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Estado de Minas

Estudo da Firjan mostra que está 11,6% mais caro fabricar no Brasil desde 2010


postado em 07/12/2014 06:00 / atualizado em 07/12/2014 08:07

Nas indústrias têxteis, pressão foi ainda maior e chegou a 28,2% (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 25/11/10)
Nas indústrias têxteis, pressão foi ainda maior e chegou a 28,2% (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 25/11/10)

Brasília –
No atual cenário da indústria de transformação brasileira, a produção está cada vez mais cara, comprimindo a lucratividade. Neste ano, até junho, o Custo Unitário do Trabalho (CUT) aumentou 2,4%, de acordo com pesquisa que acaba de ser concluída pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), responsável pelo indicador. Desde 2010, a variação foi de 11,6%. Isso mostra o quanto ficou mais caro, em termos reais, fazer cada produto.

Além de descontar a inflação, o cálculo do CUT também leva em conta o aumento de eficiência da indústria. O Custo da Hora Trabalhada (CHT) subiu 11,9% em quatro anos. E a produtividade ficou praticamente estagnada. Cresceu apenas 0,2%, um ganho que, embora marginal, explica por que o CUT é menor do que o CHT. “Até 2009, antes da crise, tínhamos um ciclo virtuoso, em que os salários subiam junto com a produtividade. Isso é ótimo, porque amplia o mercado. Mas agora não: só os salários sobem, e fica cada vez mais caro produzir”, aponta o gerente de economia e estatística da Firjam, Guilherme Mercês.

Os 11,6% indicam a média de aumento de todos os setores da indústria de transformação pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sete tiveram elevação de custo maior que isso: meios de transporte (27,7%); têxtil (28,2%); alimentos e bebidas (22%); borrachas e plástico (19,4%); máquinas e equipamentos (19,1%); metalurgia básica (15%); e minerais não metálicos (11,9%). Houve desempenho melhor do que a média em outros sete setores: vestuário, com elevação do CUT de 11%;  produtos de metal e os produtos da indústria de transformação (ambos com 10,9%); calçados e couro (6,2%); produtos químicos (5%); e, na ponta mais positiva do desempenho, estão os únicos setores que tiveram redução do CUT em quatro anos: coque, refino de petróleo e biocombustíveis (queda de 0,3%) e madeira (18,9%).

Parte do aumento de custos vai para os preços, um dos fatores que levaram as exportações de manufaturados a cair em outubro 30,3% em relação ao ano anterior, redução maior do que no caso dos produtos básicos. Há, certamente, países que também tiveram aumento no CUT em quatro anos, como França (5,8%), Reino Unido (5,2%) e Estados Unidos (1,3%). O problema é que do outro lado, nos países que tiveram redução de custos, estão concorrentes fortes da América Latina: México, com queda de 6,3%, e Colômbia (12,7%).

“A indústria brasileira tem problemas de competitividade. Superá-los passa por reformas na legislação trabalhista. Certamente os sindicatos vão reclamar, mas é difícil pensar em uma alternativa”, afirma Janwillem Acket, economista-chefe do banco suíço Julius Baer. Mercês chama a atenção para o fato de que outros países emergentes passaram por reformas da legislação trabalhista. “O México fez isso em 2012, com foco na terceirização, uma discussão que aqui está parada no Congresso Nacional”, alerta. Outra necessidade urgente apontada pelas entidades de representação da indústria é a reforma tributária, com a redução ou, pelo menos, a simplificação dos impostos, cujo pagamento consome hoje muitas horas de atuação de profissionais altamente especializados.

TEMA COMPLEXO

A produtividade é um tema dos mais complexos, a começar pela medição, nem sempre fácil. O Instituto de Pesquisas Econômica Aplicadas (Ipea), lançou no mês passado o primeiro volume do livro Produtividade no Brasil, na tentativa de traçar um diagnóstico do problema. O economista Regis Bonelli, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), e autor de um dos textos, afirma que há problemas dentro das empresas, ou dos setores produtivos, e fora dali, no ambiente mais amplo do país. “Quase todas as variáveis são endógenas. Mas há uma claramente exógena é a infraestrutura. Basta ver a diferença que faz para uma fazenda, uma empresa, instaladas em uma estrada de terra o fato de asfaltarem aquela via. Por isso o país precisa investir maciçamente em infraestrutura”, afirma.


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