1 a cada 7 crianças está com excesso de peso no Brasil, diz pesquisa
Além da má alimentação, especialista aponta outros fatores que contribuem para a obesidade infantil, como o sedentarismo, a genética e questões emocionais
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Siga noA obesidade infantil tem se tornado uma preocupação crescente em todo o mundo, afetando milhões de crianças e adolescentes. O estilo de vida moderno, com o fácil acesso a alimentos ultraprocessados e a redução da atividade física, tem contribuído para o aumento alarmante dos índices de sobrepeso e obesidade entre os mais jovens.
No Brasil, segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), em 2023, 14,2% das crianças com menos de cinco anos tinham excesso de peso ou obesidade. Diante desse cenário, o Governo Federal anunciou, em fevereiro deste ano, a redução do limite de alimentos processados e ultraprocessados nas escolas públicas para 15%, com previsão de nova redução para 10% até 2026. O anúncio foi feito durante o 6º Encontro Nacional do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), realizado em Brasília, e faz parte da construção de uma Política Brasileira de Alimentação Escolar.
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Para Afonso José Sallet, cirurgião do Aparelho Digestivo e especialista no tratamento da obesidade e doenças metabólicas do Instituto Sallet, a alimentação oferecida às crianças em idade escolar, tanto na rede pública quanto na privada, é um dos principais fatores que contribuem para a baixa qualidade nutricional. “Basta observar as lancheiras e cantinas escolares: muitos alimentos escolhidos são doces, refrigerantes, salgadinhos e ultraprocessados. Como são de fácil acesso e financeiramente mais viáveis, acabam sendo a principal escolha na hora de comprar o lanche”, explica o especialista.
No último dia 4 de março, foi celebrado o Dia Mundial da Obesidade, uma data voltada para a conscientização sobre essa doença, que afeta pessoas de todas as idades e classes sociais. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade e a Organização Mundial da Saúde (OMS), se nada for feito, o Brasil poderá ocupar, até 2030, a 5ª posição no ranking de países com o maior número de crianças e adolescentes obesos - e as chances de reverter essa situação são de apenas 2%.
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Os números são preocupantes: no Brasil, 14,3% das crianças de dois a quatro anos têm excesso de peso. Desse total, 227,6 mil já apresentam obesidade, enquanto 273,3 mil estão com sobrepeso. Entre crianças de cinco a nove anos, os índices são ainda mais elevados: 29,3% estão acima do peso, sendo 200 mil com obesidade grave, 352,8 mil com obesidade e 670,9 mil com sobrepeso.
Além da má alimentação, Afonso Sallet aponta outros fatores que contribuem para a obesidade infantil, como o sedentarismo, a genética e questões emocionais. “O uso excessivo de dispositivos tecnológicos, como tablets, smartphones e videogames, tem reduzido significativamente a prática de atividades físicas e brincadeiras ao ar livre."
Além disso, outros fatores influenciam:
- Fatores genéticos: algumas crianças têm maior predisposição a ganhar peso devido ao histórico familiar de obesidade
- Ambiente familiar e social: também é determinante, pois crianças que crescem em lares com hábitos alimentares inadequados e pouca atividade física têm mais chances de desenvolver obesidade
- Questões emocionais: a depressão, ansiedade e bullying, podem levar ao consumo excessivo de alimentos como forma de lidar com sentimentos negativos, agravando o problema
É fundamental ressaltar que a obesidade infantil não compromete apenas a saúde física, mas também afeta o bem-estar emocional e social, aumentando o risco de doenças crônicas na vida adulta, como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares. “O combate à obesidade infantil exige uma abordagem integrada, que envolva o apoio dos pais e educadores, além de políticas públicas e iniciativas sociais eficazes.”