Studio Ghibli: veja quantos milhões de litros d’água foram gastos na trend
A cada 20 a 50 perguntas feitas na plataforma, o ChatGPT pode consumir até 500ml de água
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Siga noNa última semana, as redes sociais foram invadidas por uma onda de imagens geradas por inteligência artificial, transformando familiares, políticos e celebridades em personagens com o inconfundível estilo das animações do Studio Ghibli. A febre, impulsionada por uma atualização da OpenAI, gerou tanto sucesso que resultou em uma sobrecarga nos servidores do ChatGPT, plataforma responsável por muitos desses conteúdos. O impacto foi tão grande que, em apenas uma hora, a ferramenta viu um pico de acessos que chegou a 1 milhão de usuários.
Embora as imagens tenham gerado diversão entre os internautas, a IA enfrentou desafios de infraestrutura, com servidores de alto desempenho, sendo forçados a operar sob pressão. Para lidar com o aumento de acessos, a empresa considerou reduzir temporariamente as taxas de geração de conteúdos. O diretor-executivo Sam Altman, em um comentário no X, não hesitou em alertar: "Nossas GPUs estão derretendo."
No entanto, a popularização dessa prática não se limita a uma simples "trend". Segundo o portal argentino Infobae, estima-se que a produção de imagens inspiradas no desenho tenha consumido cerca de 216 milhões de litros de água em apenas uma semana. Esse volume é equivalente ao consumo de água de uma pequena cidade ao longo de um mês inteiro ou, em termos mais visuais, o suficiente para encher 86 piscinas olímpicas.
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De acordo com um estudo feito pelas universidades de Colorado Riverside e Texas Arlington, nos Estados Unidos, divulgada no final de março, a cada 20 a 50 perguntas, o ChatGPT pode consumir até 500ml de água, quantidade que também é equivalente a cada figura gerada. A pesquisa ainda aponta que, até 2027, o uso da IA deve consumir entre 4,2 e 6,6 bilhões de metros cúbicos de captação de água.
Por trás de cada imagem feita por IA, como aquelas produzidas pelo ChatGPT, Midjourney, DALL·E ou Stable Diffusion, existe uma complexa infraestrutura de servidores em data centers que precisam ser mantidos em temperaturas controladas. O uso excessivo de água para resfriar esses sistemas é uma consequência direta do aumento na demanda por conteúdos.
Essa situação levanta questões além da infraestrutura. Em 2024, mais de 10 mil profissionais da indústria criativa, incluindo nomes como o escritor Kazuo Ishiguro, a atriz Julianne Moore e o músico Thom Yorke, do Radiohead, assinaram uma carta aberta contra o uso não autorizado de obras criativas para treinar modelos de IA.
Com o crescente uso da tecnologia para criar conteúdos artísticos, fica claro que a "trend" pode ter implicações não apenas ambientais, mas também éticas. A dualidade sobre o uso de obras de artistas sem permissão para alimentar sistemas digitais segue gerando debates controversos.
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O criador do Studio Ghibli, Hayao Miyazaki, foi um dos primeiros a se posicionar contra o uso, condenando essa prática já em 2016. Em uma entrevista, Miyazaki expressou seu desagrado ao ver animações feitas por algoritmos, dizendo: "Estou completamente enojado. Isso é um insulto à própria vida."
*Estagiária sob supervisão da subeditora Regina Werneck