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Saída de dólares em duas semanas é quase igual ao valor acumulado em onze meses

Movimento no mercado de câmbio mostra saldo negativo de US$ 6,8 bi em 13 dias de dezembro, frente a um resultado positivo de US$ 8,4 bi de janeiro a novembro

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O estresse vivido no mercado financeiro apenas nos treze primeiros dias de dezembro resultou numa saída líquida de US$ 6,8 bilhões no mercado de câmbio. Esse valor corresponde a mais de 80% do resultado positivo que o país havia acumulado em 11 meses, de janeiro a novembro: US$ 8,4 bilhões. Os dados do Banco Central contabilizam as entradas e saídas de moeda estrangeira no Brasil em função de exportações, importações e todas as transações financeiras, como resgate de investimentos financeiros e remessa para outros países e ingresso de investimentos no setor produtivo feitos por estrangeiros. E esse entra e sai define o valor da taxa de câmbio. Nesta quarta-feira, 18, a cotação do dólar bateu novo recorde: US$ 6,26.

Tradicionalmente, no mês de dezembro há uma pressão no mercado cambial em função do pagamento de dividendos. Empresas instaladas aqui, mas com sede em outros países, por exemplo, remetem dinheiro para as matrizes. Como 2024 foi um ano positivo, os analistas estimam que esse movimento vem reforçando as incertezas diante do atraso na aprovação das medidas de controle de gastos no Congresso e dos sinais contraditórios dentro do governo e ajudando na alta do dólar.

Menor ritmo de queda dos juros nos EUA
Nessa semana, especulava-se que grandes empresas, como a Petrobras, ainda não tinham comprado dólar para enviar ao exterior para pagamento de dividendos e, portanto, quando o fizerem, reforçarão a pressão ainda mais. Além disso, nesta quarta, o banco central dos Estados Unidos, o Fed, sinalizou que o corte nos juros esperados por lá ocorrerá num ritmo menor. Isso faz com que alguns investidores mantenham o dinheiro aplicado em títulos do tesouro norte-americano, tidos como “portos seguros”, em vez de investir em economias que são consideradas “mais arriscadas”.

É fato, também, que o momento político no Brasil vem dando sinais contraditórios e amplificando o estresse no mercado financeiro. Em períodos assim, o medo de quem precisa investir se soma à especulação de quem quer ganhar dinheiro com compra e venda de moeda estrangeira. Normalmente os investidores ficam tensos por causa da falta de parâmetro para avaliar as perspectivas futuras para a economia. Já os especuladores jogam com o temor alheio.

Nesta quarta, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse que há movimento especulativo no país e tentou focar na análise dos “fundamentos que estamos fazendo com o arcabouço fiscal para estabilizar isso (alta do dolar)”. O problema é que esses fundamentos também estão sendo questionados diante da incerteza em relação ao controle de gastos. O BC tenta coibir as especulações vendendo dólares no mercado e minimizando o estrago na taxa de câmbio. Já foram vendidos mais de US$ 7 bilhões em leilões de linhas com compromisso de recompra e mais cerca de US$ 6 bilhões em vendas à vista.

Afinal, a cotação do dólar nas alturas também atrapalha o trabalho da autoridade monetária de manter a inflação dentro da meta. A alta do dólar afeta preços de produtos, como os agrícolas, que são cotados internacionalmente, assim como os do setor de mineração e petróleo, resultando em inflação na veia. Trigo mais caro, por exemplo, faz o preço do pãozinho subir também.

A alta de juros de 1 ponto percentual feita pelo Banco Central há uma semana, tenta conter elevações dos preços. Mas o efeito ainda não se materializou no curto prazo, já que o foco das atenções está no Congresso Nacional. Analistas, economistas, investidores e empresários querem saber se as medidas do pacote fiscal, em tramitação na Câmara e no Senado, serão desidratadas ou, de fato, gerarão o ganho de R$ 70 bilhões estimado pela equipe econômica.

O ministro Haddad ampliou as conversas para tentar garantir a aprovação dos três projetos do pacote fiscal ainda em 2024, antes do recesso legislativo. Até lá, as incertezas seguem gerando estragos no câmbio.

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