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Estado de Minas

Classe C aumenta poder de compra após implantação do Real

A classe C saltou de 32,52% da população em 1994 para mais de 50% hoje. Aumento de renda e crédito fazem a festa do varejo


postado em 05/07/2012 06:00 / atualizado em 05/07/2012 07:33

Ferramenta que alavancou o consumo dos brasileiros nos últimos 18 anos, o Plano Real obteve sucesso – depois de várias tentativas frustradas de conter a corrida dos preços – ao combinar a estabilidade econômica, decorrente do fim da ciranda inflacionária, com a abertura de mercado, que trouxe maior oferta de produtos para os consumidores emergentes, por meio das importações, como mostra a quarta reportagem da série Maioridade do real, que o Estado de Minas publica desde domingo. Os bons resultados no que diz respeito ao crescimento acelerado da classe C, registrado principalmente nos últimos oito anos, também são justificados pelo crescimento do emprego e o aumento da escolaridade que melhorou a qualificação profissional e por consequência a renda. O salário mínimo, por exemplo, passou de R$ 70, em 1994, para R$ 622, em 2012, com crescimento de 788% – 2,5 vezes maior que o da variação da inflação do período, que foi de 305,92%.

"Se fosse antes não tinha conseguido a metade do que conquistei hoje. Quem trabalha está tendo mais oportunidades de realizar os sonhos", diz Luciene Matilde de Oliveira, auxiliar de serviços industriais (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

Essa política de valorização do menor salário pago no país favoreceu outras faixas de rendimento próximas, provocando uma elevação dos salários para uma série de trabalhadores de diferentes categorias. Com a estabilidade, o país iniciou um processo de distribuição de renda via salários que elevou a participação da classe C de 32,52% da população em 1994 para 50,45% em 2010. Na era do real, a renda dos mais pobres cresceu a uma taxa de 6,7% ao ano, enquanto a dos mais ricos avançou ao ritmo anual de 1,49%.


O novo cenário fez com que a classe emergente aprendesse a ser mais exigente, considerasse os juros pagos, tivesse noção do real valor pago pelo que compra e o que quer comprar. Hoje, com renda que varia de R$ 324 a R$ 1.387 per capita, e ganho familiar médio de R$ 2.295, a nova classe média passou a representar, segundo o instituto Data Popular, 78% do que é comprado em supermercados, 60% das mulheres que vão a salões de beleza, 70% dos cartões de crédito no Brasil e 80% das pessoas que acessam a internet.


O lado preocupante dessa história de bons efeitos do real é que o alto consumo, no entanto, tem elevado a inadimplência ,que nos últimos 12 anos teve variação de 287,3%, segundo informações do Serasa Experian. Atualmente, cerca de 60% das famílias brasileiras estão endividadas. Por trás desse descontrole, o consumidor sofreu um bombardeio do aumento do crédito oferecido pelo setor financeiro – com aumento de 913,7% –, que também procurou se beneficiar da expansão da renda. A queda das taxas de juros favoreceram essa situação. A taxa básica de juros da economia (Selic) despencou de 45% em março de 1999 para 8,5% agora.


Transformação


A auxiliar de serviços industriais Luciene Matilde de Oliveira, de 36 anos, aproveitou a oportunidade do crédito fácil, dando as costas para o risco de ficar inadimplente. Ela tinha apenas 18 quando o Plano Real surgiu, mas já sonhava com uma vida melhor do que a que levava na casa de seus pais. Hoje, é exemplo do brasileiro que cresceu junto com as transformações econômicas do país e que se endividou em nome do sonho da casa própria.


Com renda média familiar de R$ 1.200, somando o seu salário e o de seu filho, Luciene garante viver um momento muito mais próspero, quando acaba de iniciar o financiamento imobiliário e mobiliar todo o apartamento como sempre quis. “O que ficou faltando foi só a TV de LCD, bem moderna, que devo comprar no mês que vem. Geladeira, fogão e móveis comprei todos”, garante. As dívidas estão sendo parceladas e, com os juros mais baixos, ela se mostra mais animada. “Se fosse antes não tinha conseguido a metade do que conquistei hoje. Quem trabalha está tendo mais oportunidades de realizar os sonhos”, reforça.


Luciene, segundo o Data Popular, faz parte de um universo de 104 milhões de pessoas, que estão inseridas nessa nova classe média, menos preocupada com o preço dos bens e mais envolvidas com a possibilidade, ainda que perigosa, de realizar sonhos antigos de consumo. Com mais renda e oportunidades de compra, os integrantes da classe C querem consumir, segundo especialistas, bens duráveis como carros, aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos. Eles também estão em busca de entretenimento e lazer e passaram a gastar o seu dinheiro com passagens aéreas e hospedagens em hotéis.


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