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Estado de Minas MERCADO S/A

Ninguém mais acredita na possibilidade de déficit zero em 2024

Existem duas metas diferentes, uma na cabeça do presidente - certamente a que vale - e outra na visão imaginária da equipe econômica.


31/10/2023 04:00 - atualizado 31/10/2023 08:06
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Ministro Fernando Haddad
O ministro Fernando Haddad enrolou-se e até subiu de tom quando questionado de forma mais incisiva (foto: Evaristo Sá/AFP - 9/12/22)

 

Depois da desastrada declaração do presidente Lula sobre a dificuldade do Brasil para cumprir a meta de déficit zero – ou seja, o equilíbrio nas contas públicas – em 2024, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, convocou uma entrevista para supostamente acalmar os ânimos do mercado. Ele, contudo, colocou mais lenha na fogueira. O que chamou a atenção em Haddad foi a tentativa de dar alguma conotação razoável para o que o presidente disse. O ministro enrolou-se e até subiu de tom quando questionado de forma mais incisiva. Na verdade, ficou claro para todos que existem duas metas diferentes, uma na cabeça do presidente – certamente a que vale – e outra na visão imaginária da equipe econômica. Em Brasília, ninguém mais acredita em déficit zero no ano que vem, o que dependia essencialmente de um aumento significativo de arrecadação ou do corte de despesas, mas neste último caso não há qualquer disposição do governo. Resta saber o tamanho do rombo que o país terá no próximo ano.

 

Mercado espera que Selic irá para 12,25%

 

O descumprimento da meta fiscal em 2024 coloca pressão na decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que reúne-se amanhã para decidir a nova taxa Selic. Para a maior parte dos analistas, contudo, a piora da percepção do mercado a respeito do compromisso fiscal do governo não será suficiente para fazer o BC mudar a direção do ciclo monetário. A expectativa do mercado é que haja redução de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros. Com isso, ela  chegaria a 12,25% ao ano. 

 

Bolsa cai com aumento de incertezas fiscais

 

A entrevista de Fernando Haddad só piorou o humor do mercado financeiro. Ontem, o Ibovespa fechou com queda de 0,68%, descolando-se do movimento positivo verificado nas bolsas do exterior. O resultado doméstico negativo foi atribuído às declarações de Haddad, que não foi suficientemente enfático na defesa do equilíbrio fiscal. Sob diversos aspectos, Lula trouxe de volta as incertezas que haviam sido dissipadas nos últimos meses. Recuperar a confiança costuma demorar. 

 

98%

 

dos brasileiros estão preocupados com o custo de vida, segundo pesquisa realizada Blackhawk Network Brasil, empresa especializada na distribuição de cartões-presente.

 

É cedo para apostar em um cenário de crise

 

É impressionante como os deslizes verbais do presidente Lula são capazes de mexer com o humor dos investidores. Nos últimos dois dias, os grupos de WhatsApp focados em investimentos foram inundados por críticas ao governante petista. Mais do que isso: o temor é de que, sem o cumprimento da metas de fiscais, a economia desande, levando a um cenário de inflação em alta e Pib em queda. Em tempo: gestores mais sensatos dizem que é precoce apostar em um cenário de crise. Há muita água para rolar.

 

"Não estou propondo que o Brasil tenha um déficit público semelhante ao da Zona Euro, mas um déficit fiscal zero definitivamente não faz sentido."

Luiz Carlos Bresser Pereira, economista e ex-ministro da Fazenda

 

 

 

 

 

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