O cabo de guerra entre bancos e governo está tensionado. Nessa quinta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), que havia apresentado 20 propostas para que o governo também contribuísse na redução do spread bancário (a diferença entre o que o banco paga ao tomar um empréstimo e o que ele cobra ao conceder o crédito). "Os bancos privados têm margem para reduzir taxas e aumentar o volume de crédito", afirmou Mantega. De fato, na decomposição do spread, conforme o Banco Central, a maior fatia está no lucro líquido dos bancos.
Com isso, pode ser inócua a medida de redução de juros adotada pelos bancos públicos – a expectativa era de que isso levasse os bancos privados na mesma direção. “O governo tentou blefar na economia e todos agora esperam a próxima jogada. O risco é ficar sem cartas na manga. A jogada foi precipitada”, avalia Márcio Salvato, coordenador de economia do Ibmec.
A lucratividade dos bancos brasileiros está entre as maiores do mundo, mas tem de estar relacionado ao aumento do crédito. "Os bancos públicos estão agindo. Gostaria que os privados também estivessem participando disso." Segundo Wanderley Ramalho, coordenador do Ipead-UFMG, a discussão trará à tona aspectos que até então eram desconhecidos: “E isso já é positivo.”
E nessa quinta-feira o HSBC cedeu à pressão e anunciou redução dos juros em algumas linhas de crédito voltadas à pessoa física. Os cortes foram nas linhas de empréstimo pessoal, financiamento de veículos e crédito consignado, segundo comunicado do banco inglês à imprensa. As taxas menores começam a valer imediatamente. O HSBC foi o primeiro banco privado a reduzir taxas. (Com agências)