FEMINICÍDIO

Réus de homicídio de mulher condenados a 35 anos de cadeia

Crime ocorreu em 28 de dezembro de 2022. Numa briga com presidiário desafeto, mulher levou tiro e morreu

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Dezessete anos e seis meses. Esse é o tempo de condenação de cada um dos acusados, Victor Afonso de Paula, o “Vitinho”, e Diogo Bueno, o “Jogador”, de 30 anos, pelo assassinato de Vaneza Soares Mesquita, de 49 anos, e tentativa de homicídio de Édson Jesus da Silva. Os crimes ocorreram em 28 de dezembro de 2022, no bairro Alto Vera Cruz, zona leste de Belo Horizonte.

A sentença foi anunciada pelo juiz Vitor Marcos de Almeida Silva, do 1º Tribunal do Júri. O julgamento, realizado nesta segunda-feira (14/4), durou mais de 12 horas, terminando perto de meia-noite. 

O crime

O presidiário Édson Jesus da Silva, de 41 anos, beneficiado por indulto de Natal em 2022, e que deveria ter retornado à Penitenciária José Maria Alckmin, em Ribeirão das Neves às 4h do dia 28 de dezembro, tinha sido contratado por Vaneza para serviços na rede elétrica da casa dela.

O local onjde o crime aconteceu é uma espécie de Vila, onde moram 15 membros da família de Vaneza. Segundo a ocorrência policial, Edson consertava pontos de luz quando Diogo Bueno apareceu na porta com Vitinho, que ficou do lado de fora da casa.

Diogo, que estava armado, chamou Edson para fora do portão de entrada do beco, onde teriam uma conversa. Quando o eletricista saiu, foi agredido. De acordo com a PM, os dois começar a lutar ainda na porta da casa. Edson deu um soco em Diogo. Diogo, devolveu o golpe com um mata-leão (estrangulamento pelas costas) e, em seguida, sacou a arma e atirou contra Edson.

A bala acertou de raspão a lateral das costas de Edson e, em seguida, atingiu Vaneza, que estava atrás. Diogo fugiu com "Vitinho", que, mais tarde, seria apontado como o pivô da confusão.

Vaneza e Edson foram levados para o Hospital do Pronto Socorro João XXIII, onde ela chegou já sem vida. Ele foi medicado e liberado. 

No hospital, numa conversa com os militares, Edson contou que tudo começou por causa de uma dívida de R$ 30 que tinha com “Vitinho”, um traficante na região. Sempre que os dois se encontravam, o desafeto o agredia.

Testemunhas contaram que “Vitinho” tinha espalhado uma história de que Edson teria tomado R$ 120 da sobrinha dele, que era namorada do traficante. E prometeu que iria se vingar.

Testemunhas disseram ainda que Diogo era o dono de uma boca de fumo que funcionava na mesma rua onde ocorreu o crime e que “Vitinho” era o gerente.

O julgamento

Diogo e “Vitinho” foram julgados, acusados de uma tentativa de homicídio duplamente qualificado e um homicídio duplamente qualificado consumado, sendo que a vítima de tentativa de homicídio é que era alvo dos 2 acusados.

Em depoimento, Vitinho disse que teve desentendimento com Edson, que era usuário de drogas, porque ele cometia pequenos furtos na casa da então namorada e atual esposa do réu. Ele revelou que costumava andar armado porque tinha um revólver, herança de família, e que poderia ter matado o Edson em várias oportunidades, mas que nunca teve vontade de fazer isso.

Vitinho contou que estava do lado de fora da casa no momento do tiro e que não participou do crime. Afirmou que somente a arma do crime era sua e que o revólver estava com o outro réu, Diogo Bueno, o "Jogador".

Já Diogo confirmou que discutiu com Edson porque ficou sabendo dos pequenos furtos que ele estava cometendo na região. E que teria sido atacado por Edson com uma chave de fenda. O réu alegou que, apesar de armado, não atirou, apenas entrou em luta corporal com Edson.

Disse ainda que a chave de fenda caiu ao chão e que Edson tentou pegar ainda um estilete para atacá-lo. Diogo afirmou então que, neste momento, houve um tiro acidental da arma dele que atingiu a Vaneza. 

Defesa

A advogada de defesa de Diogo, Tamires Gradice, informou que a defesa estuda a possibilidade de recorrer da decisão. “Tentamos o homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar. Foi um acidente, mas o Conselho de Sentença entendeu que foi um homicídio doloso.”

Gradice informou que vai conversar com Diogo, e que o mais provável é que haverá recurso da decisão.

O advogado de "Vitinho" não se pronunciou. 

Família

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A família de Vaneza revela que está aliviada com a condenação, embora todos achem que a pena poderia ter sido maior.

Paloma Soares Gomes, filha de Vaneza, diz estar em paz. “Graças a Deus, eles foram condenados a 17 anos, mas tinha de pegar um tempo maior. A justiça foi feita, mas eu queria outra justiça. A mente está parcialmente em paz. O pior era saber que um dos autores, Diogo, estava vivendo em liberdade. Mas agora, isso acabou”.

Vitória Soares Gomes, outra filha de Vaneza, que presenciou o crime, conta que ainda sente a morte da mãe. “Eu estava lá com a minha mãe e isso é um sofrimento que não passa. Mas tenho de seguir com a vida em frente e honrar a memória de minha mãe. Era isso o que ela queria.”

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