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Estado de Minas

Cerveja industrial perde espaço para as artesanais

Bebida registra alta acumulada de 9,35% de janeiro a outubro; BH se consolida como polo produtor


postado em 04/12/2013 06:00 / atualizado em 04/12/2013 07:38

Helbert Barbosa é fã de cervejas importadas e artesanais, mas reduziu as idas ao bar e começou a produzir a própria cerveja para economizar (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
Helbert Barbosa é fã de cervejas importadas e artesanais, mas reduziu as idas ao bar e começou a produzir a própria cerveja para economizar (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)

O aumento do preço da cerveja e a Lei Seca estão empurrando o consumo da bebida, um dos hábitos arraigados entre os brasileiros, para segundo plano. Por outro lado, a alta da cerveja industrial consegue dar impulso às microcervejarias que se espalham por Minas Gerais – um total de 30, segundo informações do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral (Sindbebidas-MG). Isso porque, com preços das cervejas tradicionais em elevação, as artesanais estão ganhando em competitividade, além de se destacar por um melhor custo-benefício. Segundo levantamento do site de pesquisas Mercado Mineiro, em outubro, o preço das bebidas industriais variou de R$ 6,55 a R$ 7,40 a garrafa com 600 ml, enquanto as artesanais custam a partir de R$ 10.

Fernando Júnior, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), lembra que a importância que o consumidor tem dado à qualidade dos produtos, e não mais à quantidade consumida, ajuda a puxar a venda das artesanais. “Nas demais cervejas, já experimentamos queda de 5% no consumo, muito em função dos preços, e a nossa percepção é de migração para as artesanais, mas também para vinhos, vodcas e caipis”, lembra. “Com as pessoas bebendo menos em função da Lei Seca, por vezes acaba dando preferência a produtos que oferecem mais qualidade e experiência”, acrescenta.

Embora tenha sentido efeitos semelhantes aos das grandes cervejarias, com retração de produção e faturamento, Paula Lebbos, diretora de Marketing da cervejaria Backer, que tem produção superior a 240 mil litros/mês, atribui os resultados do ano ao crescimento da cultura cervejeira. “Sentimos uma retração em relação à economia em geral, à falta de dinheiro no mercado e à entrada de marcas importadas com preços acessíveis e esperávamos crescimento maior do que o que deve acontecer”, diz. “No entanto, o público de bebidas especiais continua crescendo, e isso favorece o nosso negócio”, reforça Paula. A cervejaria está investindo R$ 5 milhões na ampliação do seu parque, especialmente para receber os visitantes.

Alencar Barbosa, sócio da Cervejaria Küd, que lançou ano mercado as garrafas de 600ml este ano, ao preço médio de R$ 15, acredita na expansão do setor para os próximos anos, apoiado pelo surgimento de uma imensa variedade de rótulos, principalmente na região de Nova Lima, na Grande BH, onde a produção de cervejas foi enquadrada como atividade artesanal. Entre as vantagens frente à cerveja industrializada, ele destaca a carga cultural do produto, que dá ao consumidor a vantagem de saber como ele é fabricado. “Muitos consumidores entram no mercado artesanal pela curisosade, e não pela busca do melhor preço”, comenta.

A cervejaria Backer investiu R$ 5 milhões na ampliação de seu parque cervejeiro no Bairro Olhos D´Água, em BH (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
A cervejaria Backer investiu R$ 5 milhões na ampliação de seu parque cervejeiro no Bairro Olhos D´Água, em BH (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
CRISE DA CEVADA

 

Com a inflação castigando o orçamento dos consumidores, os brasileiros têm buscado alternativas. De janeiro a outubro, o preço da cerveja subiu 9,35%, duas vezes mais que a inflação oficial — de 4,38%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Desde junho, quando começou a construir a casa própria, o analista de sistemas e cervejeiro Helbert Barbosa viu sua renda comprometida e reduziu em 70% o consumo de cerveja. “Gosto de cerveja de mais qualidade, por isso pago de R$ 10 a R$ 12 por garrafa. Além disso, tenho uma despesa de pelo menos R$ 30 com táxis a cada ida ao bar”, justifica. A opção para reduzir os gastos, segundo ele, foi a compra da bebida para o consumo em casa, além da fabricação de sua própria cerveja. “Gasto menos fazendo 5 litros de cerveja do que comprando 5 litros de cerveja num bar”, considera.

A decisão de consumidores como Helbert resultou em queda de 2,5% na produção nacional da bebida, de janeiro a novembro, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Receita Federal. Na Ambev, maior fabricante do país, as vendas recuaram 4,7% entre janeiro e setembro. Para tentar reverter o quadro, a empresa promete não aumentar o preço cobrado dos pontos de venda nos próximos meses. A campanha Verão sem aumento distribuirá cartazes para mais de 500 mil estabelecimentos em todo o Brasil até 15 de dezembro e vai indicar aqueles que não elevarem os preços.

O gerente de comunicação da Ambev, Ricardo Amorim, disse que essa é uma das táticas para incentivar o consumo da bebida. “Outras apostas foram refazer algumas embalagens e tornar os preços mais atrativos, principalmente no Nordeste, para onde brasileiros de outras regiões costumam viajar nas férias. “Mesmo com o quadro ruim, resolvemos abrir mais duas fábricas: uma em Uberlândia (MG) e outra no Paraná”, disse Amorim. O investimento previsto é de R$ 3 bilhões. (Colaborou Guilherme Araújo)


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