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Estado de Minas

Devedores pagam à vista e cancelam cartões por causa da crise

Pesquisa mostra que consumidores pensam mais antes de comprar e mudaram os hábitos na hora do pagamento


postado em 20/02/2017 06:00 / atualizado em 20/02/2017 07:59

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

O cancelamento de cartões de crédito, a opção pelo pagamento à vista e a análise se a compra é realmente necessária são algumas medidas cada vez mais adotadas por quem enfrenta dificuldades para fechar as contas no fim do mês. Em momento de retração econômica, com alto índice de desemprego e redução da renda, um levantamento da Confederação Nacional de Dirigente Lojistas (CNDL) aponta que os brasileiros estão aprendendo valiosas lições para sobreviver à crise.


O relatório de inadimplência divulgado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) aponta que 58,3 milhões de brasileiros terminaram o ano de 2016 em alguma lista de inadimplência. O número representa 39% da população brasileira adulta. Dos entrevistados que já estiveram com nome sujo, 89% garantiram ter mudado de atitude na maneira como lidam com suas finanças.


Pensar bem antes de fazer uma compra é uma nova atitude adotada por 34% dos inadimplentes. Outros 27% entrevistados afirmaram que só compram se podem fazer o pagamento à vista, 23% contaram que diante da situação de endividamento passaram a evitar usar o cartão de crédito e 11% adotaram medidas mais drásticas, cancelando os cartões.


“Estamos vivendo um momento muito difícil no cenário econômico do país e, apesar da expectativa de melhora, a situação continua muito ruim. No entanto, já percebemos mudanças positivas adotadas pelas pessoas que precisam fazer ajustes para passar pelo momento de turbulência com mais tranquilidade”, explica Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.

A economista ressalta que as mudanças de atitude não adiantarão se forem adotadas apenas durante o momento de contenção dos gastos e alerta que os brasileiros culturalmente não têm o costume de controlar com responsabilidade a vida financeira. “Quando a situação melhorar, em uma perspectiva otimista esperamos que melhore no segundo semestre, muita gente vai parar de fazer esses sacrifícios e voltar a se descontrolar com as compras. Outras podem usar esse momento de ajuste como aprendizado”, diz Kawauti.


O levantamento do SPC aponta que o percentual de inadimplentes no Brasil se estabilizou no fim do ano passado, no entanto, o motivo não é muito animador. “Em relação ao início do ano passado, o número está maior, mas nos últimos meses os inadimplentes pararam de crescer. Porém, a razão dessa estabilização é que menos pessoas tomaram crédito nos últimos meses. Os números só serão positivos quando as pessoas saírem da inadimplência conseguindo quitar seus débitos”, explica a economista.

Dicas para sair do sufoco

A dona de casa Solange Medeiros acompanha de perto o aperto enfrentado por muitas pessoas nos últimos anos e procura disseminar dicas para aqueles que perdem o sono com as dívidas. “Virou comum o superendividamento, com cidadãos abrindo falência como se fossem uma empresa quebrada. A facilidade do crédito há algum tempo favoreceu esse processo. Até pequenas lojas oferecem crédito de forma muito fácil. Muita gente usa o cheque especial como se fosse parte da renda e se esquece dos juros altíssimos. Outros não tomam nenhuma providência para mudar nada enquanto a situação não fica dramática”, alerta Solange.


“A primeira coisa que a pessoa precisa fazer é reconhecer que errou, que se endividou e que precisa mudar isso. Ela deve entender qual o tamanho do seu problema. Primeiro é buscar garantir o essencial, pagar as contas de água e luz. Depois jogar o cartão de crédito fora ou parar de usá-lo até que consiga quitar todas as dívidas. Outra medida é evitar ir nos lugares em que o apelo de compra é grande. E também buscar rendas alternativas para conseguir melhorar a renda. Por exemplo, quando a mulher não trabalha fora de casa, ela pode tentar vender bolos, costuras ou qualquer outra atividade”, aconselha Solange.


A coordenadora do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais, Lúcia Pacífico, aponta alguns cuidados que podem ajudar na economia financeira em períodos de dificuldades financeiras, como pesquisar preços em diferentes lojas e supermercados, fazer uma lista com os produtos que serão realmente necessários e buscar marcas mais baratas.

“O comportamento do consumidor tem mudado muito nos últimos anos e o período de crise contribui para isso. As pessoas pesquisam mais, estão mais exigentes, reclamam com os vendedores, questionam a qualidade do produto e pechincham sempre que possível. Talvez, após a crise, com o hábito já fixado, as pessoas possam manter essa cultura de economia para evitar se endividarem novamente”, avalia Lúcia.


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