
Febre Oropouche: 10 dúvidas frequentes sobre a doença que cresce no Brasil
Também originada da picada de mosquito, doença tem sintomas confundidos com os da dengue, destaca infectologista
Mais lidas
compartilhe
Siga noO número de casos confirmados de febre Oropouche tem aumentado no Brasil. Apenas em 2024, o país já registrou mais de 6,6 mil casos, com a maioria concentrada no Amazonas e em Rondônia. Contudo, notificações também foram reportadas em todas as outras regiões do país, segundo o Ministério da Saúde, o que acende um alerta.
Assim como a dengue, a doença é causada por um arbovírus e transmitida através da picada de mosquitos infectados. No entanto, o principal vetor nesse caso é o mosquito Culicoides paraenses, popularmente conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Outras espécies, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também são capazes de disseminar a doença.
17/07/2024 - 11:20 Mortalidade materna de mulheres pretas é o dobro de brancas e pardas, diz estudo 17/07/2024 - 14:00 Férias de julho: mês ideal para introduzir frutas na dieta das crianças 17/07/2024 - 15:00 Idosos e mulheres estão entre os que mais sofrem com dores crônicas
Por ser um quadro que ainda não é amplamente conhecido pela população e com sintomas semelhantes aos da dengue e da chikungunya, sua identificação ainda causa bastante confusão.
A infectologista do Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM), Rebecca Saad, responde às principais dúvidas sobre o tema.
Quais são os sintomas da febre Oropouche?
A doença é aguda, ou seja, aparece de repente, com sintomas que incluem febre alta, dor de cabeça forte, dores musculares, nas articulações e nas costas. A doença pode ter sinais sugestivos de meningite, que, além desses indícios, também ocasiona fotofobia, sinais de irritação meníngea, náuseas e vômitos.
Leia: Febre oropouche vinha sendo diagnosticada como chikungunya em Minas
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico envolve a detecção do material genético do vírus, através de um teste chamado PCR em tempo real. Também pode ser feito o isolamento do vírus em culturas celulares e a identificação de anticorpos específicos no sangue do paciente usando técnicas de laboratório, como o teste ELISA e a inibição da hemaglutinação.
Como posso diferenciar a febre Oropouche da dengue?
Os sintomas dessas duas infecções virais são muito semelhantes, portanto, a maneira mais eficaz de distingui-las é através do diagnóstico por exames laboratoriais.
É verdade que o vírus dessa doença é transmitido para o mosquito pelo bicho-preguiça?
No ciclo natural da doença, os principais hospedeiros são primatas e bicho-preguiças, sim. Já no ambiente urbano, o ser humano se torna o principal alvo do vírus. Portanto, se o mosquito picar um desses hospedeiros contaminados, ele passará a carregar o vírus consigo e poderá transmiti-lo.
Então a doença não é transmitida de pessoa para pessoa? Apenas pela picada?
Isso. Não existem indícios de casos de transmissão de pessoa para pessoa.
Qual o tempo estimado da febre Oropouche no organismo?
Os sintomas da doença, geralmente, se manifestam por cinco a sete dias, mas a recuperação total do paciente pode levar várias semanas. De modo geral, a maior parte dos pacientes se recupera em uma a duas semanas.
Existe tratamento?
Na verdade, o tratamento para a febre Oropouche é voltado para o alívio dos sintomas e prevenção de complicações, já que não existe uma terapia antiviral específica aprovada para combater o vírus. Em casos mais graves ou com complicações, pode ser necessário internar o paciente para um acompanhamento mais rigoroso.
Leia: Febre Oropouche: PBH orienta equipes médicas sobre principais sintomas
A abordagem terapêutica deve ser cautelosa para evitar o uso de medicamentos que possam piorar a condição do paciente. Por exemplo, em situações em que há também suspeita de dengue, os fármacos salicilatos devem ser evitados devido ao risco de sangramento e síndrome de Reye, doença rara e grave que afeta todos os órgãos do corpo, sendo mais prejudicial ao cérebro e ao fígado.
Por que os números de casos estão aumentando no Brasil?
Há vários fatores, mas alguns deles são a capacidade de os mosquitos transmissores de se adaptarem a diferentes habitats, as mudanças no meio ambiente, o desmatamento e a movimentação das pessoas. Esses elementos contribuem para que o vírus se espalhe geograficamente.
Já existe uma vacina para proteção contra a febre Oropouche no país?
Atualmente, não há uma vacina disponível. A falta de imunidade específica em populações que nunca foram expostas ao vírus e a ausência de vacinas ou tratamentos antivirais específicos também aumentam o risco de surtos e epidemias. Isso representa um desafio para os esforços de controle e prevenção da doença.
Como podemos prevenir a febre Oropouche?
Para prevenir a transmissão desse vírus, é necessário um esforço conjunto. Isso envolve o controle dos mosquitos transmissores e a adoção de medidas de proteção individual.
Primeiramente, é crucial eliminar locais onde os mosquitos possam se reproduzir, lembrando que eles são atraídos por água parada. Além disso, o uso de inseticidas e larvicidas pode ser bastante eficaz. A instalação de barreiras físicas, como telas e mosquiteiros em casa, também é uma estratégia útil. Por fim, não podemos esquecer do uso de repelentes no dia a dia e de roupas que minimizem a exposição da pele.