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Estado de Minas

Economia desacelera e governo amplia IPI menor

Prévia do PIB do BC mostra queda de 0,13% em janeiro e mercado prevê crescimento baixo este ano. Corte de imposto é mantido na linha branca e estendido para móveis e luminárias


postado em 27/03/2012 06:00 / atualizado em 27/03/2012 06:40

Retraída e insistindo em andar de lado mesmo diante dos esforços do governo em impulsionar o reaquecimento da indústria, a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) de janeiro medida pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) fechou o mês com queda de 0,13% em relação a dezembro. Apesar do desempenho negativo, já esperado pelo mercado, o resultado veio mais brando que o previsto, ficando bem abaixo do 0,5% de queda estimado por especialistas. Na comparação com o primeiro mês de 2011, a variação foi positiva, com alta de 0,75%.

O aparente alento, porém, não é suficiente para impedir novas revisões do crescimento do país para este ano. Economistas ouvidos pelo Banco Central, que na semana passada estimavam fechamento do PIB em 3,3% para este ano, voltaram a reduzir o índice, agora em 3,23%, previsão que se afasta cada vez mais dos 4,5% de expansão projetados pelo governo federal.


Bastante assustado com a fraqueza da indústria, que segue em pleno desaquecimento, e com o fraco desempenho da economia, o governo prorrogou o prazo do benefício fiscal dado a eletrodomésticos da linha branca e estendeu a desoneração para móveis, laminados, lustres e luminárias. Com a medida, o Palácio do Planalto acredita que os consumidores vão às compras até junho, atrás de preços mais convidativos, ajudando a atividade a sair do atoleiro em que se encontra.

A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado em geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupas e tanquinhos acabaria no sábado. Mas a presidente Dilma Rousseff atendeu o apelo do empresariado com o qual conversou na semana passada e bateu o martelo pela extensão do benefício antes de embarcar para a Índia. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o governo abrirá mão de R$ 489 milhões de abril a junho.


No caso do fogão, o IPI caiu, em dezembro do ano passado, de 4% para zero e, nas geladeiras, de 15% para 5%. Já nas máquinas de lavar, a redução foi de 20% para 10% e nos tanquinhos, de 10% para zero. Agora, ressaltou Mantega, o governo decidiu baixar o IPI sobre móveis de 5% para zero e o das luminárias e lustres, de 15% para 5%. Para os aços laminados, o tributo passou de 15% para zero. “A contrapartida é a manutenção do emprego. Não pode haver demissões nesses setores. Em fevereiro, a indústria admitiu 50 mil trabalhadores e queremos que isso continue”, disse o ministro, em entrevista na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).


Mantega deixou clara, ainda, a preocupação com o ritmo de atividade econômica, diante da fragilidade do setor produtivo, que pode jogar o PIB para baixo. “Estamos tomando medidas para estimular a economia. Os consumidores poderão aproveitar preços menores”, afirmou. “A economia crescerá a taxas (anualizadas) próximas de 5% no segundo semestre. Isso levará a um crescimento maior que o de 2011”, estimou.


Mas o sócio-diretor da Global Financial Advisor Miguel Daoud é pessimista e acredita que o resultado do PIB não passe de 3%. “As medidas em série anunciadas pelo governo não conseguem atingir diretamente as necessidades do empresário nem as deficiências do país”, pondera ao citar a isenção da folha de pagamento para alguns setores e as concessões fiscais. Medidas mais duras na tentativa de desvalorizar o real estariam entre as ações de longo prazo que, para o especialista, surtiriam mais efeito.

Desoneração e retomada

Junto com a redução do IPI, o governo promoverá, segundo Mantega, desoneração na folha de pagamento de setores empregadores de mão de obra intensiva e corte no custo do crédito à indústria. As montadoras de carros, porém, serão beneficiadas com financiamentos mais baratos aos consumidores. Na avaliação dos economistas, o governo faz bem em dar esses incentivos à indústria. “Agora, não há dúvida de que o governo perdeu a chance de fazer uma reforma tributária. Por isso, tem de fazer ajustes quase diários, como se estivesse apagando incêndio”, observou Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

O reaquecimento deve se iniciar, mais especificamente, nos últimos seis meses deste ano. “A recuperação mais acentuada é prevista para o segundo semestre, quando as medidas adotadas pelo governo terão efeitos mais intensos”, avalia o economista da consultoria Tendências Rafael Bacciotti, que acredita em resultados positivos provenientes do corte da taxa básica de juros associado a outras medidas do governo. “Já para fevereiro, esperamos que a indústria comece a contribuir positivamente para os resultados, fechando com produção em alta de 0,7%”, acrescenta Bacciotti.


Enquanto o setor industrial não reage aos estímulos anunciados pelo governo, o consumo das famílias e o varejo continuam exercendo o papel que assumiram desde o ano passado: tábua de salvação do PIB brasileiro. No primeiro mês do ano, segundo o IBGE, as vendas no varejo tiveram alta de 2,6%, acima da mediana prevista pelo mercado, que não chegava a 2%. “Os dados de emprego e renda continuam positivos, além do cenário para o crédito, que deve continuar se expandindo”, pondera o professor de economia e estratégias de mercado do Ibmec Marcus Renato Silva Xavier.

Estímulos ao consumo

Com o fogo do crescimento alimentando pelo consumo perdendo força, o governo decidiu por mais lenha na tentativa de reacender a chama do crescimento econômico. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que será prorrogada por mais três meses a diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para mercadorias da linha branca, entre elas geladeiras, máquinas de lavar, fogões e tanquinhos. As medidas estão sendo adotadas pelo governo dentro da sua política de estímulo ao consumo, a fim de incentivar o aquecimento do nível de atividade econômica da indústria.

O PIB cresceu 2,7% no ano passado e o ministro Mantega avalia que com vários estímulos oficiais, especialmente a queda de juros pelo Banco Central e desonerações fiscais, será possível fazer com que a economia do país avance 4% em 2012. De acordo com o ministro, serão estendidas até o fim de junho as alíquotas de IPI para os seguintes produtos: geladeira (5%) e máquina de lavar (10%). Será mantida em zero a cobrança do imposto sobre fogões e tanquinhos.

O governo também decidiu pela diminuição da cobrança do IPI para luminárias, laminados e revestimentos e móveis até o fim de junho. Para as luminárias, a alíquota baixará de 15% para 5%, enquanto para laminados de 15% para 0%, de papel de parede de 20% para 10% e de móveis de 5% para zero.

“A contrapartida dessas medidas é manutenção dos empregos. Esperamos que eles sejam até aumentados para atender à demanda, que deve crescer”, disse. A nova rodada de redução do IPI vai acarretar em uma renúncia fiscal da ordem de R$ 489 milhões. O ministro acrescentou que o setor de construção civil não foi contemplado com medidas semelhantes pois já é beneficiado por regime de isenção fiscal há pouco mais de dois anos.

Mantega ressaltou que o governo está preparando outras medidas para estimular a economia e citou desonerações da folha de pagamento para vários segmentos da área industrial. Contudo, ele não deu mais detalhes sobre que tipo de ações o governo está estudando. As medidas relacionadas ao IPI serão publicadas em uma edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU) e passarão a vigorar de hoje até o fim de junho.

 

Bancos projetam inflação em alta

O crescimento do país continua esbarrando no avanço da inflação. Economistas ouvidos pelo Banco Central elevaram mais uma vez o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) que saiu de 5,27% para 5,28%, contra 5,24% há quatro semanas. O Índice de preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), que fechou a terceira semana de março em 0,51%, alta de 0,04 ponto percentual em relação à semana imediatamente anterior, reforça o avanço da inflação. Em Belo Horizonte, o resultado ficou acima da média nacional, em 0,65%. Se depender da confiança dos consumidores, as vendas do varejo vão se manter em alta, pressionando ainda mais os índices de preço. Segundo dados da FGV, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) avançou 2,8% em março na comparação com fevereiro, maior nível desde julho de 2011. O indicador de compras de bens duráveis subiu 10%. 

 


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