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Estado de Minas

Operação da Polícia Federal prende 17 doleiros em Minas

Corretores são acusados de pagar fornecedores da indústria têxtil no exterior em transações para sonegar impostos


postado em 09/08/2013 06:00 / atualizado em 09/08/2013 07:30

Um esquema de remessa ilegal de divisas para o exterior para o pagamento de débitos de empresas do ramo têxtil a fornecedores asiáticos foi desarticulado por uma operação da Polícia Federal (PF). Segundo a investigação, doleiros que atuam na alta sociedade de Belo Horizonte eram acionados para enviar milhões de dólares ilegalmente para contas no exterior. Simulação feita por agentes da PF mostram que tais operações permitiam às empresas reduzir os pagamentos em até 23% do montante total, causando prejuízos para os cofres públicos. Ontem, 17 pessoas foram presas e outras 16 conduzidas para prestar depoimento.

As investigações tiveram início em novembro do ano passado. À época, o foco da Polícia Federal estava em um dos núcleos financeiros. O avanço dos trabalhos permitiu à PF identificar que os doleiros atuavam em uma enorme rede, em que cada um trabalhava individualmente, embora houvesse colaboração entre eles. Segundo a delegada responsável pela operação, Tatiana Torres, os suspeitos se falavam diariamente para combinar os valores do dólar paralelo em Belo Horizonte e, inclusive, para compartilhar serviços de maior vulto.

Além do comércio irregular de dólares para brasileiros que vão viajar para o exterior, o maior volume de dinheiro negociado pelos doleiros era originário de empresas têxteis de Divinópolis, polo de moda do Centro-Oeste mineiro. Os profissionais eram contratados para enviar dinheiro ao exterior para o pagamento de fornecedores chineses, tailandeses e de outros países asiáticos. O dinheiro era enviado para conta de “laranjas” no exterior. “Trata-se de uma atividade socialmente aceita, mas a lei está lá e precisa ser cumprida. Por trás desse esquema tem toda uma estrutura danosa aos cofres públicos para lavar o dinheiro de diversos crimes”, afirma a delegada. Segundo ela, os presos são conhecidos na alta sociedade mineira.

De acordo com lista obtida pelo Estado de Minas, entre os presos estariam Alex Dombeck Schott, Carlos Helvecio Pires Rocha, Leonardo Silva Ferreira de Souza, Ivantuil Teles Júnior, Rogério Arcuri Villela, Luiz Carlos França Campelo (Califa), Januária Vieira de Queiroz, Amarildo de Almeida Elias, José Urbano da Silva, Nicea de Menezes Machado, Carlyle Carmelo Mesquita, Márcio Farah Elias, Heli Lamounier Costa, Tarcísio Fernandes Moreira, Ary Martins da Costa Júnior, Lessando Teixeira de Matos e Maria Aparecida Moreira Couto – informação não confirmada pela Polícia Federal.

O vaivém de reais, dólares e euros, entre outras moedas, se dava também pelo esquema conhecido no meio como dólar cabo (ou transferência de cabo). Pelo sistema, o cliente repassa o valor combinado para o doleiro e o mesmo acorda com outro doleiro de sua confiança, no exterior, para que seja feito o pagamento lá fora. O doleiro estrangeiro fica com um crédito para uma futura operação. No caso, toda operação era feita na base da confiança. Em um dos casos citados na investigação, segundo a PF, um doleiro de Belo Horizonte teria tido prejuízo de R$ 1,5 milhão depois que um colega decidiu abandonar a atividade.

A partir das investigações desencadeadas pela Polícia Federal, órgãos dos Estados Unidos também deram início a auditoria para apurar a atuação de um mineiro residente na Terra do Tio Sam. Proprietário de agências de remessa de câmbio espalhadas pelo exterior, o homem estaria remetendo valores superiores aos declarados aos bancos.

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Apreensões

A Polícia Federal cumpriu 28 mandados de busca e apreensão em escritórios que funcionavam para operação de compra e venda de dólar e imóveis situados em bairros nobres da Região Centro-Sul. Nos locais, foram encontrados R$ 800 mil, US$ 150 mil e 40 mil euros, em dinheiro, além de R$ 110 mil em cheques. Segundo a Polícia Federal, o montante era referente somente ao total negociado na manhã de ontem, o que demonstra o grande volume que circula pelas mãos dos doleiros da cidade. Também foram apreendidas obras de arte e três veículos – um Hyundai Santa Fé, um Toyota Hylux e uma BMW (modelo não confirmado).

Segundo a Polícia Federal, os presos foram indiciados por atuar como instituições financeiras sem autorização do Banco Central e por evasão de divisas. Caso sejam condenados a pena máxima, podem ser mantidos presos por até 10 anos. Em alguns casos, os suspeitos podem ser indiciados por formação de quadrilha. Os presos foram encaminhados para a Penitenciária Nelson Hungria. Informações contidas nos inquéritos devem ser remetidas à Justiça Federal para que possam ser tomados os procedimentos administrativos e fiscais em desfavor das empresas.


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