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Estado de Minas

Economia de R$ 0,01 na poupança pode render mais de R$ 5 mil em 30 anos

Consultoria estima que cada brasileiro desperdice por ano cerca de R$ 35 por abdicar dos centavos no dia a dia. Além disso, aponta que 26% das pessoas deixam os níqueis parados em casa por até 12 meses


postado em 08/09/2013 06:00 / atualizado em 08/09/2013 08:29

Muitas vezes desprezadas, as moedinhas de centavos podem render mais do que se imagina. Não raramente trocadas por balas no comércio ou mesmo ignoradas, elas, contudo, têm — e muito — valor. A DSOP Educação Financeira simulou quanto o consumidor conseguiria lucrar caso aplicasse R$ 0,01 por dia. Se levados em consideração uma inflação de 6% ao ano e o rendimento mensal da caderneta de poupança a 0,5% ao mês, em 30 anos seria possível juntar R$ 5 mil (veja arte).

A consultoria estima que cada brasileiro desperdice por ano cerca de R$ 35 por abdicar dos centavos no dia a dia. Além disso, aponta que 26% das pessoas deixam os níqueis parados em casa por até 12 meses. "Não há consciência do valor das moedinhas, mas elas também são dinheiro. Fazem parte da renda e podem contribuir bastante para a realização de um sonho, por exemplo", destaca Reinaldo Domingos, presidente da DSOP.

A professora Nanci França, 55 anos, sabe bem disso. Desde criança, ela tem o hábito de valorizar cada centavo. E a prática de depositá-los na poupança rendeu frutos. Em quatro anos, Nanci conseguiu juntar R$ 50 mil, dinheiro com o qual construiu uma casa. "Quem valoriza o pouco, no fim, tem muito", afirma. A docente conta que já até brigou em uma loja porque fez questão do troco de  R$ 0,05. "A funcionária do estabelecimento fez cara feia, como se eu estivesse pedindo um favor. Se estivesse faltando o mesmo valor para comprar o produto, certamente não iriam me deixar levá-lo", reclama.

A servidora pública Cristiane Oliveira, 54, também não deixa os centavos para trás. Nem que para isso tenha de chamar o gerente do estabelecimento. Para ela, receber bala como troco é inaceitável. "Meu dinheiro tem valor e eu cobro mesmo." E não adianta o varejista argumentar que não tem os níqueis para dar, ressalta. "Uma vez, no supermercado, exigi os R$ 0,05 que estavam faltando. Briguei, e eles vieram com um pacote de moedas. Como não tem?", insiste.

Na análise de Domingos, esses centavinhos fazem a diferença na hora de planejar o orçamento familiar. Para isso, explica ele, é importante que se estabeleça uma meta a atingir com eles, como viajar ou comprar um bem, por exemplo. "É mais fácil guardar R$ 1 do que R$ 100. No entanto, de pouco em pouco, esse R$ 1 pode se tornar R$ 200, R$ 300. Aí é que está a diferença", destaca.

A especialista em finanças pessoais Cássia D’Aquino ressalta a importância de colocar as moedinhas em circulação. "Assim como as cédulas, elas precisam ser movimentadas. Não podemos prendê-las em cofrinhos ou ignorá-las", diz. E a quem não gosta de carregar os níqueis na carteira ou na bolsa, por causa do peso, ela aconselha: "É possível juntar um pouquinho e trocar por notas".

Cássia lembra ainda que muitos consumidores não conseguem fazer circular as moedas porque as perdem, sobretudo dentro de casa. "Muita gente tem preguiça de pegá-las, principalmente se forem de baixo valor, como as de R$ 0,01 ou de R$ 0,05", observa. Uma pesquisa do consultor financeiro Pedro Braggio comprova isso. O estudo dele mostra que 80% dos brasileiros fazem pouco caso ao perceberem que há uma moeda no chão, seja na rua ou no domicílio.

"Geralmente, esse comportamento é observado em pessoas mais jovens. As mais velhas costumam dar mais valor", avalia Braggio. Ele afirma que é comum ver os níqueis jogados em pontos turísticos por muitos anos, alguns até em decomposição. "Eles estão parados, perdidos e fazem falta no mercado. Não se deve deixá-los de lado", argumenta.

CONSCIÊNCIA A comerciante Maria Martins, 56, acredita que valorizar a renda é uma questão de cidadania e respeito com o próprio bolso. "Quando vejo uma moeda caída na rua, eu pego", conta. Além disso, ela exige cada centavo de troco quando necessário e não tem medo de cara feia. "Trabalho no comércio e sei que o meu dinheiro é suado." Maria conta que aprendeu a dar valor ao dinheiro depois da onda inflacionária dos anos 1980, quando o preço das mercadorias mudava de um segundo para o outro.

Hoje, apesar a instabilidade do real, a comerciante controla tudo o que entra e o que sai do orçamento. "Por isso, tenho que cobrar todos os trocos possíveis, pois juntando tudo que dá para comprar outra coisa ou pagar uma conta." O consultor financeiro Pedro Braggio diz que todos os consumidores deveriam se espelhar em Maria. "A população precisa ter consciência do valor e do que se perde ao ignorar aquele R$ 0,01 ou R$ 0,03 no mercado, na padaria."

Para fazer bom uso das moedinhas, os especialistas em finanças pessoais orientam não desperdiçar nem ignorar as de pequeno valor. A sugestão é guardá-las e, à medida que se alcance uma quantia razoável, trocá-las por notas em bancos ou em estabelecimentos comerciais. Dessa maneira, segundo os economistas, os níqueis podem circular e garantir o troco de muitas pessoas.

Se guardá-las é um problema, a dica é que o consumidor se obrigue a usar as moedinhas todos os dias. "Vale lembrar-se delas na hora de comprar uma bala, o pãozinho ou até mesmo um pacote de arroz ou de feijão. Não se deve perder nada", enfatiza Braggio. (ACD)

Clique para ampliar a imagem(foto: Danilson Carvalho/CB/DA Press)
Clique para ampliar a imagem (foto: Danilson Carvalho/CB/DA Press)


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