Por que os idosos têm menos febre?
Muitas vezes infecções graves em pessoas mais velhas não se manifestam com aumento da temperatura corporal, como ocorre em adultos mais jovens
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Siga noA elevação da temperatura nem sempre é um sinal presente em idosos com infecções. Com o envelhecimento, o corpo passa por mudanças naturais que alteram a regulação térmica e diminuem a resposta imunológica. Essas transformações explicam por que muitas vezes infecções graves em idosos não se manifestam com aumento da temperatura corporal, como ocorre em adultos mais jovens.
Segundo a médica geriatra da Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, o sistema imune, que é responsável pela defesa do organismo, à medida que os anos passam, sofre um processo chamado imunossenescência, respondendo de forma menos intensa aos agentes infecciosos. “Além disso, o centro regulador da temperatura, localizado no hipotálamo, torna-se menos eficiente.”
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Essa alteração pode ser preocupante, pois a falta de febre pode mascarar a presença de uma infecção, retardando o diagnóstico e o tratamento adequados. "Confiar exclusivamente na manifestação febril para suspeitar de infecção em idosos pode ser um erro clínico com consequências importantes.”
Em alguns casos, ao invés do aumento térmico, ocorre a hipotermia — uma queda na temperatura corporal.
Sem aumento da temperatura
Entre as doenças mais comuns que podem evoluir sem febre em idosos estão as infecções do trato urinário, pneumonias, infecções de pele e partes moles (como celulites ou úlceras infectadas), infecções abdominais, como colecistite ou diverticulite, e a sepse. A geriatra explica que essas condições muitas vezes se manifestam com sinais inespecíficos como confusão mental, apatia ou piora da funcionalidade, podendo até gerar quedas.
Sinais de alerta para familiares e cuidadores
É essencial que familiares e cuidadores estejam atentos a sintomas que vão além da febre. "Mudanças comportamentais ou funcionais, como alteração súbita no nível de consciência, perda de apetite, diminuição da ingestão de líquidos, sonolência excessiva, agitação, quedas sem causa aparente e mudanças no padrão urinário, devem ser valorizadas.”
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Impactos no diagnóstico e prognóstico
A ausência da elevação térmica em um idoso com infecção pode afetar de maneira significativa o tempo de diagnóstico e o prognóstico. "Isso pode resultar em pior evolução clínica, maior tempo de hospitalização e aumento do risco de mortalidade", afirma a especialista, ressaltando a importância de uma avaliação geriátrica ampla e constante.
Mudanças na temperatura basal dos idosos
Outro ponto importante, de acordo com a médica, é que a temperatura basal dos idosos costuma ser mais baixa do que a de adultos mais jovens. Por isso, pequenas variações já merecem atenção. "Uma elevação de apenas 1,1ºC em relação à temperatura habitual do idoso pode indicar um processo infeccioso. Portanto, monitorar alterações individuais é mais eficaz do que adotar apenas o critério padrão de 37,8ºC. “Ficar atento a esses detalhes é fundamental para proteger a saúde dos idosos, garantindo diagnósticos mais precoces e tratamentos mais eficazes, contribuindo para uma melhor qualidade de vida”.
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