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Estado de Minas

Explosão de bimotor despertou vizinhos e hóspedes de pousada

Acidente mobilizou policiais, bombeiros e militares da Aeronáutica


postado em 29/07/2012 07:37 / atualizado em 29/07/2012 07:35

Juiz de Fora – A manhã começou com um estrondo seguido de minutos de pânico e perplexidade para moradores da Rua Doutor Décio Guanabarino, no Bairro Aeroporto, em Juiz de Fora, via próxima ao local da queda do bimotor da empresa Vilma Alimentos, na cidade da Zona da Mata. A explosão da aeronave tirou muita gente da cama, nas primeiras horas do dia de ontem. Por causa do choque com a rede elétrica, os moradores também ficaram sem luz e telefone grande parte do dia. “Foi um susto enorme. Na hora, eu estava no escritório e me abracei com um funcionário da pousada, porque o barulho foi muito forte e eu não sabia o que estava acontecendo. Estou tremendo até agora”, contou a dona da Pousada Aconchego de Minas, Ana Marta Martori, horas depois da tragédia. A casa estava com 58 hóspedes e teve um quiosque à beira da piscina destruído pelo avião na queda. Por sorte, ninguém se feriu.

Apesar da proximidade do aeroporto, a empresária conta que nunca havia imaginado que uma tragédia dessas pudesse ocorrer. “Em 1990, antes de montar a pousada, um acidente aéreo ocorreu na região, mas depois disso nada mais aconteceu”, lembrou. O aposentado Heloísio Honório, de 70, também relatou susto que ele e a mulher levaram logo pela manhã. “Foi um barulho assustador. Uma explosão violenta. As paredes de casa tremeram, mas a neblina lá fora era tão forte que não conseguíamos ver o fogo e a fumaça”, contou. Ele e família moram em frente ao local do acidente.

A localização dos corpos das vítimas e o exame dos destroços da aeronave levaram toda a manhã. O terreno da granja onde o avião caiu, no Bairro Aeroporto, era de difícil acesso, próximo a um lugar de mata fechada, segundo o capitão do 27º Batalhão da Polícia Militar Rubens Valério. Havia destroços desde o terreno da pousada até o imóvel vizinho. Entre os pertences pessoais das vítimas, foram recolhidos sapatos, carteiras, dinheiro e celulares, além de documentos de voo que devem ser usados para a perícia. “Não sobrou nada da aeronave. Dois corpos foram retirados debaixo do motor”, afirmou o militar. De acordo com o delegado Cláudio Dornelas, da Polícia Federal, houve um princípio de incêndio na mata, que foi controlado. A área foi isolada. Policiais federais, militares, civis e 20 bombeiros participaram do resgate dos corpos. Mesmo com o cerco das autoridades, o local atraiu muitos curiosos.


HOMENAGEM Por meio de nota, a empresa Vilma Alimentos lamentou o falecimento de seu presidente, Domingos Costa, do filho dele, Gabriel Costa, do executivo Cézar Roberto de Pinho Tavares e dos funcionários que viajavam a trabalho para Juiz de Fora, além do piloto e copiloto da aeronave. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) também prestou condolências pelo falecimento do empresário e se solidarizou com a família. “Empresário de visão, marcou sua trajetória pela capacidade empreendedora que trouxe grandes benefícios à economia de Minas Gerais”, disse o presidente da entidade, Olavo Machado Junior.

O governador Antonio Anastasia, também por meio de nota, lamentou o acidente e transmitiu sua solidariedade às famílias das vítimas. Destacou ainda a trajetória de sucesso de Domingos Costa, que transformou o grupo que dirigia em um dos mais importantes do país. Nota de pesar partiu também do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, que se solidarizou com a dor dos parentes e amigos.

Familiares das vítimas e funcionários da empresa estiveram no Instituto Médico Legal de Juiz de Fora para ajudar na identificação dos corpos. No fim da tarde de ontem, seis dos oito corpos haviam sido identificados. Horas depois, foram reconhecidas a gerente de Recursos Humanos, Adriana da Conceição Rocha Ezequiel Vilela, de 47 anos, e a gerente de Controladoria, Lídia Colares de Souza Lima, de 31, que estava grávida de dois meses. A previsão era que por volta das 22h todos seriam liberados para o traslado para Belo Horizonte.

Para hoje, está prevista a cremação dos corpos do presidente da empresa, Domingos Costa, e do filho dele, Gabriel Barreira Costa. A cerimônia será no Cemitério Parque Renascer, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Até o início da noite de ontem, o local e horário para enterro ou cremação dos corpos das outras vítimas não haviam sido ainda divulgados pelas famílias.

Sucesso em família
Domingos Costa era presidente da Vilma Alimentos e conselheiro do Cruzeiro (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )
Domingos Costa era presidente da Vilma Alimentos e conselheiro do Cruzeiro (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )

Ao fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a situação econômica europeia era caótica. Diante desse cenário, o italiano Domingos Costa e sua mulher Giuseppina decidiram migrar para o Brasil, onde o irmão dele, José, já vivia. Dois anos depois da chegada à capital mineira, em um imóvel alugado no Bairro Barro Preto, a família montava sua primeira fábrica de massas. Nos tradicionais moldes italianos, a produção era toda artesanal e a distribuição do macarrão para os armazéns, feita em carroças. Nascia ali a Massas Vilma – nome que só seria registrado em 1937.

Anos depois, um dos seis filhos de Domingos, Paschoal, assumiu a frente dos negócios, dando início a uma fase ainda mais promissora da empresa, com a construção do moinho de trigo para solucionar o problema de abastecimento do produto. Por ser o segundo da capital, o moinho das Massas Vilma ganhou em competitividade frente aos concorrentes.

Em 1979, Paschoal e a esposa Alba se mudaram para Montes Claros, no Norte do estado, para acompanhar de perto a expansão da companhia, deixando o filho Domingos Costa Neto, recém-formado em administração de empresas, no comando do moinho. No período, o custo da fabricação da farinha foi reduzido e criou-se o terceiro turno de produção, pagando horas extras ao funcionários, o que melhorou a produtividade. O poder administrativo fez com que Domingos passasse a cuidar dos investimentos da empresa, enquanto o pai tratava de questões ligadas à produção.

A partir dos ano 1990, quando a companhia adotou a nomenclatura Vilma Alimentos, a aposta foi na diversificação dos produtos, com a venda de refrescos em pó, gelatinas, salgados, pizzas e, claro, macarrão, o que lhe garantiu posição entre as primeiras do setor. Segundo o planejamento da empresa, dados os aportes previstos para os próximos anos, o faturamento anual da Vilma deve atingir a marca de R$ 1 bilhão.

Domingos Costa Neto, de 58 anos, era o único filho homem de Paschoal e Alba, pais de mais três mulheres. O herdeiro da marca mineira de sucesso assumiu o comando dos negócios quando o patriarca morreu, em 1997. Pai de quatro filhos, Domingos estava no segundo casamento. Pessoas próximas da família revelam que, além do espírito empreendedor, o empresário era doce e alegre.


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