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Estado de Minas

Recessão no Brasil freia o avanço dos Brics

Mau desempenho da economia do país e da Rússia refletem no resultado do grupo, que não vai cumprir previsão traçada


postado em 11/01/2016 06:00 / atualizado em 11/01/2016 07:38

Brasília – Os países emergentes despontaram, na década passada, como os motores da economia global. No auge da euforia, chegou-se a projetar que, com a nova ordem, a produção de riquezas do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — ultrapassaria a do G7, grupo das sete maiores economias do mundo, até 2030. O que se vê agora, no entanto, é um racha. A China ainda é protagonista, apesar da forte desaceleração, e a Índia mantém o vigor, enquanto as economias de Rússia e Brasil desandaram, com os dois países mergulhados na recessão, e a África do Sul segue no papel de coadjuvante. Agora, nada indica que a previsão vai se concretizar. Responsável pela maior decepção do acrônimo, o Brasil empurrou o seu futuro – e o do Brics – para depois.

Na avaliação de Barry Eichengreen, professor de Economia e Ciência Política da Universidade da Califórnia, Berkeley, a ideia de que os mercados emergentes têm a capacidade de crescer mais rapidamente do que as economias avançadas segue intacta, apesar de tudo. “Eles vão continuar a representar uma parcela crescente do Produto Interno Bruto (PIB) global ao longo do tempo. Mas não vão crescer até 2030 tão rapidamente quanto ocorreu nos últimos 10 anos. Acho que 2030 pode ser um pouco cedo demais para a data do cruzamento, quando os mercados emergentes e os países em desenvolvimento representarão mais da metade do PIB global”, afirma.

Nessa postergação, o Brasil tem papel fundamental ao perder as características que o credenciavam a fazer parte do grupo. Mas, para entender por que, é preciso saber o que era a nova ordem global. O termo Bric foi criado em 2001 pelo economista inglês Jim O’Neill — que depois adicionou a letra S em referência à entrada da África do Sul (em inglês, South Africa) — para denominar o conjunto de países com bom crescimento econômico, estabilidade política, mão de obra em grande quantidade e em processo de qualificação e diminuição da desigualdade social, entre outras características em comum.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reconfigurou o mundo do século 21, em seu relatório de 2013, anunciando que as nações em desenvolvimento assumiriam a liderança do crescimento econômico, ao retirar centenas de milhões de pessoas da pobreza e levar bilhões de outras a integrar uma nova classe média. “A ascensão tem decorrido a uma velocidade e escala sem precedentes. Pela primeira vez, os emergentes, no seu conjunto, serão o motor do crescimento econômico global e das mudanças sociais”, diz o relatório daquele ano, que ainda estima: até 2020, a produção conjunta das três principais economias do Brics — China, Brasil e Índia — terá superado a produção agregada de Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Japão, Itália e Canadá.

Com as crises de Brasil e Rússia e a desaceleração da China, isso não vai ocorrer. A última previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), feita em outubro de 2015, aponta quo o PIB do G7 somará US$ 41,9 trilhões em 2020, enquanto a produção de riquezas do Brics será de US$ 24,7 trilhões.

Marcos Troyjo, diretor do BricLab da Universidade de Columbia, admite que houve um desapontamento. “A China não cresce mais 10% ao ano. A Rússia, que prometia uma economia em transição, com estoque de capital importante, também teve um freio. Mas a maior decepção foi o Brasil, por conta da falta de reformas competitivas, além das barbeiragens macroeconômicas que a gente conhece”, explica.


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