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Estado de Minas

Mais de 55 milhões estão inadimplentes no Brasil

Com piora da economia, número de brasileiros com dívidas em atraso cresce 3,77% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em BH, calote avança 2,4% sobre março


postado em 13/05/2015 06:00 / atualizado em 13/05/2015 07:17

Movimento no setor de recuperação de crédito da CDL em BH. Taxas de juros mais altas pressionam orçamento e consumidor não tem como pagar todos os débitos em dia(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press 19/111/14)
Movimento no setor de recuperação de crédito da CDL em BH. Taxas de juros mais altas pressionam orçamento e consumidor não tem como pagar todos os débitos em dia (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press 19/111/14)

Brasília –
A cada dez brasileiros, quatro estão inadimplentes. Em abril houve aumento de 3,77% no número de devedores em relação ao mesmo mês do ano passado e alta de 1,16% em comparação a março. De acordo com os indicadores do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 600 mil pessoas foram inseridas em cadastros de devedores negativados no mês passado. No total, são 55,3 milhões de brasileiros estão devendo – o que equivale a 37,9% da população entre 18 e 95 anos. O número de dívidas em atraso também apresentou alta, de 5,02% na variação anual e 2,83% na mensal, maior crescimento para abril desde o início da série histórica, em 2010.

Os resultados mostram que a inadimplência, que vinha em trajetória de queda desde agosto de 2014, quando a variação da quantidade de dívidas atrasadas atingiu um pico de 5,43%, volta a subir este ano. Ao fim do ano passado, houve queda no estoque de dívidas e o consumidor conseguia arcar com os compromissos, mas os índices macroeconômicos deste ano mudaram o cenário. “Imaginávamos que fosse haver uma estabilidade nos níveis da inadimplência, mas o que vimos foi que a piora da economia se sobrepôs. O ajuste ao longo deste ano foi um pouco mais forte do que se esperava, mas, mais que isso, falta planejamento”, afirmou Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.

Em Belo Horizonte, segundo pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), a inadimplência aumentou em abril teve alta de 2,4% em relação a março e de 1,13% em relação ao mesmo mês do ano passado. De acordo com a economista da entidade, Ana Paula Bastos, o aumento da inadimplência está associado à perda de renda da população com os reajustes dos preços de produtos e serviços. “O orçamento dos consumidores está cada vez mais pressionado, resultado em dificuldade maior de manter as contas em dia”, afirma a economista. Ela atribui o aumento no número de consumidores com débitos em atraso também à elevação das taxas de juros.

Segundo Honório Pinheiro, presidente da CNDL, o crescimento da inadimplência foi também uma surpresa para o varejo, que costuma se basear no histórico dos anos anteriores. “Nós vivemos de datas sazonais. Já sabíamos do cenário deste ano, mas não com essa realidade de abril”, disse. Para ele, a desaceleração do PIB, o avanço das taxas de desemprego e o ajuste fiscal em curso são os responsáveis. “Isso tudo justifica a desconfiança do consumidor. Mesmo assim, esperamos que o ajuste fiscal seja finalizado e nos traga os resultados esperados. O crescimento da inadimplência complica muito nossa atividade”.

PLANEJAMENTO “O brasileiro se rende ao financiamento fácil para fazer uma compra, e nós sempre indicamos que ele prefira o pagamento à vista, para não ter dívidas de longo prazo. Quando as coisas estão indo bem, a falta de planejamento não é tão evidente. Mas, quando temos um ano devagar como 2015, isso tem reflexos mais extremos sobre a inadimplência”, completou Marcela Kawauti.

Entre 2013 e 2014, a situação financeira do analista de sistemas Rangel Carlos, 38 anos, estava excelente. Com um bom emprego, salário em dia, preços atrativos e facilidade de crédito, foi nessa época que ele comprou dois carros, deu entrada em um imóvel e gastou mais do que deveria com roupas e produtos supérfluos. Foi um choque quando, em fevereiro, entrou na lista dos 5 mil demitidos na empresa onde trabalhava. Hoje, com o nome sujo no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e dificuldade para pagar as dívidas feitas nos anos anteriores, Carlos busca renegociá-las. Um dos carros já precisou ser vendido, antes mesmo de terminar de pagá-lo. “Quando fiz essas compras, eu estava otimista. Não imaginei que chegaria a esse ponto”, lamentou.

A educadora financeira Myrian Lund, da FGV, diz que o controle dos gastos reduz as chances de endividamento. Com a inflação subindo e os salários estagnados, ela acredita ser essencial que as pessoas saibam se planejar, para que não entrem na lista de inadimplentes. “Se o gasto aumenta de um lado, inevitavelmente vai ter que diminuir de outro. A dica é fazer uma planilha com todos os gastos e se policiar, sempre”, recomendou. Evitar sair de casa com cartão de crédito, que acaba gerando compras por impulso, e nunca se comprometer com gastos que não estejam previstos no orçamento são atitudes que podem fazer a diferença. “É importante ficar atento às prioridades e, a partir disso, ver o que se pode ou não comprar”, explicou Myrian.


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