Pela lei, uma pessoa se torna adulta ao completar 18 anos. No entanto, ser adulto também está ligado a questões emocionais, intelectuais e sociais -  (crédito: zinkevych/Freepik)

Pela lei, uma pessoa se torna adulta ao completar 18 anos. No entanto, ser adulto também está ligado a questões emocionais, intelectuais e sociais

crédito: zinkevych/Freepik

Pela lei, uma pessoa se torna adulta ao completar 18 anos. Biologicamente é o indivíduo que chegou ao ápice do seu crescimento e funções biológicas. No entanto, ser adulto também está ligado a questões emocionais, intelectuais e sociais. Por isso, muitas vezes, jovens não se sentem efetivamente adultos. Um estudo australiano de 2018, publicado na revista científica Lancet Child & Adolescent Health, afirmou que a adolescência iria até os 24 anos. Hoje, 15/01, é o Dia do Adulto e a data lembra que amadurecer tem dificuldades e  alegrias. E crescer pode ou não doer. Há ônus e bônus.

Já um grupo de cientistas da área de neurologia da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, apontou em 2019 que as pessoas não se tornam completamente "adultas" até chegarem à casa dos 30 anos. No geral, pesquisadores avaliam que a sensação de sentido de uma vida adulta também está associada a aspectos culturais e sociais de cada geração. Enquanto é mais comum para a geração Z e os millennials maior tempo dedicado aos estudos, gerações anteriores tiveram que se deparar com o mercado de trabalho mais cedo. 

Nesse Dia do Adulto, a psicóloga Julia Penna, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, concorda com os resultados apontados pelos estudos sobre a saída tardia dessas gerações da casa dos pais: “Isso está ocorrendo pelo aumento de anos de estudo, inserções profissionais mais tardias e instáveis em um mercado de trabalho mais exigente, investimento na formação profissional prolongada e pela flexibilização de negociação nas relações familiares. Antigamente, os pais eram mais repressores e davam pouca liberdade para os filhos, o que fazia com que sair de casa fosse um ato de independência. Hoje, há uma negociação muito maior entre pais e os filhos adultos jovens, o que possibilita eles terem mais autonomia mesmo morando com os genitores”.

Amadurecimento


Contudo, a psicóloga ressalta que os jovens não precisam se alienar sobre uma eterna juventude mesmo morando com os pais. “Os filhos podem iniciar um processo de amadurecimento se ingressarem no mundo profissional, se responsabilizarem por tarefas em relação à casa e manterem relações consistentes fora dela também. No entanto, este amadurecimento não será tão completo quanto quando ao sair de casa, ter independência financeira e se responsabilizar de forma plena por suas contas e vida. Este amadurecimento também ocorre em seu relacionamento amoroso quando a pessoa vai dividir a casa com outra, convivem mais intensamente precisam lidar com seus problemas e questões a sós”. 

Leia: Mãe ganha na Justiça direito de despejar filhos de casa: 'Parasitas'

É comum os mais experientes ressaltarem para os mais novos que crescer dói, devido as realidades que a vida adulta impõe, como contas a pagar, trabalho e montar uma família. Porém, Julia Penna destaca que reforçar só os pontos negativos de se tornar adulto não ajuda. “Pode prejudicar o jovem a sair de casa se ele vê a adultez só como negativa, especialmente nos tempos atuais, em que os jovens adultos têm muito mais liberdade na casa dos pais e sair representa muito mais ir em direção ao desconforto, de poder passar dificuldades e/ou por limites financeiros maiores, de ter mais obrigações e tarefas. Isto tudo pode fazer com que o jovem adie essa saída”.

Não é tão difícil


Contudo, a psicóloga afirma que é possível auxiliar os jovens adultos a enfrentar a vida como ela é. “Pode-se fazer isso ressaltando os pontos positivos da saída da casa dos pais, como ter autonomia ainda maior em como a sua própria casa é organizada, como as coisas são feitas, ao que se tem, em relação às atividades que se deseja fazer. Falando sobre como ter seu próprio lugar traz mais liberdade e um maior desenvolvimento pessoal”, diz. 

Leia: Abandono afetivo inverso: filhos são obrigados a cuidar dos pais?

Julia Penna ainda salienta que ser adulto não é tão difícil como muitos imaginam. “Ser adulto tem ônus e bônus, como tudo na vida. Tem muito mais responsabilidades, exigências e desafios. O que pode também trazer mais preocupações, mas também tem a parte muito boa de trazer mais autonomia, independência, um grau muito maior de poder de escolha sobre a própria vida, amadurecimento, desenvolvimento e evolução pessoal”, ressalta.