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Estado de Minas

Dor não esconde revolta de familiares de vítimas da tragédia na BR-381

Parentes de vítimas de acidente na Fernão Dias vêm a BH ceder material genético que ajude na identificação dos corpos e cobram punição dos responsáveis pela tragédia


postado em 06/07/2013 06:00 / atualizado em 06/07/2013 07:17

Maurício Marcondes perdeu dois irmãos no engavetamento quarta-feira à noite em Itaguara(foto: Edésio Ferreira /EM/D.A.Press)
Maurício Marcondes perdeu dois irmãos no engavetamento quarta-feira à noite em Itaguara (foto: Edésio Ferreira /EM/D.A.Press)
Ainda à procura de respostas sobre quem são os responsáveis pelo acidente que matou cinco pessoas carbonizadas na Rodovia Fernão Dias, em Itaguara, na Grande BH, parentes de quatro vítimas colheram ontem material biológico para a realização de exame de identificação dos corpos. Segundo a Polícia Civil, os testes devem ajudar também a reconhecer o ocupante de um Ford Fiesta que ficou completamente destruído pelas chamas e que não tinha qualquer identificação. O engavetamento que envolveu sete veículos e deixou quatro feridos na quarta-feira à noite foi causado por um congestionamento que se formou depois que um grupo de manifestantes bloqueou com pneus em chamas as pistas da BR-381, na altura do km 564, sentido BH-São Paulo. Surpreendido pela fila logo depois de uma curva, o motorista de uma carreta bitrem afirmou não ter conseguido frear a tempo e empurrou os outros veículos, que pegaram fogo. Revoltados com a tragédia, os familiares cobram agilidade nas investigações e reclamam da falta de sinalização na pista durante os protestos.

Depois de sair de Poços de Caldas, no Sul de Minas, às 1h30, parentes dos mortos enfrentaram mais de seis horas de viagem para colher saliva em um laboratório em Belo Horizonte e reclamaram da falta de informações sobre as circunstâncias da batida. O professor de cálculo Bruno Ferreira Alves, de 25 anos, é filho do motorista Francisco Lino Alves, de 54, que dirigia a Kombi que transportava pacientes de Poços de Caldas para tratamento médico em Belo Horizonte. Abalado, ele trouxe no bolso uma lembrança do pai. “É uma foto de quando eu tinha 8 anos, um momento de férias, de lazer ao lado dele”, conta o jovem.

Bruno diz saber muito pouco sobre o que ocorreu na estrada, mas aponta o protesto como um fator determinante para a colisão. “Meu pai era motorista há 23 anos e vinha para Belo Horizonte três vezes por semana. Ele conhecia aquela estrada, então acredito que faltou sinalização. É bem possível que essa manifestação tenha ocorrido de forma pouco responsável”, lamenta. O irmão mais novo de Francisco, Gaspar Lino Alves, explica que o condutor da Kombi já pensava em se aposentar. “Ele queria trabalhar até os 60 anos e depois aproveitar a vida na chácara que comprou com as economias de muitos anos. Meu irmão construiu a vida dele dirigindo, mas as manifestações e a imprudência do motorista da carreta bitrem acabaram com os sonhos dele”, diz Gaspar.

Casamento em vista

Enquanto esperava no IML informações sobre a liberação do corpo da filha, Nivaldo de Oliveira contou emocionado os planos que Crislene Guimarães de Oliveira, de 18, tinha para a família. A jovem vinha à capital mensalmente para acompanhar o tratamento do filho de 2, que sofre de uma doença no fígado. “Ela estava feliz. Planejava oficializar o casamento e queria construir uma casa com o marido”, relata. Inconformado com a forma como a filha perdeu a vida, ele exige uma resposta da Justiça. “O responsável tem de ficar preso, mas sei que é difícil.” A demora na liberação dos resultados de DNA também o incomoda. “É um absurdo ter de esperar de 30 a 90 dias para poder enterrar minha filha. Enquanto não liberarem o corpo, essa agonia não vai acabar”, lamenta.

Depois de receber a notícia da morte dos dois únicos irmãos, Maurício Marcondes, de 55, precisou da ajuda de um amigo para vir a Belo Horizonte. Tentando segurar o choro na saída da sala de assistência social do IML, ele contou apenas que a irmã, Maria Aparecida Marcondes, de 61, acompanhava Moacir Marcondes, de 54, que fazia um tratamento contra câncer em BH há cinco anos. Cunhado de Crislene, Ailton Felizardo Loro não se conforma com a falta de sinalização na pista, ocasionada pela falta de efetivo suficiente no dia do acidente, como informou ontem ao Estado de Minas a Polícia Rodoviária Federal. “Acredito que faltou atenção do motorista da carreta. Mas se a estrada estivesse sinalizada, talvez nada disso tivesse acontecido.”


Vítima do Fiesta
A Polícia Civil já tem pistas da identidade da quinta vítima do acidente, o motorista do Ford Fiesta que morreu carbonizado no interior do carro. Uma pessoa que se apresentou como parente do condutor procurou as autoridades e fez a coleta de material genético para o exame de DNA, procurando ajudar na identificação do corpo. A polícia não informou se a vítima poderia ser um homem ou uma mulher.


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