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Estado de Minas

Em leve reação, indústria vai ganhar incentivos

Fábricas produziram 1,1% mais de maio para junho, mas primeiro semestre foi o pior desde 2009. Novos recursos para o setor serão anunciados pelo BNDES até novembro


postado em 03/08/2016 00:12 / atualizado em 03/08/2016 07:39

Rio de Janeiro – A diretora de Indústria e Insumos Básicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Cláudia Prates, afirmou que em três a quatro meses devem ser anunciadas mudanças na política operacional para o setor industrial. Segundo Cláudia, as prioridades continuarão a ser inovação e pequenas e médias empresas. Além disso, o BNDES buscará parceiros para investimentos de longo prazo e vai incentivar o mercado de capitais.


As alterações chegam num momento em que a indústria brasileira apresenta sinais de recuperação, ainda leves e distantes de uma retomada. A produção do setor cresceu 1,1% na passagem de maio para junho, com base em pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O ritmo das fábricas acumulou avanço de 3,5% nos últimos quatro meses de resultados positivos. Ainda assim, mostrou queda de 9,1% medida no primeiro semestre, o pior desde 2009, quando o recuo foi de 13%; e frente a junho de 2015 registrou queda de 6%.


“Vamos buscar parceiros para investimentos de longo prazo. A política operacional está sendo revista”, disse a diretora do banco, sem dar detalhes, em evento na sede da instituição que abordou apoio do BNDES à inovação. Na última semana, o BNDES divulgou mudanças na linha de crédito para construção de linhas de transmissão de energia. Antes, o banco financiava até 70% do valor do investimento em TLJP (taxa de juros de longo prazo). Agora são 50%. A TJLP é um juro mais baixo que o juro de mercado. Hoje, ela está em 7,5% ao ano, enquanto a Selic, a taxa básica de juros, está em 14,25%.

Embora tenha afirmado que a instituição vai incentivar o mercado de capitais, Cláudia não deixou claro se o banco poderá ampliar a fatia de crédito em TJLP como contrapartida caso o tomador busque se financiar no mercado. Na gestão de Luciano Coutinho, o banco elevava o teto financiado em TJLP para aqueles que emitissem debêntures (títulos da dívida), especialmente em projetos de infraestrutura.


O BNDES e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública de fomento à ciência, tecnologia e inovação, anunciaram ontem apoio de até R$ 3,6 bilhões para dois programas voltados para inovação nos setores de química e mineração. Serão R$ 2,4 bilhões para 27 projetos já selecionados na área química e uma estimativa de R$ 1,18 bilhão para a área mineral. Neste caso, o edital que prevê o apoio das duas instituições será lançado amanhã.


Para o setor químico, serão financiados, em média, até 70% do investimento e os projetos têm prazo de execução até 2021. O apoio será dado de diferentes formas, que envolvem desde crédito a renda variável, dentro do Plano de Apoio ao Desenvolvimento e Inovação da Indústria Química (Padiq). O Padiq é um dos programas gestados no âmbito do Plano Brasil Maior, lançado em 2011, visando ampliar a competitividade das empresas do setor.


A estimativa inicial de demanda era de R$ 2,2 bilhões, mas com a elevada procura – foram 62 projetos, dos quais 27 selecionados – serão aportados R$ 200 milhões adicionais. Os projetos se enquadram em seis temas principais, com destaque para uso de químicos para a indústria de higiene pessoal, cosméticos e perfumaria, além de energias renováveis.

NOVOS PROJETOS

De acordo com o diretor de Inovação da Finep, Victor Odorcyk, há potencial para o desenvolvimento de componentes químicos que podem substituir substâncias alergênicas ou cancerígenas, com aplicações em itens como mamadeiras e chupetas. Apesar do discurso do BNDES de ênfase nas pequenas e médias, 12 das 27 contempladas no Padiq são grandes companhias, como Natura e Bunge. Outras 12 são pequenas e médias. Três são médias-grandes.


Odorcyk informou ontem que deverá haver mais duas chamadas para novas seleções de projetos. No setor mineral, o programa se chama Inova Mineral. “São cinco linhas temáticas, incluindo o que chamados de minerais 'portadores do futuro', como nióbio e terras-raras (usados em aparelhos como laptop), além de novas tecnologias para mitigação de riscos ambientais, como sensoreamento de barragens”, disse Neves.

 

Perdas predominam

 

A recuperação da produção industrial, para analistas do setor, vai levar tempo, uma vez que o setor perdeu muito espaço na economia brasileira nos últimos anos. “O quadro vem melhorando aos poucos, mas ainda estamos muito longe de recuperar as perdas do passado recente”, afirma o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa. Ele acredita que as fábricas deverão encerrar o ano com redução da produção de 6%, depois do tombo de 8,2% no ano passado.
Em junho, 18 dos 24 segmentos da indústria pesquisados pelo IBGE tiveram resultado positivo (veja o quadro). A principal influência foi da atividade de veículos automotores, reboques e carrocerias, que registraram crescimento de 8,4%, portanto, acima da expansão de 5,5% verificada no mês anterior. Na direção oposta, os ramos que mais impactaram negativamente o desempenho da indústria foram produtos alimentícios (0,7%) e bebidas (2,6%).


O Banco Fator avalia que o movimento da indústria nos últimos meses mostra que o fundo do poço já ficou para trás, o que é corroborado pela melhora nos indicadores de confiança das empresas. Ainda assim, vê queda de 6,2% da produção neste ano. “Apesar de os estoques elevados ainda inibirem a produção, a melhor gestão macroeconômica e o avanço de reformas devem continuar impulsionando a retomada da confiança e ajudar a indústria a se recuperar no segundo semestre”, diz o Banco Votorantim em relatório enviado a clientes.

 

PDV na Volks

A direção da Volkswagen e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC fecharam na manhã de ontem acordo para evitar 3,6 mil demissões aleatórias na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Esse universo equivale ao total de funcionários ociosos que a fábrica alega ter, o equivalente a 30% de sua mão de obra. Pelo acordo, a empresa abriu um Programa de Demissão Voluntária (PDV), que até o dia 10 vai pagar até 35 salários extras a quem aderir às suas condições. Esse “pacote turbo”, como foi chamado pelos trabalhadores, é decrescente. Ou seja, o valor a ser pago é regressivo, assim, quanto antes o funcionário se inscrever, mais vai receber em valores extras.

 

 


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