(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Elevação dos salários e obras provocam alta de 69% em condominíos no país

Elevação dos salários e gastos com segurança provocam alta nas taxas em bairros de classe média. Morador foge do centro


postado em 24/05/2011 07:23 / atualizado em 24/05/2011 07:33

A aposentada Wilma Veras precisou pesquisar bastante para pagar menos: uma mensalidade de R$ 370 em Águas Claras
A aposentada Wilma Veras precisou pesquisar bastante para pagar menos: uma mensalidade de R$ 370 em Águas Claras
O aumento do salário mínimo, as intermináveis obras nos edifícios e a preocupação com o reforço na segurança estão tornando cada vez mais altos os custos dos condomínios no Brasil. Levantamento feito pelo Correio mostrou que os preços, na comparação com o ano passado, subiram até 69% nos principais bairros de classe média do país. A maior variação foi verificada em Brasília, na Asa Norte, onde a mensalidade saltou de R$ 430 para R$ 730. Para tentar fugir das elevadas taxas, a população está fugindo para localidades mais distantes dos centros das cidades.

A disparada acontece em todo o país. No bairro de Pinheiros, em São Paulo, o valor da taxa para um apartamento de dois quartos aumentou 26,6%, de R$ 450 para R$ 570. Há menos de 10 quilômetros dali, no bairro de Santa Cecília, o condomínio ficou 34,6% mais caro nos últimos 12 meses — de R$ 520 para R$ 700. No Rio de Janeiro, no bairro de Ipanema, a alta foi de R$ 600 para R$ 800 — acréscimo de 33,3%. Pelo levantamento, no Distrito Federal, houve elevação também na Asa Sul (10%), em Águas Claras (19%) e no Sudoeste (14%).

Os reajustes refletem a dificuldade dos administradores em manter os caixas dos condomínios no azul. E a fatura, em geral, cai na conta dos moradores. O funcionário público Sartre Gonçalves, 46 anos, é um exemplo. Ele desembolsa mais de R$ 800 por mês com condomínio.

“É um valor que pesa no orçamento. E ainda pagamos a água separadamente, por causa dos hidrômetros individuais”, reclamou. Seus pais, que também moram no imóvel, recebem pouco mais de R$ 1,1 mil de pensão por mês. “Se não tivessem a ajuda dos filhos, eles não conseguiriam quitar todas as contas. Teriam de mudar para um lugar mais barato”, observou.

Diante dos valores cada vez mais incompatíveis com o orçamento familiar, os brasileiros começam uma corrida por prédios que possuam administradores mais rígidos. A aposentada Wilma Veras, 63, pesquisou bastante até encontrar um apartamento que tivesse uma relação custo-benefício atraente. “Quando eu estava procurando, há dois anos, achei vários imóveis ruins com taxas altíssimas, sem motivo aparente”, reclamou a aposentada, que paga condomínio de R$ 370 por mês em Águas Claras.

Ela relatou que a administração de seu prédio elaborou uma saída para não prejudicar os moradores com cobranças extras. “Criou uma reserva, que só é usada em emergências, reformas ou projetos. O dinheiro fica lá, separado, ninguém conta com ele para as contas do dia a dia”, explicou Wilma.

Desafios

Um dos principais desafios dos condomínios brasileiros é superar a falta de critério na determinação dos valores das mensalidades. “Nem todo mundo que se candidata a ser síndico tem experiência em administração. Às vezes, um gasto que o responsável pelo prédio considera essencial pode não ser tão importante”, disse Carlos Leite, advogado especialista em direito imobiliário e contratual. Ele ressaltou que a divisão dos gastos de um edifício deve ser feita no ato do registro do imóvel no cartório, em forma de rateio. Um dos principais fatores é o número de imóveis por edifício — quanto mais, menor o valor do condomínio. “Os moradores são semelhantes a sócios, compartilham benefícios e responsabilidades”, disse.

Na divisão de despesas, levam-se em conta fatores como tamanho útil do apartamento, localização (nascente ou poente), vagas na garagem e o número de funcionários. Itens como área de lazer, salão de festas, piscina e churrasqueira também são determinantes do valor final da taxa.

“Por isso, os custos variam tanto. As opções que o prédio oferece falam alto na hora de fazer o cálculo”, afirmou o presidente do Sindicato dos Condomínios Residenciais e Comerciais do Distrito Federal, José Geraldo Pimentel. Na balança, também entram gastos com água, energia elétrica e manutenção.

Aumento, só com assembleia

Uma dica importante aos moradores é sempre comparar os valores das mensalidades. O preço do condomínio sempre é definido em assembleia. Pelo menos uma vez por ano, a reunião deve ser realizada, para a aprovação orçamentária do exercício seguinte e a prestação de contas dos últimos 12 meses. Se for necessária a aplicação de taxas extras, destinadas a reformas e melhorias, por exemplo, deve-se convocar os moradores para votação em assembleia extraordinária.

“Esse último tipo de encontro também está estabelecido por lei e pode ser feito sempre que necessário, respeitando a legislação, os dispositivos na convenção do prédio e o regimento interno do condomínio”, explicou Carlos Samuel de Oliveira Freitas, diretor da Primar Administradora de Bens.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)