Hidrocefalia: quando o acúmulo de líquido no cérebro se torna uma ameaça
Condição pode estar presente desde o nascimento, associada a malformações do sistema nervoso, ou ser adquirida ao longo da vida
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Siga noImagine um sistema de drenagem que, de repente, para de funcionar corretamente, fazendo com que a água se acumule além do normal. Algo semelhante acontece no cérebro quando há um bloqueio ou um desequilíbrio na produção e absorção do líquido cefalorraquidiano (LCR), levando a um quadro de hidrocefalia. Essa condição pode afetar pessoas de todas as idades, desde recém-nascidos até idosos, e exige diagnóstico e tratamento adequados para evitar danos neurológicos graves.
Segundo o médico neurocirurgião, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Felipe Mendes, as suas principais causas incluem malformações congênitas, hemorragias, infecções como meningite, tumores obstrutivos e traumatismos cranianos.
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“A condição pode ser classificada em dois tipos principais: a hidrocefalia congênita, presente desde o nascimento e geralmente associada a malformações do sistema nervoso, como a estenose do aqueduto de Sylvius, e a adquirida, que surge ao longo da vida devido a fatores como infecções, traumas ou tumores cerebrais.”
O especialista explica que um subtipo específico é a hidrocefalia de pressão normal (HPN), mais comum em idosos, que se caracteriza por um quadro de alteração da marcha, incontinência urinária e demência, podendo ser confundida com doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.
Os sintomas da hidrocefalia, de acordo com Felipe, diferem de acordo com a faixa etária. “Em recém-nascidos, os sinais mais comuns incluem aumento do perímetro cefálico, abaulamento da fontanela, irritabilidade, dificuldades na alimentação e atraso no desenvolvimento. Em crianças maiores, podem surgir cefaleia progressiva, vômitos, dificuldades cognitivas, distúrbios visuais e alterações na marcha. Em adultos e idosos, os sintomas incluem cefaleia, náuseas, sonolência, déficits cognitivos e dificuldades na locomoção.”
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da hidrocefalia é realizado por meio da avaliação clínica e exames de imagem, como ultrassonografia transfontanelar em bebês, tomografia computadorizada e ressonância magnética, que permitem identificar a dilatação ventricular e suas causas.
Já o tratamento, conforme conta o neurocirurgião, envolve procedimentos cirúrgicos para drenar o excesso de LCR. O método mais utilizado é a derivação ventrículo-peritoneal (DVP), que consiste na inserção de um cateter para direcionar o líquido para a cavidade peritoneal, onde será reabsorvido. Entretanto, esse procedimento pode apresentar complicações, como infecções e obstrução do cateter.
“Uma alternativa minimamente invasiva é a ventriculostomia endoscópica do terceiro ventrículo (VET), indicada para alguns casos de hidrocefalia obstrutiva. Esse procedimento cria uma comunicação direta para o escoamento do LCR sem a necessidade de implantar uma válvula.”
Prevenção
A prevenção da hidrocefalia depende de sua causa. O profissional cita algumas medidas, que incluem acompanhamento pré-natal para identificar malformações, controle rigoroso de infecções neurológicas, prevenção de traumatismos cranianos e tratamento adequado de hemorragias intracranianas.
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“O acompanhamento médico especializado é essencial para um prognóstico favorável. Com tratamento adequado, muitos pacientes conseguem levar uma vida normal. No entanto, alguns podem apresentar sequelas neurológicas e necessitam de acompanhamento médico constante e reabilitação”, indica.
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