Entre tantas datas celebradas neste mês, comemora-se também o tratamento homeopático. Novembro foi escolhido por ter sido no dia 21 deste mês, que a homeopatia chegou ao Brasil oficialmente por meio do médico francês Benoit Mure, no século 19. Embora a homeopatia seja uma especialidade médica e tenha a matriz de competências da residência médica aprovada pela Conselho Nacional de Residência Médica (CNRM), muitos ainda desconhecem seus benefícios e o risco do consumo irresponsável de medicamentos homeopáticos.


Desde 2006, o tratamento alternativo faz parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde, sendo oferecida gratuitamente em unidades da rede pública. Segundo o Ministério da Saúde, o valor anual investido no Sustema Único de Saúde (SUS) com todas as Práticas Integrativas Complementares chega próximo ao patamar de R$3 milhões, o que corresponde a 0,008% das despesas com todos os procedimentos ambulatoriais e hospitalares.


COMO FUNCIONA


Se antes a homeopatia era tida como uma alternativa à alopatia, hoje ela é vista como uma prática complementar à medicina convencional. Ao contrário da alopatia, o tratamento homeopático tem como foco o paciente e a história da doença, estimulando o organismo a processar a auto cura, utilizando medicamentos preparados e diluídos para diminuir os efeitos colaterais. Por isso pode causar grandes danos à saúde ou a morte.



A implementação da homeopatia no SUS representa a construção de um modelo de atenção centrado na saúde, uma vez que:

  • Recoloca o sujeito no centro do paradigma da atenção, compreendendo-o nas dimensões física, psicológica, social e cultural. Desta forma, essa concepção contribui para o fortalecimento da integralidade da atenção à saúde
  • Atua em diversas situações clínicas do adoecimento como, por exemplo, nas doenças crônicas não-transmissíveis, nas doenças respiratórias e alérgicas, nos transtornos psicossomáticos, reduzindo a demanda por intervenções hospitalares e emergenciais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos usuários
  • Contribui para o uso racional de medicamentos, podendo reduzir a fármaco dependência


De acordo com o presidente da Associação Médica Homeopática de Minas Gerais (AMHMG), João Márcio Berto, o movimento Novembro Verde tem, entre seus objetivos, esclarecer sobre tratamento homeopático e divulgar a especialidade.

O especialista explica que a homeopatia é uma especialidade eminentemente clínica, generalista, que visa tratar o indivíduo de forma integral seguindo a lei dos semelhantes, resgatando um dos princípios hipocráticos ‘similia similibus curentur’ ou semelhante cura semelhante. Outro pilar é a experimentação dos medicamentos no ‘homem são’.

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Segundo Berto, para se considerar um remédio como homeopático é preciso seguir um protocolo de experimentação rigoroso em voluntários. “A matéria médica dos medicamentos homeopáticos é extensa, e seus efeitos comprovados nas experimentações e depois na própria clínica. Hoje, ela é usada isoladamente ou em associação com a alopatia, pois elas se complementam, com enfoques diferentes. A homeopatia visa, sobretudo, o tratamento da pessoa que adoece, e não a doença em si. Ela não é centrada no indivíduo e atua em todos os níveis de prevenção da saúde – primária, secundária, terciária e quaternária, sendo muito útil no SUS”.


A homeopatia está presente em pelo menos dez universidades públicas, em atividades de ensino, pesquisa e assistência, e conta com inúmeros cursos de formação de especialistas em homeopatia em 12 unidades da federação, nos campos médico, farmacêutico, odontológico, médico veterinário e da agronomia. Possui ainda cursos de residência médica aprovados pela Comissão Nacional de Residência Médica em alguns hospitais universitários do país.

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