Juliana Borre
Brasília –O já turvo cenário econômico brasileiro ganhou um elemento preocupante. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes a maio e divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que a geração de postos de trabalho sofreu forte desaceleração no período. O saldo de oportunidades criadas foi de 72.028, número 48,4% menor que o do mesmo período de 2012 (139.679 vagas). Foi o pior resultado para o mês em 21 anos – apenas em 1992, o primeiro ano da série histórica do Caged, o resultado de maio foi menor (21.533 postos). Frente a abril, houve crescimento de 0,18%.
O destaque para a geração de empregos no país foi Minas Gerais, que abriu 25.916 postos, alta de 0,61% frente a abril. No estado a geração de empregos foi puxada principalmente pelo setor agropecuário, com mais de 17 mil vagas. A colheita de café no Sul foi a responsável pela demanda de oportunidades. Indústria da transformação, construção civil e comércio foram outros destaques. Na contramão, os setores extrativo mineral e serviços industriais de utilidade pública demitiram (veja quadro).
Além de Minas, outros 16 estados registram avanço do emprego, destacando ainda São Paulo (22.434 postos) e Paraná (9.713). Em 10 estados houve recuo, sendo as maiores quedas em Alagoas (- 3.453 postos) e Pernambuco (- 2.402 postos). No país, a agricultura também teve o maior saldo de oportunidades, com 33.825. Os setores de extração mineral, de serviços industriais de utilidade pública e de comércio não chegaram a ficar negativos, mas mostraram desempenho perto de zero: foram geradas, respectivamente, 192, 94 e 36 vagas.
Os dados não consideram, porém, as características sazonais. Se elas forem levadas em consideração, ressalta José Márcio Camargo, economista da Opus Gestão de Investimentos, o cenário é ainda mais preocupante. “O Caged veio mais fraco do que o esperado. Quando os dados considerados são desazonalizados, esta é a primeira vez desde janeiro de 2009 que a geração de empregados é negativa. E isso sinaliza que podemos ter um arrefecimento importante no mercado”, avaliou.
Empreendedorismo
Denise Deuboni, professora da escola de negócio EPSM, avalia que, não fossem os fatos de os jovens estarem entrando cada vez mais tarde no mercado de trabalho e de muitos profissionais optarem por abrir o próprio negócio, esses resultados poderiam ser ainda piores. “Se toda a população economicamente ativa estivesse procurando oportunidades, o saldo tenderia ainda mais para o negativo. Mas com os incentivos sociais, como o Bolsa-Família, as pessoas estão preferindo abrir o próprio negócio a se candidatarem a cargos com salários muito baixos”, disse. “Isso sem contar que, com os baixos valores pagos aos aposentados, as pessoas mais velhas estão preferindo continuar na ativa, o que reduz a rotatividade das oportunidades”. (Colaborou Tetê Monteiro)
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EMPREGO PERDE FÔLEGO
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Geração de vagas formais recua 48,4% e tem pior maio em 21 anos
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