontade de formar profissionais e passar conhecimento. O curso de pós-graduação foi ministrado no auditório da Templuz e teve duração de um ano e meio. Eu era aluna e coordenava. Foi muito bom, tivemos uma turma de mais de 20 alunos, mas desisti da ideia. Dava muito trabalho administrar um curso desses, os professores vinham de fora, tinha que mandar a lista de presença, depois tinha a avaliação.

Quais habilidades são importantes para o profissional que trabalha com luz?
Observar. No lugar onde estiver, observe como está a luz, o que está sendo iluminado, que tipo de sombra a iluminação gera. Luz envolve muita percepção e sua percepção é diferente da minha. O que é muita luz para você pode ser pouca luz para mim. Com certeza, também é importante ter criatividade para projetar através da luz o conceito que o cliente quer naquele espaço. Já tive cliente que queria o apartamento todo com luz azul, outro que pediu o banheiro com luz violeta. Além disso, hoje os espaços são multifuncionais, sala de jantar virou home office e lugar de brincar, então temos que pensar em como compatibilizar todas as funções.

Na pandemia, aumentou a procura por produtos de iluminação?
Sim, muita gente está fazendo reformas. As pessoas começaram a ficar mais dentro de casa e a se incomodar que determinado ambiente não estava claro o suficiente. Escuto muito este tipo de reclamação de pessoas que quase não ficavam em casa. Vimos muito a mudança de percepção da casa, perceber o espaço, o que incomoda e como é bom olhar para dentro.

Para você, quais momentos dos 15 anos da Templuz são mais marcantes?
Acho que a toda a construção de uma nova marca, de posicionamento, de virar um braço do Grupo Loja Elétrica. Aprimoramos o nosso atendimento, a nossa capacidade técnica, o mix de produtos para atender à demanda de mercado dos profissionais mineiros, que são muito bons. As nossas mostras de arquitetura e decoração são reconhecidas nacionalmente.

Como vocês querem que o mercado enxergue a marca?
A Templuz sempre foi muito conhecida como loja de iluminação, mas desde que nasceu trabalha com tecnologia. Queremos cada vez mais não ser só uma loja de iluminação, mas ser uma empresa de soluções em tecnologia para que o cliente possa resolver tudo em um lugar só, e não tenha que conversar com várias empresas. Temos a parte elétrica, de acabamentos, tomadas, interruptores, mas também a parte de automação, projetos de energia solar e aspiração centralizada. Pegamos o projeto da casa no início e fazemos um sistema de limpeza a vácuo como se fosse uma tubulação hidráulica. Em cada ambiente da casa você tem uma limpeza de altíssima sucção, que capta partículas minúsculas, que às vezes nem podemos imaginar que existem. Realmente, queremos prestar um bom serviço técnico e de atendimento. Hoje o nosso slogan é: novos sentidos para tecnologia. 


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