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Estado de Minas

Exportações podem evitar corte de vagas no setor têxtil e de confecções

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) diz que a estratégia é reforçar o comércio com países da América Latina e Central e expandir as vendas para o México, Estados Unidos e Europa, além de outros mercados não tradicionais


postado em 07/08/2015 17:19 / atualizado em 07/08/2015 17:40

 O setor têxtil e de confecção, que fatura US$ 50 bilhões por ano, aposta nas exportações para contornar a atual crise econômica e reverter um cenário de queda na produção e de demissões que se arrastam desde 2014. Depois do tombo das vendas ao exterior devido à crise na Argentina, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) afirma que a estratégia é reforçar o comércio com países da América Latina e Central e expandir as vendas para o México, Estados Unidos e Europa, além de outros mercados não tradicionais. "O que queremos é retomar o market share de 1% do comércio global do setor nos próximos dez anos", afirmou o presidente da Abit, Rafael Cervone.

A meta é arrojada, uma vez que, apesar de já ter atingido este nível nas vendas mundiais há 20 anos, a atual participação da indústria têxtil brasileira está praticamente na metade, em 0,47%, segundo a Abit. Somam-se a este cenário, as expectativas da associação de quedas de 10% na fabricação de têxteis, de 12% na produção de vestuário e de 4% nas vendas de roupas em 2015. "Além dos estoques altos, o que acontece é que o poder de compra do brasileiro tem caído. A população tem começado a poupar", ponderou Cervone. Ele cita ainda, como complicador para o segmento, a disputa por clientes com os produtos eletroeletrônicos. "Há 15 anos, o nosso setor não tinha uma concorrência tão forte com celular, iPad e videogame", disse.

O presidente da Abit avalia que a recuperação não virá ainda em 2015, mas, se forem adotadas medidas no sentido de conquistar novos mercados, o setor pode ganhar fôlego a partir de meados do ano que vem. Cervone cita uma pesquisa da associação que mostra que, atualmente, 85% dos empresários do setor consideram exportar seus produtos no horizonte dos próximos 5 anos. Em novembro de 2014, o porcentual estava em 50%. "Já temos calculadas 776 ações de dezembro de 2014 a novembro de 2016, tratando de capacitação das empresas, inteligência competitiva, promoção comercial e participação em feiras e eventos no exterior", destacou.

As ações são parcerias desenvolvidas junto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e incluem a vinda de empresários e jornalistas estrangeiros para eventos no Brasil. "Agora, o governo está muito mais ofensivo em acordos de livre comércio", avaliou o executivo. "Estes acordos com México, Estados Unidos e Europa podem potencializar rapidamente os fluxos comerciais e ter resultados, sim, muito rápidos", observou. Ele cita a intenção de chegar a mercados não convencionais, como o Oriente Médio a Austrália e a Ásia.

A recente valorização do dólar ante o real é um dos fatores que devem impulsionar o faturamento do comércio com outros países. "No nível que está hoje, o câmbio já nos garante uma melhoria de competitividade que justifica ser mais otimista quanto ao futuro das exportações e à desaceleração no ritmo de crescimento das importações". Para Cervone, se a nova postura do governo provocar resultados no curto prazo, o resultado pode ser "muito significativo".

Uma das consequências positivas deste processo é o ganho de competitividade imposto pela necessidade de aumentar a produtividade para vender ao exterior. O presidente da Abit explica que as empresas que exportam precisam ser mais competitivas e, portanto, melhoram também comparativamente no mercado interno. "Isso favorece a nacionalização da produção de produtos que estão sendo importados". Segundo ele, atualmente há espaço para substituir cerca de R$ 2 bilhões anuais, do total de R$ 7 bilhões em têxteis importados.

Caged


Rafael Cervone avalia que o setor têxtil e de confecções é um dos primeiros a sentir os efeitos da crise econômica, que afeta, principalmente, as confecções, "o elo mais fraco da cadeia produtiva". Em consequência, o setor já cortou 15.684 vagas de emprego nos sete primeiros meses de 2015. Nos 12 meses até julho, as demissões superam as admissões em 53.781, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), e a estimativa da Abit é que este número chegará a 65 mil ao fim do ano.

Para o presidente da Abit, no entanto, o fim do ano pode trazer um alívio em consequência da crise. "Quando a situação financeira aperta, as pessoas deixam os eletrônicos de lado e presenteiam com roupas", afirmou Cervone. Ela avalia ainda que os momentos de crise são oportunidades para reavaliar pontos importantes relativos ao negócio e à economia que passam despercebidos quando a situação é positiva. "Grandes janelas de oportunidade acontecem quando se está no fundo do poço e o Brasil precisa de ajustes para melhorar a competitividade e o ambiente de negócios", comentou.


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