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Estado de Minas ESTUDO

COVID-19 atinge principalmente mulheres, mas mata mais homens, diz UFMG

Segundo estudo da universidade, a maioria dos infectados atinge sobretudo o sexo feminino, com média de idade de 44 anos. Porém, incidência de mortes é superior no masculino


09/09/2020 19:51 - atualizado 10/09/2020 07:40

Sintomas mais comuns entre pacientes foi febre, tosse, falta de ar e dor ao engolir(foto: Mauro Pimentel/AFP)
Sintomas mais comuns entre pacientes foi febre, tosse, falta de ar e dor ao engolir (foto: Mauro Pimentel/AFP)

A pandemia do coronavírus no Brasil atinge majoritariamente pacientes do sexo feminino, com média de idade de 44 anos, mas os homens são os que concentram a maior porcentagem de mortes desde o início da doença. É o que aponta um estudo recente desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com base em informações clínicas e demográficas de 28.854 pessoas diagnosticadas com COVID-19 desde fevereiro. 
 
O levantamento foi feito com base em dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde de Pernambuco, que, na visão dos pesquisadores, foi uma das unidades federativas que mais cederam dados precisos da característica dos infectados. Os números obtidos ajudam a entender a característica dos pacientes, além de ajudar nas medidas de proteção.

"Selecionamos um estado que tem uma das maiores incidência das doenças. E Pernambuco também é o que tem mais transparência de dados da COVID-19. Isso é fundamental, porque conseguimos replicar os estudos e entender as análises propostas”, afirma o pesquisador Israel Júnior Borges do Nascimento, do Instituto de Ciencias Biológicas da UFMG e um dos coordenadores da pesquisa.

Segundo a professora Maria de Fátima Leite, que também coordenou a pesquisa, outros estudos serão feitos para acompanhar a dinâmica da doença no país, a fim de mensurar o controle da taxa de mortalidade: "É importante fazer essa avaliação com a população do país, porque não só existem diferenças do vírus propriamente dito, como existem diferenças genéticas da população. São alterações que você tem no estilo de vida e da alimentação. Vimos essas situações ocorreram na população do Brasil com essas altas taxas de mortalidade maiores que outros países. A faixa etária de mortalidade foi semelhante a que vimos em outros países. Mas não podemos falar sem contabilizar, como fizemos no estudo". 

O levantamento mostra que 56% dos infectados no país são mulheres, enquanto 44% são homens. Já com relação aos óbitos, foram notificadas 55% do sexo masculino, enquanto 45% são mulheres.
 
“É uma característica compartível com o perfil epidemiológico mundial. Não sabíamos até o momento ou sabíamos muito pouco quais eram as peculiaridades do coronavírus na população brasileira. Os homens em geral buscam menos assistência médica do que as mulheres. Eles tardam mais e chegam nos hospitais por causa de casos mais graves. Outro aspecto importante é o perfil clínico e sintomatológico dos brasileiros. Verificamos um perfil importante de quadro de febre, tosse, com saturação de oxigênio menor que 95%. Ressaltamos também a importância dos dados de vigilância epidemiológica para o entendimento do local dessa doença. Esse tipo de avaliação é fundamental”, afirma Israel Júnior. 

A pesquisa da UFMG também detectou que os sintomas mais comuns apresentados no momento do atendimento hospitalar, como tosse (42,39%), febre (38,03%) ou sensação febril, falta de ar/dificuldade respiratória com saturação de oxigênio <95% (30,98%) e dor ao engolir (odinofagia). 

De modo geral, a infecção por COVID-19 foi mais frequente entre adultos com idade entre 30 e 39 anos e, assim como em outros países, no Brasil também a mortalidade é maior em pacientes em faixas etárias mais avançadas, entre 70 e 79 anos. A taxa de mortalidade foi de 8,06%, a taxa de recuperação, de 30,7% e foi de 17,3% a taxa de pacientes que precisaram ser internados até sua recuperação total. O tempo médio entre o início dos sintomas e a morte foi de 10,3 dias. 

Evolução da infecção 

Maria de Fátima Leite entende que os dados permitem uma melhor compreensão da evolução da infecção na população brasileira e uma possível melhor resposta no seu enfrentamento. “Nosso estudo reforça a necessidade de sistemas de notificação compulsória em todo o mundo, para que se possa compreender melhor uma nova doença e avaliar de forma mais eficaz e mais ágil a possibilidade de novas pandemias”. 

Ela destaca ainda que a literatura com dados genuinamente brasileiros ainda é escassa e que, tentando contribuir melhor para preencher essa lacuna eles agora preparam o Registro Nacional de pacientes com COVID-19: “Ele está em fase final de análise dos dados”.


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