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Estado de Minas

Beneficiários do Bolsa-Família têm medo de perder ajuda com cortes do governo

Maior vitrine do PT, beneficiários temem ser atingidos pelos ajustes da equipe econômica. Ministério do Desenvolvimento Social garante, no entanto, que não haverá cortes no programa


postado em 13/09/2015 08:00 / atualizado em 13/09/2015 09:02

Maria Perpétua e Maria das Graças vivem momentos de angústia e apreensão quando pensam na possibilidade de ficar sem a bolsa-família(foto: Beto Novaes/EM)
Maria Perpétua e Maria das Graças vivem momentos de angústia e apreensão quando pensam na possibilidade de ficar sem a bolsa-família (foto: Beto Novaes/EM)

O anúncio de corte de despesas, o ajuste fiscal e as mudanças em programas do governo geram insegurança entre os beneficiários do principal programa social do país. Inscritos no Bolsa-Família, maior vitrine eleitoral do PT, vivem incerteza sobre a manutenção do benefício em meio à crise econômica pela qual o Brasil passa. As especulações em torno do futuro da nação põem a população de baixa renda em alerta, sem saber se receberão o dinheiro do mês seguinte.

O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) garante: “O Bolsa-Família não sofreu nem sofrerá cortes em decorrência do ajuste fiscal”. Mas, frente a tantas idas e vindas do governo em torno de outros programas nas áreas de habitação e educação, ninguém consegue conter as lágrimas de Maria Perpétua de Souza, de 47 anos, angustiada com a possibilidade de perder sua única fonte de renda.

Ela é uma das 13,8 milhões de famílias que recebem o benefício no país, 1,1 milhão delas em Minas Gerais. Todo mês, Pérpetua ganha R$ 77 do governo, concedido, no critério do MDS, para famílias “extremamente pobres”. O dinheiro é usado para comprar comida e pagar a água e a luz do barraco onde mora no Bairro Castanheiras, na Região Leste de Belo Horizonte. “Do jeito que está o país... Se cortar (o Bolsa-Família), estou nas mãos de Deus”, diz Perpétua, que sobrevive às custas de doações e ajuda de parentes.

Dentro do casebre de paredes mofadas por causa de infiltrações, ela conta que toma remédio controlado e não pode trabalhar. Perpétua era empregada doméstica, mas, como os patrões não pagavam o INSS, não conseguiu se aposentar até hoje. “Se compro o gás, só sobra um tiquinho de dinheiro. Tem dia que eu cozinho até com lenha. Preciso de dinheiro para pegar ônibus e buscar meus remédios”, conta.

Mãe solteira de duas crianças – Adrian, de 1 ano, e Marcelle, de 3 –, Maria das Graças Pedro de Oliveira, de 26, também tem sido tomada pela apreensão. A família mora de favor num terreno na zona rural de Juatuba, na Região Metropolitana de BH e o “leite, a fralda e a comida” das crianças são garantidos com os R$ 218 recebidos por mês do Bolsa-Família. “Todo mundo tem medo de cortar”, conta Maria das Graças. “Moro de favor e ajudo a dona que me deixa ficar lá. Se cortar o Bolsa-Família, vou ter que deixar os meninos de lado e arrumar emprego. Só que em Juatuba não consigo achar”, diz.

Desde 2012, segundo o MDS, o número de beneficiários do programa tem girado em torno dos 13,8 milhões de brasileiros. Em Minas, ele fica em torno de 1,1 milhão. Apesar disso, no último ano, o número de inscritos em Minas caiu. Em agosto do ano passado, eram 1.147.546 famílias, contra 1.120.592, em agosto deste ano. A diferença de 26,9 mil inscritos representa 2,4% de famílias.

Em maio, o programa atingiu o menor número de beneficiários nesse intervalo, e desde então, vem subindo gradualmente. O ministério justifica que há um fluxo natural de entradas e saídas no programa. “Esse movimento decorre do aumento da renda familiar e da falta de atualização cadastral, que também está, em grande parte, associada à melhoria de renda. As famílias beneficiárias devem atualizar seus dados a cada dois anos para que continuem recebendo seus benefícios”, esclarece, em nota.

De acordo com o MDS, este ano, estão previstos para o pagamento do Bolsa-Família R$ 27,1 bilhões, recurso 3,8% maior em relação ao ano passado, quando foram destinados R$ 26,1 bilhões ao programa. Segundo o ministério, o governo também batalha a manutenção do pagamento a 13,8 milhões de famílias nos próximos quatro anos. A medida consta no projeto de lei do Plano Plurianual (PPA), em discussão com a sociedade civil.

 

SAIBA MAIS

Bolsa-família

O Bolsa-Família é um programa de transferência direta de renda que atende famílias pobres (renda mensal por pessoa entre R$ 77,01 e R$ 154) e extremamente pobres (renda mensal por pessoa de até R$ 77). Há diversos tipos de benefícios. O básico, voltado para famílias em extrema pobreza, é de R$ 77. Famílias com gestantes e crianças e adolescentes de até 15 anos podem receber mais. Os valores variam de R$ 77 a R$ 336. O programa foi criado em 2004, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


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