
Brasília – O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou ontem, que a carga tributária é “altíssima” no Brasil, e que o governo não vai resolver a situação fiscal se decidir elevar impostos. A uma plateia composta pelo presidente em exercício, Michel Temer (PMDB,) e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, Skaf defendeu que o aprimoramento dos mecanismos de arrecadação e a busca de passivos que estão até o momento “perdidos”.
Skaf fez, ainda, defesa das concessões, dizendo que elas “não só criariam infraestrutura, mas também gerariam emprego”. Ele pediu “medidas emergenciais” para recuperar a confiança e destravar os investimentos, que descartem aumento de impostos. Entre as propostas, o industrial citou a redução dos juros, a ampliação do crédito e o estímulo às exportações. “Sendo atendidos esses pontos macroeconômicos, vamos retomar a confiança”, disse.
O presidente da Fiesp afirmou também que é preciso separar a crise política da crise econômica. No evento com empresários e o presidente em exercício no Palácio do Planalto, ele disse que não pretendia fazer reivindicações. “Estamos aqui para reiterar a crença e o amor que temos pelo Brasil, pela nação brasileira. É fundamental, para que possamos retomar crescimento, a confiança”, disse.
“Em primeiro lugar, temos de separar a crise política da econômica. É necessário que a crise política siga seu trilho para que se resolva, mas a crise econômica tem que ter trilho separado para que se retome o crescimento”, defendeu Skaf. Além de Temer e os empresários, acompanharam o discurso o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco, e o ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Marcos Pereira.
Skaf destacou que, para que o Brasil saia da crise, é preciso retomar o crescimento. “Se o governo precisa de mais arrecadação, ministro Meirelles, a solução é o crescimento. Se precisamos gerar empregos, precisamos de crescimento”, afirmou. Para isso, é preciso que haja retomada da confiança, defendeu o presidente da Fiesp. “Nós todos estamos à disposição, trabalhando noite e dia, sábados, domingos e feriados, para a retomada do crescimento no Brasil”, acrescentou Skaf, aplaudido pela plateia de empresários.
AJUSTE DIFÍCIL O ajuste fiscal no Brasil será um processo lento e bastante difícil, segundo Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do conselho de administração do grupo siderúrgico Gerdau, de Porto Alegre. O empresário participou ontem de evento em São Paulo promovido pelo Instituto Aço Brasil. “Um ajuste fiscal brasileiro é um processo lento e bastante difícil porque é muito dinheiro que está desbalanceado”, justificou ele, que estava na plateia e pediu a palavra durante painel que tratava da difícil situação enfrentada pela indústria.
Para Gerdau, o Brasil tem “só duas saídas: investir em infraestrutura e na exportação”. Ele afirmou que “o modelo de subsídios se esgotou” e reforçou que a indústria precisa ser fortalecida, por meio das exportações sobretudo, para que o País volte a crescer. “O momento político precisa entender que é preciso retomar o crescimento”, observou.
Jorge Gerdau criticou duramente o nível do juro básico da economia no país e chamou de “loucura” o patamar da taxa nacional. Em suas palavras, o alto nível do “custo do dinheiro inviabiliza a competitividade”. Ele citou que levando em conta um ranking global de juro real (em que a inflação é descontada), o Brasil lidera com folga a listagem apresentando taxa de 7%.
