Os médicos são enfáticos ao não recomendar todas as

Os médicos são enfáticos ao não recomendar todas as "receitinhas da vovó", aprendidas no passado, e aplicadas agora em busca de uma solução rápida para um problema de saúde

crédito: Kerry Wilson/Pixabay

 

Gargarejo com vinagre, lenço umedecido com álcool no pescoço, dente de alho nas narinas, inalar pedra de cânfora... Médico do Hospital Paulista destaca soluções caseiras que, além de pouco eficazes, podem agravar quadros de irritação das vias aéreas.

O tempo passa, a medicina evolui e, em meio a esse processo, é natural que muita coisa que a gente fazia no passado, para tratar da saúde, hoje seja considerada ineficaz ou até mesmo prejudicial. Os estudos científicos, aliás, servem justamente para isso. Ou seja, avaliar a eficácia dos tratamentos que temos à disposição, sempre em busca de elevar o grau de curabilidade e minimizar possíveis efeitos colaterais.

Por essa razão que os médicos são tão enfáticos ao não recomendar todas as “receitinhas da vovó”, aprendidas no passado, que, muitas vezes, ficamos tentados de fazer em casa, em busca de uma solução rápida – principalmente quando se trata de tosse, dor de garganta e sinusite.

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Algumas, além de inúteis, podem ser perigosas e agravar o quadro de saúde, alerta o médico otorrinolaringologista Gilberto Ulson Pizarro, do Hospital Paulista, referência em saúde de ouvido, nariz e garganta.

Pedra de cânfora

Dos piores exemplos, o otorrinolaringologista Gilberto Ulson Pizarro destaca a inalação de pedra de cânfora, algo que no passado era bastante usual para aliviar incômodos respiratórios, mas hoje é altamente vedado pela comunidade médica.

"A pedra de cânfora é nociva por exposição aguda e apresenta risco para a saúde, seja quando inalada, assim como se for ingerida ou mesmo em contato com a pele. O uso desse produto para aliviar a irritação das vias respiratórias, na verdade, traz um efeito totalmente reverso. A cânfora agrava a irritação, além de ensejar tosse, dispneia e edema pulmonar, porque causa um processo inflamatório de toda a região.”

Alho nas narinas

Outra receitinha conhecida, mas hoje nada recomendável, é colocar um pequeno dente de alho nas narinas para aliviar os sintomas de sinusite. "Não há nenhuma evidência científica que justifique o uso de alho nasal. A secreção nasal tem uma consistência específica e qualquer substância que não tenha essa mesma osmolaridade pode causar lesões à mucosa e, consequentemente, piorar sinusites e rinites", destaca Pizarro.

O médico acrescenta que a mesma recomendação vale para a buchinha-do-norte, assim como para o grão de café, água de cheiro e álcool – itens que também costumam compor as receitas caseiras para aliviar a sinusite e devem ser riscadas do caderninho.

Lenço umedecido em álcool

Outro clássico do passado, o uso de lenço umedecido em álcool, envolto ao pescoço, para aquecer a garganta e minimizar a tosse, é outro recurso que há muito tempo deixou de ser recomendado pelos médicos. "O lenço umedecido com álcool na garganta, na verdade, era utilizado para baixar febre e não para tosse, como muitos imaginam até hoje. Mesmo assim, a eficiência para baixar febre é bastante reduzida. Por isso, não é utilizado", esclarece otorrinolaringologista.

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Gargarejo com vinagre

Receita também popular e que, por muito tempo, foi largamente utilizada para combater as infecções de garganta, o gargarejo com vinagre já ganhou substitutos muito mais eficientes, segundo Pizarro. "O gargarejo com vinagre foi utilizado como antisséptico no passado, porém, hoje, sabe-se que sua eficiência para matar as bactérias atuais é mínima. O vinagre pode alterar a acidez da boca, diminuindo a defesa natural e aumentando a acidez local, o que pode provocar um efeito reverso. Por isso, hoje, não se utiliza mais o vinagre dessa forma", avisa o médico.