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Estado de Minas

Seca destrói o meio ambiente

Além de ameaçar casas, plantações e parques, queimadas põem abastecimento em risco. Município de Catas Altas, na região do Santuário do Caraça, é obrigado a fazer racionamento


postado em 10/09/2011 06:00 / atualizado em 10/09/2011 07:07

Incêndio em parque durou vários dias e assustou moradores no Bairro Buritis, na Região Oeste de BH
Incêndio em parque durou vários dias e assustou moradores no Bairro Buritis, na Região Oeste de BH
O fogo que pôe mais da metade dos municípios mineiros em alerta, de acordo com satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é ameaça maior em 43 cidades que estão há até 120 dias sem chuva. O maior é Caratinga, no Vale do Rio Doce. O que registrou mais focos nestes quatro meses é Conceição das Alagoas, no Triângulo Mineiro, onde a umidade relativa do ar já atingiu níveis desérticos, chegando a 6%. Lá, houve 118 focos registrados pelos satélites na temporada de queimadas. De acordo com a prefeitura, as margens de rodovias e os canaviais repletos de bagaços secos de cana-de-açúcar das usinas são os locais onde as chamas queimam com maior intensidade. A cidade é a 27ª com mais focos no país. A pior é Cáceres, no Mato Grosso, com 197 focos.

Nos últimos dias, Belo Horizonte também tem sofrido com queimadas. Incêndios atingiram áreas de cerrado seco no Belvedere, Mangabeiras, Santa Lúcia e Buritis, onde os bombeiros conseguiram evitar que um posto de combustíveis fosse atingido, mas ainda averiguavam, nessa sexta-feira à noite, se as chamas poderiam voltar.

Além da ameaça do fogo a casas, lavouras ou parques longínquos, de acordo com especialistas, o fornecimento de água para as cidades e a lenta recuperação dos ecossistemas são problemas muitas vezes ignorados onde a política se resume ao combate às chamas.

De acordo com a professora do Departamento de Botânica da UFMG Maria Rita Scotti, especialista em áreas degradadas, incêndios muito intensos e frequentes destroem a vegetação que fixa a umidade no solo e podem prejudicar o abastecimento das cidades. “Sem essas raízes, a água penetra mais fundo no solo e se perde nas profundezas”, afirma.

Depois de 11 dias ininterruptos de fogo nos campos rupestres e na Mata Atlântica que cobrem a região do Santuário do Caraça, entre Santa Bárbara e Catas Altas, na Região Central do estado, o abastecimento de água da área foi seriamente prejudicado. Além do dano às matas ciliares e às nascentes que abastecem Catas Altas, o calor intenso das labaredas derreteu a tubulação que levava água para o município de 5 mil habitantes.
A prefeitura precisou implantar com urgência um regime de racionamento. Até essa sexta-feira, cerca de 20% da cidade ainda não tinham água. Segundo a administração municipal, três caminhões-pipa são usados para auxiliar o abastecimento, enquanto as tubulações que chegam da cachoeira da Santa e das Minas do Tamanduá serão trocadas por materiais mais resistentes.

O empobrecimento do solo é outro problema agravado pelo fogo. De acordo com Maria Rita Scotti, a recuperação natural fica comprometida por causa disso. “Além da flora, os micro-organismos que mantêm o solo fértil, com sua disponibilidade de nutrientes para as plantas que mantêm a fauna, podem ser drasticamente afetados. Assim, depois do fogo, a recuperação desse ecossistema pode ser muito demorada. O banco de sementes sob o solo também fica comprometido”, avalia.

Devastação Em um dos parques mais afetados nesta temporada de queimadas, o Santuário Natural do Caraça, onde mais de 500 hectares foram transformados em cinzas, há áreas devastadas pelo fogo em 2004 que ainda não se recuperaram até hoje, de acordo com a bióloga do parque, Aline Abreu. “Temos várias espécies ameaçadas e que levam tempo para conseguir repovoar áreas queimadas. As orquídeas, canelas-de-ema e bromélias demoram a germinar e a voltar”, diz.

Segundo a subsecretária de Meio Ambiente de Minas Gerais, Marília Carvalho de Melo, o período é crítico, mas o alerta não significa que os incêndios ocorrerão em todos os municípios apontados. “Esse perigo vem do registro de focos de calor. Para ter uma ideia, neste ano, detectamos 8.200 focos de calor em florestas e parques, dos quais apenas 213 se tornaram queimadas”, afirma.

A subsecretária informa ainda que mais brigadistas deverão ser formados para o próximo ano, mas que a prevenção aos incêndios deve ser a principal ferramenta para evitar a devastação florestal. “A maioria absoluta das queimadas é criminosa”, garante.


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