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Estado de Minas

Manifestação com mais organização, mas com menos adesão

Protesto convocado por movimentos sindicais, sociais e estudantis causa impacto na Grande BH, especialmente no transporte, mas atrai menos gente que os atos da Copa das Confederações


postado em 12/07/2013 06:00 / atualizado em 12/07/2013 06:41

 

Concentração ocorreu na Praça Sete, no Centro de BH, mas mobilização ficou aquém da expectativa(foto: joão miranda/esp.em/D.A PRESS)
Concentração ocorreu na Praça Sete, no Centro de BH, mas mobilização ficou aquém da expectativa (foto: joão miranda/esp.em/D.A PRESS)

 

Na onda das manifestações das últimas semanas, uma greve geral convocada nacionalmente por movimentos sindicais, sociais e estudantis prometia tomar Belo Horizonte no 11 de julho. Mas, com adesão bem abaixo da expectativa, a paralisação organizada por instituições acabou ficando aquém dos protestos espontâneos ocorridos durante a Copa das Confederações. Ontem, o ápice ocorreu durante ato que reuniu cerca de 7 mil pessoas na capital. Mas isso não impediu a greve de afetar a rotina da cidade, já que o setor do transporte teve forte presença no movimento. Fechado, o metrô deixou de transportar cerca de 215 mil passageiros e, apenas na Estação Diamante, no Barreiro, 30 mil pessoas foram surpreendidas com os ônibus parados. Em efeito dominó, escolas ficaram vazias. Parte dos alunos não chegou por falta de transporte, outros, por medo de encontrar no caminho a violência que ocorreu em movimentos anteriores.

Na Via Expressa, movimento de moradores reivindicando passarela ajudou a piorar tráfego na região(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Na Via Expressa, movimento de moradores reivindicando passarela ajudou a piorar tráfego na região (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Os reflexos não se limitaram à capital. A população de toda a região metropolitana sofreu com paralisações no transporte e interdições viárias já pela manhã. Como os metroviários aderiram à greve geral, as 19 estações do metrô ficaram fechadas, mesmo com decisão liminar do Tribunal Regional do Trabalho determinando a manutenção de escala de 50% dos trens circulando nos horários de pico.

A situação ficou ainda pior nos limites entre Contagem e BH. Como o transporte sobre trilhos não funcionou, apenas os ônibus rodaram na Estação Eldorado. Manifestantes de centrais sindicais bloquearam completamente a Avenida Cardeal Eugênio Pacelli, na Cidade Industrial, prolongamento da Avenida Amazonas até a Rodovia Fernão Dias (BR-381). Segundo a Transcon, cerca de 200 pessoas interditaram a avenida bem perto da trincheira da Praça da Cemig, em ambos os sentidos, por volta das 7h, em apoio à greve geral dos trabalhadores. Imediatamente, houve reflexos nos dois lados do Anel Rodoviário e também na Amazonas.

Apesar de decisão determinando escala mínima, metrô deixou de transportar cerca de 215 mil pessoas(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Apesar de decisão determinando escala mínima, metrô deixou de transportar cerca de 215 mil pessoas (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
A situação foi agravada por outro ato na Via Expressa, na altura do Bairro Parque São João, onde cerca de 100 moradores bloquearam as pistas nos dois sentidos até o fim da tarde. Os manifestantes chegaram a colocar fogo em galhos de árvore para impedir a passagem de veículos, cobrando a instalação de uma passarela no local.

Segundo a Polícia Militar, a situação do trânsito na região fez com que motoristas de ônibus se recusassem a sair da Estação Diamante, no Barreiro. Moradores prejudicados acabaram se revoltando e resolveram impedir a passagem dos coletivos quando o tráfego já estava liberado, por volta das 9h. Eles também aproveitaram a situação para reclamar dos veículos lotados que circulam em condições precárias.

No Barreiro, acesso a estação foi fechado por sindicalistas e usuários. Polícia apenas acompanhou(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
No Barreiro, acesso a estação foi fechado por sindicalistas e usuários. Polícia apenas acompanhou (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
A telefonista Sheila Rosane, de 34 anos, tinha que chegar ao Centro de BH para iniciar a jornada de trabalho às 9h, mas até cerca de 10h não tinha perspectiva de conseguir transporte. “Não acho certo fazer uma paralisação desse jeito. Se for fazer, tem que parar tudo de uma vez e não pontualmente, como fizeram aqui”, afirma. Ela ainda argumenta que a previsão era de paralisação só do metrô. “Como vou explicar no trabalho que também não tem ônibus se na cidade toda eles estão rodando?”

A situação se repetiu na Estação BHBus Barreiro, porém, com mais organização, já que o movimento foi comandado por sindicalistas. Segundo o tenente-coronel André Leão, comandante do 41º Batalhão da PM, em nenhum dos dois locais houve enfrentamento.

 

 

Nas escolas, foram alunos que faltaram

No dia nacional de protesto, escolas tradicionais da rede pública de ensino na capital ficaram com os bancos vazios, mas por falta de alunos. Por causa da ameaça de greve geral, muitos nem arriscaram sair de casa. No Colégio Estadual Central, no Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul, compareceram cerca de 50 dos mais de 3 mil estudantes matriculados nos turnos da manhã e tarde. “Os professores vieram, mas os alunos, não. Acredito que muitos ficaram com medo de chegar ao Centro, no meio das manifestações”, afirmou a vice-diretora, Kelly Guimarães.

No Instituto de Educação de Minas Gerais, no Centro, nem 20% dos 1,4 mil alunos da manhã e tarde compareceram, na avaliação do diretor, Orivaldo Diogo, que atribui aos ônibus parados o principal motivo da ausência. Na Escola Estadual Barão do Rio Branco, a baixa presença de alunos – apenas 50 dos 400 estudantes – fez a direção mudar a programação. Em vez das aulas, um mutirão foi formado para montar a decoração da festa julina. A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informa que 92,3% das escolas estaduais funcionaram e apenas 1,6% dos professores aderiram à paralisação.

Houve reflexo, embora limitado, também em postos de saúde e hospitais públicos. De acordo com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), a adesão de profissionais à greve não prejudicou o funcionamento. A maior paralisação ocorreu no Hospital Júlia Kubitschek, onde 26 dos 147 técnicos de enfermagem entraram em greve e outros 12 não foram ao trabalho por causa dos ônibus. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), nos centros de saúde, “ocorreram faltas pontuais, em função do transporte público, não afetando o funcionamento geral do atendimento à população”.

 

Enquanto isso, metroviários podem ter de pagar R$ 50 mil

O Sindicato dos Metroviários de Belo Horizonte pode ser multado em mais de R$ 50 mil pela paralisação total de ontem. A decisão do Tribunal Regional do Trabalho respondeu ao questionamento da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) sobre o não cumprimento da escala mínima pela categoria. Na quarta-feira, o TRT já havia concedido liminar determinando que o metrô operasse nos horários de pico com 50% dos trens circulando das 5h20 às 9h e das 17h às 20h, por ocasião da greve geral, e que, em caso de descumprimento, a multa diária seria de R$ 5 mil. Ontem, com a paralisação total do sistema, o tribunal concedeu nova liminar, visando a operação dos trens entre as 17h e as 20h em escala mínima. A presidente do Sindicato dos Metroviários, Alda Lúcia dos Santos, disse à noite que o departamento jurídico da entidade vai recorrer da decisão e que hoje os trabalhadores retomam as atividades normais, com todas as estações abertas às 5h15.
 
 


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