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Estado de Minas

Desembolso recorde em viagens internacionais causa déficit inédito nas contas externas


postado em 24/01/2013 06:00 / atualizado em 24/01/2013 07:11

Brasília – Com gastos cada vez maiores em viagens no exterior, os brasileiros transformaram o déficit nas contas externas em um rombo recorde em 2012, US$ 54,2 bilhões (cerca de R$ 110,3 bilhões). No ano passado, esses turistas desembolsaram US$ 22,2 bilhões (cerca de R$ 45,2 bilhões) em solo estrangeiro com compras, festas, restaurantes – um valor nunca registrado pelo Banco Central (BC). Para analistas, o baixo nível de desemprego, a expansão e a distribuição de renda são as principais explicações para o crescimento dessas viagens. Importações, aluguel de equipamentos, transporte de cargas e remessas de lucros e dividendos para o exterior também incrementaram o saldo negativo.

Para Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, o déficit nas contas externas é natural aos países em desenvolvimento, economias que não têm poupança própria e precisam de recursos externos para financiar o crescimento e o funcionamento do país. Na visão dele, o saldo negativo na conta de transações correntes é natural. “Esse déficit é apenas uma transferência de poupança externa”, explicou. Segundo ele, não há nenhum problema de solvência, os rombos estão sendo cobertos com recursos que chegam de fora do país, principalmente investimento estrangeiro direto (IED), um capital destinado ao setor produtivo.

André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, faz um alerta em contraponto à tranquilidade do BC. “A absorção de poupança externa via IED ou pela balança comercial está sendo alegremente gasta pela antiga e pela nova classe média em viagens ao exterior”, analisou. De acordo com os cálculos do economista, os gastos de viagens no exterior representam 40% do déficit em transações correntes.

O Banco Central pondera que nem mesmo a desvalorização do real ante o dólar, de 16% em 2012, e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas compras fora do país foram suficientes para segurar as viagens internacionais. “Outro fator importante é que parte desses destinos são países com conjuntura fragilizada, o que permite preços melhores para os brasileiros”, explicou Maciel. “A projeção inicial era de desaceleração das viagens internacionais em função do dólar e do IOF nos cartões, mas não foi o que ocorreu”, completou.

Na avaliação de Renato Carvalho, analista econômico da Austin Ranting, a possibilidade de parcelar gastos no exterior influenciou nos resultados das contas externas. “O brasileiro está usando a mesma lógica dos financiamentos. Se as parcelas cabem no bolso, ele compra a passagem, não quer saber de quanto são os juros”, ponderou.

Investimentos

Toda essa gastança dos brasileiros lá fora, somada à necessidade de pagar transportadoras internacionais para levar a exportação brasileira e ao aluguel de equipamentos estrangeiros, foi  o principal responsável pelo déficit nas contas externas. Apenas com navios e aviões, o país desembolsou US$ 8,7 bilhões em 2012. Com aluguéis de maquinário para o setor produtivo, foram mais US$ 18,7 bilhões. Esse buraco todo só não se tornou um problema para a economia, segundo analistas, porque ingressaram investimentos em volume maior que essas cifras, foram US$ 65,2 bilhões de IED no ano passado. Para 2013 a expectativa é que mais US$ 65 bilhões entrem no país.


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