A ida a um ginecologista pode fornecer orientações e esclarecimentos  -  (crédito: freepik)

A ida a um ginecologista pode fornecer orientações e esclarecimentos

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A ida ao profissional ginecológico ainda é encarada como um tabu por muitas famílias. A maioria não percebe a importância dos cuidados íntimos nas primeiras fases da vida.

Dados de 2021 da pesquisa "Por ser menina", feita pela ONG Plan International Brasil, com jovens de 14 a 19 anos, mostram que duas em cada três adolescentes (66% delas) nunca foram ao ginecologista. Ainda, entre as meninas que já tiveram a primeira menstruação, 70% nunca passaram no especialista.

“Existem inúmeros motivos para levá-la ao ginecologista. Ela precisa de um vínculo com um outro médico que não seja o pediatra, e, nesta consulta, ela vai receber orientações sobre as mudanças do corpo, menstruação, higiene íntima, sexualidade, além de ter um médico para confiar e desenvolver uma ótima saúde”, afirma Helena Belique, ginecologista da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR).


A responsabilidade do profissional é guiar as mulheres em todas as etapas de suas vidas, desde a menarca até além da menopausa. Cabe a ele realizar diagnósticos precoces de condições como câncer cervical, câncer de mama, endometriose e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Neste cenário, Helena Belique menciona cinco motivos pelos quais jovens adolescentes devem consultar um especialista ginecológico:

1 - Acompanhar os ciclos menstruais

Os ciclos menstruais das adolescentes são nos primeiros três anos muito imprevisíveis, podem ocorrer de forma regular como podem ser totalmente irregulares, desde que essas irregularidades não acarretem em problemas como anemia, por exemplo.

É fundamental para as jovens compreenderem e monitorarem seus ciclos menstruais desde o início, para identificar qualquer ponto que possa indicar problemas na saúde.

2 - Mudanças corporais

É considerado um desenvolvimento da puberdade normal quando o surgimento das mudanças se iniciam após os oito anos, inicialmente com o aparecimento de botão mamário, seguido de pelos, um aumento do crescimento em altura, uma nova distribuição da gordura do corpo e finalizam com a primeira menstruação. O aparecimento das mudanças corporais deve estar presente até os 14 anos e a menstruação até os 16 anos.

A ida a um ginecologista pode fornecer orientações e esclarecimentos sobre essas transformações e ajudar a garantir a normalidade e uma transição saudável para a vida adulta.

3 - Detectar endometriose

A endometriose é uma doença ligada à menstruação e pode ter seu desenvolvimento assim que a menina começar a menstruar. Os sintomas variam de leves a graves e podem incluir dor pélvica crônica, dor durante a menstruação, dor durante as relações sexuais, sangramento irregular, fadiga e problemas gastrointestinais.

Consultar um ginecologista permite o diagnóstico precoce e o gerenciamento eficaz dessa condição, que afeta um em cada 10 mulheres no Brasil, de acordo com dados de 2022 do Ministério da Saúde.

4 - Prevenção de IST’s

A adolescência é a fase da iniciação sexual e é comum que a paciente não tenha um parceiro único, mas vários. Isso a deixa suscetível à aquisição de IST’s, como sífilis, HIV, herpes e hepatites.

Por isso, é importante sempre reforçar a necessidade do uso da camisinha, que até o momento é o melhor método para se evitar a transmissão dessas doenças, assim como a vacina contra o HPV, causador de verrugas genitais, podendo levar ao câncer do colo do útero.

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A vacina deve ser dada a todas as meninas e meninos na infância/adolescência. De acordo com o Programa Nacional de Imunizações, o esquema compreende duas doses, com intervalo de seis (seis) meses entre as doses, de 9 a 14 anos de idade (14 anos, 11 meses e 29 dias) para meninas e meninos.

5 - Prevenção de gravidez

Um ginecologista está bem informado sobre uma variedade de métodos contraceptivos disponíveis e pode orientar as adolescentes sobre as opções adequadas para elas. Ele explica como cada método funciona, sua eficácia, benefícios e possíveis efeitos colaterais.

“A contracepção pode e deve ser iniciada tão logo a adolescente iniciar a vida sexual. A escolha do método contraceptivo deve ser feita em conjunto com a menina e não há necessidade de autorização de responsável, desde que não haja suspeita de violência sexual ou risco de vida para a mesma”, orienta Helena.