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Estado de Minas

Indústria corta vagas e desemprego avança em Minas Gerais

Faturamento da indústria despencou 14,46% de janeiro a abril na comparação com o mesmo período de 2014


postado em 04/06/2015 06:00 / atualizado em 04/06/2015 07:31

Dono de uma confecção em Formiga, Paulo César Costa encerrou os contratos com empresas terceirizadas que fabricavam parte de sua linha de produção. “Cerca de 30% do que fabricamos era terceirizada. Agora (toda mercadoria) é feita aqui”, lamentou o empreendedor do Centro-oeste de Minas, um dos principais polos de confecções e acessórios do país. O setor de confecção na região fechou o primeiro trimestre do ano com recuo no faturamento (1,51%), no total de horas trabalhadas (1,06%) e na quantidade de emprego formal (3,72%) no confronto com o mesmo período de 2014.


As estatísticas, levantadas pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), são reflexos do desaquecimento do consumo no mercado doméstico e fazem parte do estudo que vai mostrar os números dos indicadores da indústria têxtil do Centro-oeste mineiro referentes ao acumulado dos quatro primeiros meses do ano será divulgado pela Fiemg na próxima semana, mas a expectativa é de aumento nas quedas, principalmente no número de trabalhadores.

Em todas as regiões do estado, segundo a Fiemg, o faturamento da indústria despencou 14,46% de janeiro a abril na comparação com o mesmo período de 2014. Os dados da pesquisa Index, divulgada ontem, mostram que somente em abril ante março, em dados dessazonalizados, a queda foi de 7,14% e ante abril de 2014, recuo de 17,75%. A queda da indústria tem reflexo direto no emprego. Segundo a pesquisa, as horas trabalhadas nas indústrias mineiras diminuíram 10,02% até abril, 1,42% ante março (dessazonalizados) e 10,81% ante abril de 2014. Nas mesmas bases de comparação, a massa salarial real do trabalhador em Minas recuou 9,61%, 1,54% e 4,13%, respectivamente.

“Minas representa cerca de 10% da economia nacional. Mas as demissões estão em cerca de 20% do total do país, devido à característica do parque industrial do estado, que é mais concentrado nos segmentos que estão sofrendo mais com a crise", explicou o economista-chefe da Fiemg, Guilherme Leão. “Ainda há outros fatores, como juro elevado”, acrescenta Annelise Fonseca, economista da Fiemg.

O quadro da indústria mineira se repete em todo o país e nos outros setores da economia. O recuo nas vendas do varejo, que obriga a indústria a produzir menos e a reduzir os empregos, foi constatada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilio (Pnad), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo apurou que a taxa de desocupação no trimestre móvel encerrado em abril foi estimado em 8% para o Brasil, acima do resultado de igual trimestre de 2014 (7,1%) e à frente do acumulado encerrado em janeiro de 2015 (6,8%). A taxa é a maior para o trimestre desde 2012.

De acordo com o IBGE, o país contabilizou, no acumulado pesquisado, cerca de 8 milhões de pessoas sem emprego. No acumulado dos três meses anteriores, esse universo era de 6,8 milhões de homens e mulheres. Já o rendimento médio real dos trabalhos encerrou o acumulado no último trimestre móvel em R$ 1.855, abaixo do apurado no trimestre de novembro a janeiro (R$ 1.864) e menor até do que o registrado no mesmo trimestre do ano passado (R$ 1.862).

Diante disso, a massa do rendimento de todos os trabalhadores caiu pela terceira vez consecutiva (R$ 167,2 bilhões, R$ 166,4 bilhões, R$ 165,9 bilhões, R$ 165,5 bilhões). A redução da massa salarial compromete a próxima data festiva para o varejo, o Dia dos Namorados. Pesquisas indicam que, tradicionalmente, boa parte dos casais sempre gasta suas economias com vestuário e acessórios.

Boa parte deles é produzida justamente no pólo do Centro-oeste mineiro. A jovem Brenda Carvalho, de 19 anos e com três meses de namoro, deseja comprar uma boa roupa para o namorado. Mas ela ficou desempregada há algumas semanas. Resultado: dará ao amado uma lembrança. “Eu era operadora de caixa. Ainda não consegui uma nova vaga. Com isso, penso em comprar para meu namorado algo abaixo de R$ 100”.

 

Situação é pior do que o esperado

 

Diante da retração econômica que assola o país, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) deve rever para mais a previsão de queda no faturamento anual do parque fabril. No início de 2015, a entidade apostava numa redução de 5,19%. O novo índice deve ser divulgado nos próximos dias.

“Todos os indicadores devem fechar esse ano no vermelho. Como o segundo trimestre se mostra com a atividade (econômica) bem desaquecida, é bem provavelmente que a queda seja maior que 5,2%”, esclareceu Annelise Fonseca, economista da entidade.

De acordo com o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes, o segundo trimestre do ano está sendo pior do que o primeiro trimestre. “O primeiro trimestre foi ruim. O segundo está sendo e será pior”, disse. Para o ano, a entidade prevê uma queda de 5,19% no faturamento das fábricas. “Com certeza vamos revisar o porcentual para baixo em junho, porque não há perspectivas de melhora”, ressaltou, sem cravar ainda um valor.
 


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