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Estado de Minas TROCA DE MARCHA NAS MONTADORAS

Grande ABC deixa para trás esperança de bons empregos e vive onda de demissões

Em todo o país, o setor automotivo já dispensou 12,4 mil pessoas só no ano passado


postado em 25/01/2015 00:12 / atualizado em 25/01/2015 07:41

Paulo Henrique Lobato - Enviado especial

São Bernardo do Campo – Corria a década de 1980 quando Pedro, então um jovem de 20 anos, deixou a terra natal, uma pacata cidade no Norte de Minas, para ganhar a vida como metalúrgico em São Bernardo do Campo (SP). Lá, ele se casou e teve filhos. Sustenta a família com o salário pago por uma fábrica de automóveis. Na primeira semana de 2015, o hoje senhor de quase 50 anos foi um dos 800 colaboradores dispensados pela montadora. As demissões foram revogadas depois de os outros 12 mil funcionários da multinacional organizarem uma greve que durou 10 dias. Pedro, agora, não leva mais uma vida tranquila.

Nem ele nem boa parte de um incontável número de brasileiros que migraram para o ABC paulista, há algumas décadas, atrás das milhares de vagas oferecidas pela metalurgia no polígono conhecido como o primeiro centro da indústria automobilística do país. A região abriga páginas importantes da história política e econômica do Brasil. Basta lembrar que o polígono é o berço do movimento sindical contemporâneo, onde greves resultaram na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Muita gente que deixou a terra natal tem receio de que o sonho se transforme em pesadelo. Vários são mineiros. Alguns balanços mostram que o Grande ABC já não é mais o mesmo eldorado para quem busca emprego no setor. Por vários motivos. Um deles é o fato de as fábricas de lá inaugurarem plantas em outras praças, como a Mercedes-Benz, que tem uma unidade em São Bernardo do Campo e outra em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Outro é a retração no mercado doméstico.

Mercado Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que o licenciamento de autoveículos, em todo o país, caiu 7,1% de 2013 para 2014, de 3,77 milhões para 3,5 milhões. Numa toada ainda maior, a produção despencou em 15,3% na mesma base de comparação, de 3,71 milhões para 3,15 milhões. Inicialmente, o setor previa uma queda em torno de 10%. A chegada de montadoras ao Brasil, sobretudo as asiáticas, também tornou o mercado mais competitivo.

A queda nas exportações, principalmente para a Argentina, também tem peso na retração do setor – as vendas para o país platino recuaram em mais de 50%. Os números ajudam a entender o porquê de a Volkswagen ter planejado a dispensa de 800 funcionários, no início de 2015, em São Bernardo do Campo. A Mercedez-Benz demitiu 160 na unidade da mesma cidade. No mesmo município, a Ford ampliou o período de férias coletivas. Já a General Motors (GM) suspendeu o contrato de trabalho de 100 empregados de sua planta em São Caetano do Sul, também no ABC, no início da semana.

Trata-se do chamado lay-off, que pode durar até cinco meses e no qual o colaborador recebe uma parte do rendimento pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e outra pela empresa. Nessa modalidade, o funcionário é obrigado a participar de cursos de qualificação. Não há o depósito do FGTS. Em todo o país, o setor dispensou 12,4 mil pessoas em 2014.


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