Fazenda Caxambu e Aracaçu, na região Sul de Minas Gerais -  (crédito: Bruno Nogueira/EM/D.A Press)

Fazenda Caxambu e Aracaçu, na região Sul de Minas Gerais

crédito: Bruno Nogueira/EM/D.A Press

O investimento em café de alta qualidade começa a ganhar tração no estado que é o maior produtor dos grãos no mundo. Nessa sexta-feira (11/4), o Estado de Minas foi convidado a conhecer a fazenda Caxambu e Aracaçu, na Região Sul de Minas Gerais, onde o apreço pela fruta é tanto que tem produtor que gosta até de dar um trato especial e descansar a colheita ao som de música clássica japonesa.

 

Próximo à cidade de Três Pontas, a família Chaves Brito cultiva o café já por três gerações. Porém, foram os irmãos Paulo, Denise e Carmem Lúcia que decidiram apostar e investir quase a totalidade da plantação em "cafés premium".

 

A família conta que, apesar do mercado brasileiro de cafés especiais estar crescendo, a produção da fazenda ainda é muito exportada, em especial para o mercado asiático - Coreia do Sul e Japão. Geralmente, os consumidores estrangeiros visitam a fazenda em junho e a exigência por qualidade é tanta que a produção tem de ser precisa para que, seis meses depois, o produto a ser entregue seja semelhante ao experimentado.

 

Segundo o engenheiro de produção, Rafael Brito, filho do Paulo, o descanso do café com música clássica é mais um "dengo" e superstição. Ele ressalta que a fruta é um ser vivo que passa por etapas estressantes de maturação e secagem, e como um ser vivo, a música pode até contribuir para estabilizar as células.

 

"Não existem estudos para o café em si. É muito mais uma crença nossa, de gratidão com o grão do tipo: 'obrigado, agora você pode descansar'. É um dengo", disse.

 

Hoje, a família cultiva 220 hectares, rendendo em média 9 mil sacas por ano. Só que até o café estar pronto para ser transformado em produto final, o processo é demorado. Entre o plantio e a colheita, vai quase um ano. Na fazenda dos Chaves Brito, por exemplo, a nova safra chega agora no final de maio.

 

Depois, a fruta passa por um maquinário chamado de "via úmida" em que é possível separar os grãos mais verdes dos maduros e até descascar e fermentar, dependendo dos objetivos de cada lote. Logo em seguida, o produto é levado para um pátio onde ocorre a secagem que dura entre 30 e 35 dias.

 

Segundo Rafael, o processo de um café especial é muito detalhado, sendo necessário uma equipe ainda mais "especial" para saber lidar com o produto. "Café especial é feito por pessoas. Até tem muita tecnologia, mas sem o conhecimento das pessoas não é possível", frisou.

 

 

Paiol Boutique

 

Recentemente, a família Chaves Brito começou a investir em experiências e abriu o Paiol Boutique Café. Um espaço onde o público pode degustar a bebida feita com o grão especial e harmonizar com as geleias também produzidas na fazenda, ou com os queijos da região, além de conhecer a própria produção.

 

Funcionando apenas com agendamento prévio, com preços entre R$ 70 e R$120 para a experiência completa, o turista será atendido por especialistas na fruta e na bebida e por baristas profissionais. Um dos funcionários, Dionathan Almeida, por exemplo, representou o Brasil na copa do mundo de degustadores de café, na Specialty Coffee Expo, em Chicago, nos Estados Unidos.

 

Denise Chaves Brito contou à reportagem que a exposição do turismo é ótima para os negócios. “[Três Pontas] É uma cidade do agro, tudo gira entorno do café. Já se tinha o turismo religioso e isso agora vem agregar. Para a cidade é incrível, um agroturismo fantástico”, disse.

 

A fazenda e o café boutique fazem parte da Rota do Café Sul de Minas, uma iniciativa do
Governo do Estado para promover o agroturismo na região, ainda contando com experiências em Caxambu, Cambuquira, Baependi e Cruzília.

 

 

Specialty Coffe Expo

 

A maior feira de exposição de café especial do mundo se encerra neste domingo (14/4), dia mundial do café, após reunir toda a cadeia produtiva do setor. Neste ano, o evento contou com um estande do Governo de Minas, por meio da Companhia de Desenvolvimento (Codemge), em parceria com o centro universitário UniBH, Sebrae Minas e Expocacer – Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado.

 

A ideia é apresentar os produtos do Estado para o mercado americano, maior importador do café brasileiro, mas que ainda compra pouco do produto especial. O governo também apresentou o programa ExportaMinas, da Codemge, anunciando a abertura do primeiro hub de café do Brasil nos EUA, gerido pela Expocacer.