A manifestação convocada por centrais sindicais reuniu ontem cerca de 7 mil pessoas em Belo Horizonte, segundo estimativa da Polícia Militar. O ato começou por volta das 10h, com concentração na Praça Sete, no Centro, e seguiu em passeata por cerca de 7,7 quilômetros até o prédio da Rede Globo, no Bairro Caiçara, Região Noroeste, onde o protesto foi encerrado pouco antes das 18h. Diante da sede da emissora de TV, um pequeno grupo chegou a empurrar uma cerca metálica móvel e quebrar os encaixes de algumas de suas partes. À exceção desse episódio, a marcha foi pacífica, mas, por onde passou, comerciantes fecharam seus estabelecimentos com medo de depredações e saques.
Além de representantes de centrais sindicais, havia associados de entidades de professores, policiais civis e outras categorias. O ato também contou com movimentos sociais e estudantes, alguns deles participantes da Assembleia Popular Horizontal, grupo que ocupou a Câmara Municipal por nove dias. “Nas manifestações que ocorreram durante a Copa das Confederações, a população exigiu mais direitos. Nós, representantes dos trabalhadores, estamos captando essas mensagens. Também pedimos mais democracia, queremos interferir mais nas decisões políticas do país”, disse Gilson Reis, dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e presidente do Sindicato dos Professores de Minas (Sinpro-MG).
Manifestantes também pediam a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país para investimentos em educação pública e melhorias no sistema de transporte coletivo. “Queremos voto facultativo”, lia-se em um cartaz. “Reforma política”, pedia outro. “Temos que encampar a luta dos trabalhadores. Neste momento, é importante que haja unidade para que consigamos as mudanças desejadas”, disse o presidente da União Estadual dos Estudantes de Minas (UEE-MG), Paulo Sérgio de Oliveira.
Deputados
A marcha começou pouco depois das 12h. A multidão subiu a Avenida Afonso Pena e parou em frente à sede da Prefeitura de Belo Horizonte, que estava protegida por guardas municipais e homens do Batalhão de Choque da PM, agrupados dentro do prédio. Acompanhados de dois deputados estaduais e um federal, sindicalistas se aglomeraram à porta e pediram para falar com o prefeito Marcio Lacerda. “Queremos entregar nossa pauta a ele”, disse o presidente da seção mineira da Nova Central Sindical de Trabalhadores, Antônio da Costa Miranda.
Como o pedido não foi atendido, a marcha prosseguiu e fez paradas em frente à Assembleia Legislativa e à sede da Companhia Energética de Minas (Cemig), antes de se dirigir para a sede da emissora de TV. Ao passar pelo Elevado Castelo Branco, um grupo pendurou uma faixa que “rebatizava” o local como “Elevado Helena Greco”, em homenagem à ex-vereadora da capital, militante feminista e defensora dos direitos humanos.
O receio de quebradeira
No trajeto da passeata, muitos comerciantes fecharam as lojas e só reabriram depois da passagem da multidão, especialmente no caso de concessionárias de carros e agências bancárias. “Melhor prevenir do que remediar. Às vezes, há gente no meio que só quer fazer vandalismo. Se quebrarem nossas vitrines, quem vai pagar?”, disse Sonia Hurtado, gerente de uma loja de material escolar na Avenida Afonso Pena que desceu algumas de suas portas de metal.
“É uma medida de precaução. A gente apoia a manifestação, que é pacífica, mas vai que surge algum tumulto? Pode ser que haja uma ou outra pessoa mais exaltada, mal-intencionada”, disse Maria Cristina Santos, assistente de marketing de um shopping de automóveis na Avenida Dom Pedro II, que também trancou as portas.