Muitos acidentes ocorrem porque as pessoas mergulham sem saber a real profundidade de onde estão nadando -  (crédito: Freepik)

Muitos acidentes ocorrem porque as pessoas mergulham sem saber a real profundidade de onde estão nadando

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Férias e calor são uma combinação perfeita para quem gosta de rio, cachoeiras e piscinas. Mas o mergulho nessas águas, muitas vezes desconhecidas, junto à falta de consciência sobre riscos, contribui significativamente para o aumento de acidentes, que fazem com que a atividade seja a quarta maior causa de lesão medular no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e Sociedade Brasileira de Coluna.

A faixa etária mais atingida é entre 10 e 30 anos e muitos acidentes ocorrem porque as pessoas mergulham sem saber a real profundidade de onde estão nadando. Regiões que parecem profundas podem ser rasas ou conter pedras.

De acordo com o neurocirurgião, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Felipe Mendes, em alguns casos, a água turva ou a falta de iluminação adequada podem impedir que a pessoa consiga ver toda a extensão do nível de água, aumentando o risco de colidir com o solo (fundo) ou com objetos submersos.

“Outros fatores também podem contribuir para isso, como o fato de serem locais desconhecidos e inexplorados nos quais algumas pessoas se sentem mais inclinadas a assumir riscos ou agir impulsivamente, mergulhando de cabeça sem avaliar os reais perigos, por exemplo.”

O uso de álcool ou de substâncias psicoativas, segundo Felipe, também pode contribuir para esses incidentes, já que prejudica o julgamento e a coordenação, levando a decisões arriscadas, como se aventurar em locais inapropriados.

“Soma-se a isso a falta de sinalização de perigo sobre a profundidade da água ou outros riscos que contribuem para acidentes, bem como o excesso de confiança daqueles que são bons nadadores e têm experiência em esportes aquáticos, que podem subestimar os riscos, levando a decisões perigosas.”

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O neurocirurgião coloca na lista também a pressão de grupos ou criação de desafios, especialmente entre jovens, na tentativa de impressionar os seus pares, levam a comportamentos de risco, principalmente quando não há supervisão adequada envolvendo crianças ou adolescentes, resultando em decisões imprudentes.

Principais traumas

De acordo com o médico ortopedista especializado em coluna e diretor do Núcleo de Ortopedia e Traumatologia de Belo Horizonte (NOT), Daniel Oliveira, entre as principais lesões estão o traumatismo da coluna vertebral.

“O impacto da cabeça ou do corpo com o fundo do mar ou da piscina pode causar fraturas ou deslocamentos das vértebras, resultando em lesões na medula espinhal, levando, por exemplo, à paralisia permanente ou, em casos extremos, à morte", alerta.

Além das lesões vertebrais, Daniel ressalta que o mergulho em águas rasas pode causar concussões e outras lesões na cabeça e no pescoço devido ao impacto direto, bem como gerar fraturas ósseas e contusões em diversas partes do corpo.

Prevenção e dicas de segurança

O ortopedista avalia como importante, antes de mergulhar, averiguar a profundidade da água. “É fundamental nunca pular em águas que o indivíduo não conheça bem. Vale respeitar as sinalizações e avisos nas áreas de banho, pois eles estão lá para a segurança dos usuários, assim como procurar supervisão adequada.”

Já neurocirurgião e cirurgião da coluna menciona a conscientização como sendo fundamental. “E isso deve ser iniciado o mais cedo possível, educando desde a infância sobre os perigos do mergulho em águas rasas, já que esse grupo é particularmente vulnerável a esses tipos de acidentes, devido à falta de percepção de risco. Com cautela e cuidado, é possível praticar essas atividades aquáticas de maneira segura e evitar acidentes graves. A prevenção é sempre a melhor abordagem.”

Em locais potencialmente perigosos ou onde há um alto índice de acidentes, Felipe recomenda que órgãos públicos estabeleçam políticas educativas informativas e de fiscalização.