O terreno foi adquirido em outubro do ano passado pela C-Sul, grupo que traz em seu guarda-chuva empresas como Asamar, Alicerce Empreeendimentos, BVEP (braço imobiliário do Banco Votorantim), AGHC e Mindt. “A intenção é que o projeto seja desenvolvido a longo prazo, durante as próximas três décadas. Depois do Centro da capital e da Pampulha, a Lagoa dos Ingleses seria uma terceira onda”, diz o diretor-executivo da C-Sul, Adriano Lima e Silva. O executivo também não descarta a comparação com o Rio de Janeiro, onde a Barra da Tijuca ocupou uma região da cidade com infraestrutura para criar bairros com vida própria. “Não temos o mar, mas temos a Lagoa dos Ingleses, que é muito contemplativa. Queremos retomar o jeito mineiro de viver, em um bairro com serviços, esquinas, ciclovias, onde é possível andar a pé.”
De acordo com o grupo C-Sul, dos 27 milhões de metros quadrados, 70% será preservado e a ocupação ocorreria em 9 milhões de metros quadrados, tomando 30% da área total. A região será uma espécie de antítese do modelo desenvolvido em outras regiões da capital, que desenvolveram a parte residencial, mas não trouxeram junto serviços, indústria e comércio. “Não queremos repetir erros cometidos no passado. Vamos disponibilizar uma infraestrutura capaz de evitar o movimento de pêndulo, por isso não temos pressa. É um projeto de longo prazo. Quem morar na região poderá trabalhar, estudar e ter diversão no local, desafogando Belo Horizonte”, aponta Lima e Silva.
Segundo o executivo, com a finalização do master plan o projeto entrará na fase de licenciamento ambiental, o que deve ter duração estimada em dois anos. A partir daí, o grupo inicia as obras de contrapartida (medidas mitigadoras) e também de infra-estrutura, como serviços de água, saneamento básico e energia elétrica.
O objetivo é que a infraestrutura chegue antes do desenvolvimento residencial, que deve crescer no local com a oferta de serviços, comércio e até mesmo investimento industrial. O primeiro grupo a anunciar investimentos na área do C-Sul foi o Iguatemi, que comunicou a construção do Premium Outlet, com investimento de R$ 140,7 milhões, gerando emprego para 800 pessoas.
Núcleo urbano
“A nova região não será um condomínio fechado”, explica Lima e Silva. A “Barra da Tijuca mineira” deve reunir bairros com calçadas largas, ruas pequenas, ciclovias, transporte urbano, área hospitalar, drogaria, universidades, teatro, jardim botânico, parques, serviços financeiros, escritórios, enfim tudo que permita à região ter vida própria. O master plan é único, mas segundo o grupo C-Sul existem conceitos semelhantes do modelo de desenvolvimento urbano planejado em Floriamopólis, no Sul do país, Uberlândia, no Triângulo Mineiro, também em Copenhague, na Dinamarca e em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Atualmente, Belo Horizonte tem ocupação aproximada de 7 mil habitantes por quilômetro quadrado. A intenção é que a região tenha ocupação de mil habitantes por quilômetro quadrado. A proposta é que a região seja desenvolvida ao longo de três décadas junto com a concessão da BR040, via que está às margens da Lagoa dos Ingleses.