Na briga com grandes marcas da indústria do vestuário e a produção chinesa, as confecções de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas Gerais, maior polo do setor no estado, partiram para a ofensiva, buscando novos clientes, maior produtividade nas fábricas e a rápida adequação de produtos às tendências da moda. O trabalho conjunto começou pelo mapeamento de novos compradores, primeira etapa de um programa ousado que estabeleceu para 2013 as metas de aumento de 10% da produção, de 150 milhões de peças por ano, incremento de R$ 50 milhões no faturamento, representando cerca de 15% da receita total de R$ 409 milhões (em 2011), e a criação de 1,2 mil empregos até dezembro.
Com orçamento de R$ 1,2 milhão, as iniciativas foram traçadas em parceria pelo governo mineiro, o Sebrae Minas e o Sindicato das Indústrias do Vestuário de Divinópolis (Sindivesd), que lançaram ontem o projeto Minas veste Minas, Minas veste Brasil. A promoção comercial é um dos braços estratégicos do programa, segundo o subsecretário de Estado de Indústria, Comércio e Serviços, Marco Antônio Rodrigues da Cunha. As ações serão coordenadas por um centro de inteligência comercial sediado em Divinópolis para atender as confecções do município e do entorno, englobando empresas de Itaúna, Pará de Minas, Juruaia, Perdigão, Araújo e Arcos.
Vitrine
O polo é formado por 1 mil pequenas e médias indústrias, com 29 mil empregados diretos e indiretos, 17 mil compradores e uma produção anual que representa 21,4% dos 700 milhões de peças de vestuário fabricadas em Minas. "Inicialmente precisamos difundir o polo de Divinópolis. Os compradores do estado precisam conhecer a nossa produção, até mesmo para se abastecerem do nosso mercado", afirmou Rodrigues da Cunha. O centro de inteligência vai assessorar as confecções para que elas se organizem, entendam as tendências da moda e adequem seus produtos. A estrutura poderá ser montada dentro do centro de serviços que o Sebrae Minas mantém em Divinópolis ou, de acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Paulo César dos Santos, em terreno cedido pela prefeitura municipal para a construção de um condomínio de 20 empresas do setor de vestuário.
O presidente regional da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) Afonso Gonzaga informou que, como parte da estratégia para o polo atrair 1,2 mil lojistas, com base em estimativa já feita pelo governo de Minas e as entidades representantes das confecções, está programada para agosto uma rodada de negócios com 100 varejistas do setor de vestuário. "O mais importante para a indústria mineira é conhecer os centros de compra e identificar a demanda deles", afirmou o industrial. O polo de Divinópolis tem interesse em se aproximar de varejistas de Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul e pretende aumentar o foco no varejo do Nordeste.
O serviço de inteligência comercial será oferecido gratuitamente às confecções de Divinópolis e região. O subsecretário Marco Antônio Rodrigues da Cunha observou que a indústria mineira da moda tem perdido vendas para concorrentes paulistas, goianos e do Sul do Brasil, além dos fabricantes estrangeiros. O programa tem duração prevista até o fim de 2014, mas o objetivo de Cunha é que as ações se transformem em políticas permanentes. O projeto será uma espécie de laboratório para extensão das medidas a outros polos produtores de Minas. As confecções mineiras somam 4,6 mil empresas, com receita de R$ 10,3 bilhões em 2011, dado mais recente disponível.